Futebol Feminino Lembram-se de Helena Costa? Foi a primeira mulher convidada a treinar equipa masculina de futebol profissional

É portuguesa a primeira mulher a ser contratada para treinar uma equipa masculina profissional de futebol: chama-se Helena Costa e em 2014 foi convidada a assumir o comando do Clermont Foot, então na segunda divisão francesa.

Agora que tanto se falou, nos últimos dias, da britânica Hannah Dingley, de 39 anos, é bom lembrar a primeira mulher a ser convidada para treinar uma equipa masculina de futebol profissional, apesar da portuguesa Helena Costa ter estado apenas alguns dias no lugar de líder do Clermont Foot, tendo, pouco depois de chegar, apresentado a demissão por divergências com o então presidente do clube francês, Claude Michy.

É verdade que Hannah Dingley acaba de fazer história no futebol britânico, ao tornar-se na primeira mulher a treinar uma equipa masculina profissional em Inglaterra, o Forest Green Rovers, da quarta divisão.

A formação de Nailsworth , uma pequena cidade do interior de Inglaterra, com pouco mais de cinco mil habitantes, foi despromovida na época passada à League 2 (quarto escalão, abaixo da Premier League, Championship e League One), e o presidente do clube, Dale Vince, elogiou a treinadora. «Hannah foi uma escolha natural e encaixa-se perfeitamente nos valores do clube. Talvez seja revelador para o futebol masculino que, ao fazer esta nomeação com base no mérito, estejamos a abrir novos caminhos», reforçou o dirigente em relação a Hannah Dingley (tem licença profissional da UEFA), que antes treinou as equipas femininas do Nottingham Forest e Leceister. 

PAPÉIS QUE DEIXAM MARCA IMPORTANTE

Mas foi já em 2014 que o futebol profissional masculino viveu a inédita situação de ver a portuguesa Helena Costa a ser a primeira mulher convidada para treinar uma equipa já de algum nível, o Clermont Foot, então na segunda divisão francesa, e hoje na divisão principal, a que ascendeu em 2021.

Helena Costa tinha, então, 36 anos, e já comandara as seleções femininas do Qatar e do Irão e colaborado com o departamento de prospeção do Celtic de Glasgow.

Depois da demissão do Clermont Foot, Helena Costa regressou ao Celtic, já com funções de responsabilidade no departamento de scouting. Nessas funções, esteve na Escócia três épocas, até ingressar, para trabalhar na mesma área, no Eintracht de Frankfurt, onde permaneceu por mais de cinco temporadas, e tendo assumido, aliás, papel importante na construção do plantel principal do clube que viria a conquistar a Liga Europa em 2022.

«SOU TREINADORA, NÃO UMA JOGADA DE MARKETING»

Voltando a 2014, Helena Costa esteve, repete-se, poucos dias no cargo de treinadora do Clermont Foot, surpreendendo também com o pedido de demissão por divergências com o presidente, acusando-o de «total amadorismo» e «falta de respeito» por ter contratado vários jogadores sem a consultar. Helena Costa disse então: «Sou treinadora e não uma jogada de marketing».

Mas apesar da saída de Helena Costa, verdade é que o responsável do clube não desistiu de ver uma mulher no comando técnico da equipa, e decidiu então apostar nesse mesmo ano de 2014 numa ex-jogadora de futebol, a francesa Corinne Diacre (que recentemente acabou demitida do cargo de selecionadora feminina de França, cargo no qual esteve por cinco anos)

OUTRA MULHER AO LEME DO CLERMONT FOOT

Corinne Diacre, hoje com 48 anos, comandou a principal equipa masculina do Clermont Foot por quatro temporadas (entre 2014 e 2018), conseguindo como melhor resultado o 6.º lugar precisamente na última das épocas, em 2017/2018.

Foi, até hoje, verdadeiramente, a única mulher treinadora de uma equipa masculina a competir a um nível mais alto (segundo escalão francês) e única numa das duas principais divisões das grandes ligas europeias.

Na Alemanha, a pioneira foi, em 2019, Imke Wubbenhorst, antiga jogadora que chegou a ser internacional pelas sub-19 da seleção alemã — e integrou a equipa que se sagrou campeã da Europa da categoria em 2006.

Mas Imke Wubbenhorst treinou a equipa masculina do BV Cloppenburg da divisão regional norte do quinto escalão do futebol alemão, e hoje no quarto escalão. Imke representou o clube enquanto jogadora e dirigiu também a equipa feminina. Acabou eleita para substituir um homem, Olaf Blanke, no comando da equipa masculina.

Em 2021/22, Imke Wubbenhorst ainda foi treinadora-adjunta na equipa masculina do FC Viktoria Koln, da terceira divisão alemã.

Está agora à frente da equipa feminina do Young Boys, da Suíça, que terminou no 5.º lugar o último campeonato.