Luís Castro surpreendeu em junho ao deixar o Botafogo para assumir a liderança do Al Nassr, na Arábia Saudita. No Brasil era líder confortável, mas do outro tinha a hipótese de treinar Cristiano Ronaldo. Em entrevista ao jornal Marca, o treinador português voltou a falar da saída do Brasil, referindo que sentiu que já pouco tinha a acrescentar e a equipa estava encaminhada parta ser campeã – o Botafogo ainda é líder, sim, mas o seu sucessor, Bruno Lage, já foi entretanto despedido – pelo que a aventura na Arábia lhe pareceu certa. «Há um grande entusiasmo aqui porque chegaram muitos grandes jogadores, como o Cristiano Ronaldo. Estamos a falar do jogador que tem mais seguidores nas redes sociais, por isso cada passo que Cristiano dá é seguido por milhões e milhões de pessoas e também pelos meios de comunicação. A liga tem muita visibilidade. Há bons jogadores, muitos adeptos nas bancadas, bons treinadores. E a imprensa, além disso, está muito dedicada e interessada. E vim pela ideia de trabalhar com Cristiano Ronaldo também», explica. Rigor, trabalho e disciplina Como é o dia a dia com Cristiano Ronaldo, pergunta-se. «É o maior exemplo de sucesso global em termos de rigor, trabalho e disciplina. Um exemplo para todos. Acham que precisa que eu lhe exija coisas? Não. Não há necessidade de exigir nada ao Cristiano, ele mesmo já faz isso. Ele dá rigor, disciplina, exigência máxima, quer sempre vencer, brilhar perante o mundo. Nunca será diferente com ele», conta. A conversa mantém-se em Ronaldo e no seu momento de forma aos 38 anos, com 21 golos em 20 jogos esta época; no ano civil leva 40. Para Luís Castro, tal justifica-se com o facto de o capitão da Seleção Nacional ser bom em várias áreas de ver o jogo. «Existem quatro dimensões de desempenho: tática, técnica, física e psicológica. O que é mais importante para mim é o psicológico. O mental. O jogador pode ser bom fisicamente... mas se não estiver mentalmente bem não se sentirá feliz, não detetará espaços, não verá o jogo e poderá não ver o mundo que existe dentro de um campo de futebol. O Cristiano está a passar por um momento muito feliz, um momento bom na carreira, que se está a divertir. Vou falar um pouco por ele peço desculpas antecipadamente. O Cristiano sabe que está a viver os últimos momentos da sua carreira, então nada melhor do que aproveitar. Nada melhor do que ser feliz... porque os últimos pensamentos nos últimos momentos de uma corrida são aqueles que muitas vezes ficam até o fim da vida. Ok, haverá a Bola de Ouro, ter sido o melhor do Mundo, ser o maior goleador da Liga dos Campeões, do Euro... Tudo isso ficará com ele para sempre, mas os últimos momentos ficam de uma maneira especial. Dá-me muito gosto ser treinador de um jogador que, apesar da idade, gosta de futebol, gosta de treinar, gosta dos companheiros... Ele é um modelo para eles», elogia.