Ignacio Arruabarrena conta, em entrevista a A BOLA, a curiosa a história da sua contratação pelo Arouca. Fala sobre o passado no Uruguai, a afirmação no Arouca e a ambição na Liga Conferência. -Só aos 26 anos se deu a conhecer ao futebol europeu, brilhando na baliza do Arouca. Começou a jogar futebol já tarde?- Não, comecei cedo. Como todos os miúdos, jogava na rua e na escola e aos 12 anos entrei num clube chamado Ascensor, onde estive pouco tempo e daí passei para o Wanderers. Joguei em todas as categorias e estreei-me na primeira equipa na Bolívia, para a Taça Libertadores. No jogo da 2.ª mão cometi um erro que me custou ter estado um ano no banco, mas, como queria jogar, fui cedido ao Tacuarembó. Ao fim de seis meses regressei e recuperei a titularidade, que mantive durante quatro anos até que deixei o clube.- Como surgiu a oportunidade de jogar no Arouca?- Parece mentira, mas foi pelo Instagram. O meu contrato com o Wanderers estava a chegar ao fim, o Arouca soube disso, os scouts procuravam um guarda-redes que ficasse livre para não terem de pagar a transferência e contactaram o meu pai, que era o meu empresário. A possibilidade de jogar em Portugal entusiasmou-me muito, foi tudo bastante rápido e em pouco tempo chegámos a acordo.- Deixar o clube e o Uruguai, foi uma decisão difícil?- Fácil não foi. O Wanderers era o clube da minha vida, mas também queria dar um salto na carreira. Era uma oportunidade que tinha de aproveitar porque não sabia se apareceria outra e a verdade é que estou muito feliz por ter tomado esta decisão.- Antes de surgir o Arouca, já tinha em mente jogar na Europa?- Sempre foi o meu objetivo. Já estava com 25 anos e à medida que o tempo passava sentia que a hipótese europeia estava a desvanecer-se. Podia ter sido transferido para outro clube da América Latina que me apresentou uma proposta economicamente mais vantajosa, mas queria a Europa. - Como dava instruções aos companheiros?- Ao princípio não percebiam nada do que lhes dizia, mas pouco a pouco adotámos um dicionário básico de poucas palavras, como marca, corre, costas, rodar, vai, o que me permitiu comunicar com eles cada vez melhor.- Tem contacto com os outros uruguaios que estão em Portugal?- Antes de vir pedi ao Ugarte que me desse algumas informações sobre o Arouca e quando jogámos contra o Sporting falei com ele, o Coates e o Israel. Quando defrontámos o Boavista e o Gil Vicente troquei impressões com o Abascal e o Boselli, mas fora isso poucos contactos tenho tido.- É verdade que pediu a camisola ao Coates?- Isso foi durante o jogo no nosso campo. Ele estava a jogar a ponta de lança e quando o vi por perto aproximei-me e fiz-lhe o pedido; no final trocámos as camisolas. Algo que voltei a fazer com ele e o Ugarte no desafio de Alvalade. São pequenos mas bonitos gestos que ficarão para sempre na memória.