Leiria. Por estes dias, a referida capital de distrito é o centro do futebol. Afinal, é na cidade do Lis que volta a decorrer a final four da Taça da Liga, sendo a quinta época consecutiva que a competição se realiza sob a supervisão do emblemático castelo do território leiriense. O centro das atenções será, naturalmente, o Estádio Dr. Magalhães, que até ao próximo sábado será palco de três grandes clássicos do futebol português, mas a verdade é que o pontapé de saída da prova já foi dado. Desloquemo-nos cerca de 10 minutos do anfiteatro leiriense até à localidade de Telheiro. O percurso é rápido e feito em bom caminho. O motivo da viagem? Assistir ao Sporting-FC Porto e ao Benfica-SC Braga. Não literalmente, como é evidente, mas no sentido metafórico. Calma, caro leitor. Os jogos vão mesmo ser no Magalhães Pessoa. Mas no Telheiro já rola a bola e com Sporting, FC Porto, Benfica e SC Braga juntos… num relvado especial: o Museu Luís Paiva 8 (MLP 8). O espaço, percebe-se, é propriedade de Luís Paiva, um gestor comercial que durante mais de 20 anos foi jogador de futebol, ainda que sempre na condição de amador – os amigos mais próximos garantem que o antigo número 8 (daí o nome do Museu…) tinha uma qualidade superlativa, mas privilegiou sempre a vida familiar e profissional em detrimento de qualquer sonho no mundo da bola. No referido local, um anexo da moradia da família e que foi devidamente edificado para o efeito, encontra-se um refúgio absolutamente sagrado para os amantes do futebol… e não só. Porque há sempre espaço para todos os adereços dos mais variados desportos. Mas se falarmos só das camisolas que ali estão religiosamente expostas e das mais variadas formas - todas elas com um tratamento absolutamente exemplar -, estamos na presença de cerca de um milhar de jerseys de jogadores, clubes e seleções de todo o mundo. E todas oficiais. E a grande maioria autografada pelos craques que, direta ou indiretamente, fizeram a oferta ao MLP 8. Sim, caro leitor, porque já foram muitos os jogadores que fizeram questão de visitar o espaço e assinar o respetivo livro de honra. Com direito, claro está, à fotografia da praxe. Que fica sempre devidamente registada em quadro. E as bolas? E as luvas de guarda-redes? E as chuteiras? E as camisolas de árbitros e de outros agentes desportivos? E os apitos? Esqueça tudo o que está a pensar: no MLP 8 há de tudo um pouco. Um regalo para os olhos. Todos os minutos passados dentro do espaço são eternos. E quem de lá sai já leva consigo a vontade de lá voltar. Por isso é que muitos dos visitantes, sejam eles craques da bola ou meros anónimos, voltam mesmo. É caso para dizer que cada ida ao Museu vale… o preço do bilhete – que não existe, naturalmente, uma vez que Luís Paiva faz questão de abrir as portas a todos quantos pretendam deleitar-se com o seu filho mais novo. «Tudo começou numa mera brincadeira, há cerca de 10 anos, mas com o passar do tempo e, essencialmente, com a ajuda de vários amigos ligados ao mundo do futebol, desde jogadores, dirigentes, jornalistas, entre outros agentes desportivos, foi possível começar a construir algo de muito concreto e que hoje, uma década depois, já tem uma imponência que, humildemente, muito orgulho de apresentar. O MLP 8 continuará sempre a ser um espaço de todos e para todos e que tem sempre um cantinho preparado para receber mais uma camisola ou qualquer outro adereço que nos queiram ofertar. A porta está aberta e a ideia passa por continuar a desenvolver ideias e projetos que nos permitam escrever ainda mais páginas desta bonita história», confessa Luís Paiva a A BOLA. Mergulhámos neste mundo maravilhoso e deparámo-nos com um desafio preparado pelo responsável do MLP 8: a antevisão da Taça da Liga que se aproxima. Luís Paiva pegou nas camisolas de Sporting, FC Porto, Benfica e SC Braga e pousou para a fotografia. Sem paixões ou clubismos, apenas com total respeito pelos quatro contendores. E os quatro emblemas têm direito a jerseys mais recentes e outros mais antigos. Porque a história é mesmo isso: recordar tempos idos. Do passado vivem os museus, diz-se na gíria popular, mas o MLP 8 tem sempre o futuro no horizonte. Respeitando, claro está, o passado. Porque neste espaço mítico, do passado também reza a história. O templo é sagrado. O futebol tem, claro está, uma predominância latente, mas todos os desportos cabem neste autêntico local de culto. Ainda não visitou, caro leitor? Não sabe o que perde! Siga este conselho e arrisque a mergulhar num túmulo de emoções que só quem lá está dentro é que consegue verdadeiramente sentir. Vale mesmo a pena. Porque no MLP 8, quaisquer que sejam os clubes em competição, a vitória está garantida.