Florentino Luís e Aursnes, tal como Leandro Barreiro, são trunfos do Benfica para manter elevada a capacidade de recuperação de bola diante do perigoso Barcelona
Florentino Luís e Aursnes, tal como Leandro Barreiro, são trunfos do Benfica para manter elevada a capacidade de recuperação de bola diante do perigoso Barcelona

UEFA Champions League Gigantes afirmam-se sempre na hora das maiores decisões

INTERNACIONAL21.01.202509:46

Benfica entra em campo diante do Barcelona a pensar ainda no apuramento direto para os oitavos de final. Para que seja possível, tem de anular o melhor ataque da prova e expor as fragilidades defensivas do conjunto de Hansi Flick. Trabalho de Hércules na Luz!

A Champions está de volta e com todas as decisões. Benfica e Sporting ainda estão na luta por uma vaga direta nos oitavos de final e encontram-se, para já, em lugar de play-off, porém a beleza do novo formato é que nenhum clube da primeira metade da tabela tem a sua situação definida. Ou melhor, os dois primeiros, Liverpool e Barcelona, sabem que o pior que lhes pode acontecer é terem de passar pela eliminatória intermédia, enquanto os alemães do RB Leipzig, os eslovacos do Slovan Bratislava e os suíços do Young Boys apresentam-se para a ronda já eliminados e a jogar pela honra.

Os encarnados não têm tarefa nada fácil e são os primeiros a entrar em ação. É um Barcelona de ataque, o melhor da fase de grupo com 21 golos — média de 3,5 por partida —, aquele que vai pisar hoje o relvado do Estádio da Luz. Um Barcelona que, a exemplo do rival português, já atravessou a sua própria crise, que coincidiu com a ausência do menino-prodígio Lamine Yamal, mas que agora volta a exibir todo o seu poderio.

Desses 21 tiros certeiros, sete pertenceram ao ponta de lança polaco Robert Lewandowski e seis a um Raphinha fenomenal, bem acima do registo daquele extremo tímido, ainda assim muito aplaudido pelas bancadas de Alvalade. Iñigo Martínez e Ferrán Torres apontaram dois golos cada e os restantes quatro distribuem-se por Lamine Yamal, Fermín López, Dani Olmo e Camara, este do Young Boys, que não evitou um autogolo no embate entre as duas equipas.

Do lado dos encarnados, há a contrapor um 15.º registo ofensivo, com dez golos, três dos quais de Akturkoglu. O compatriota Kokçu leva dois, Bah, Amdouni, Arthur Cabral, Di María e Pavlidis têm todos um.

Defesa catalã algo frágil

No plano defensivo, o conjunto de Hans-Dieter Flick tem sido algo permissivo, com sete golos consentidos, o pior registo entre os oito primeiros, a par dos franceses do Lille. Curiosamente, Anatoliy Trubin já sofreu os mesmos, tendo cumprido todos os minutos possíveis na competição à guarda da baliza das águias.

O problema da defesa menos sólida dos catalães pode estender-se à liga do seu país, onde têm sido sobretudo menos impositivos diante dos mais fracos: 23 golos sofridos em 20 partidas, mais do que Real Madrid, Atlético Madrid, Athletic Bilbao, Maiorca, Real Sociedad e Getafe. No ataque, também existe paralelismo. São 52 golos já marcados e o melhor ataque de longe, com mais cinco do que os merengues.

Robert Lewandowski, Raphinha e Lamine Yamal formam um dos tridentes atacantes mais em forma da atualidade. Juntos marcaram 14 dos 21 golos dos 'culers' na Liga dos Campeões
Robert Lewandowski, Raphinha e Lamine Yamal formam um dos tridentes atacantes mais em forma da atualidade. Juntos marcaram 14 dos 21 golos dos 'culers' na Liga dos Campeões

Curiosamente, o emblema espanhol é apenas o 12.º em remates (89, contra 80 do português, 15.º), crescendo para 8.º nos enquadrados (37, contra 35, 12.º), muito longe de um avassalador Manchester City (124, 1.º; 44 à baliza, aqui atrás de Bayern, com 55, PSV, 48, e Liverpool, 45). O 6.º posto culé (55,7%) na posse de bola confirma uma ideia diferente do tiki-taka a vingar nos blaugrana — City, Bayern, PSG, Estugarda e Dortmund alcançam melhor registo; o Benfica consegue apenas 45,7% (24.º) —, tal como a quantidade de passes efetuados que os leva ao 7.º posto. São apenas décimo quartos em passes certos, ainda assim bem melhor do que o 26.º degrau, ocupado pelos encarnados.

Águias recuperam mais a bola

Os homens de Bruno Lage entram para a penúltima jornada como a terceira equipa com mais cruzamentos bem-sucedidos (30,6%), embora sejam dos que menos recorrem a essa estratégia (85, 21.º), apenas atrás do Dortmund (34,6%) e do… Sporting (34,5%). O Barcelona surge em 21.º, com 21,9%.

Se os dois rivais apresentam o mesmo número de cantos (28, 16.º), a quantidade de ataques cai com facilidade para o lado de Flick e companhia (288, 12.º, contra 243, 18.º), tal como os dribles (113, 3.º, contra 81, 21.º).

No plano defensivo, sobressaem as 268 bolas recuperadas pelos portugueses, que os levam ao 5.º lugar, bem acima das 212 catalães (27.º), embora os dois emblemas andem perto nos desarmes bem-sucedidos (39 contra 37, favoráveis às águias). Os franceses do Brest surpreendem no primeiro registo, com a inversão de 292 posses de bola, à frente dos espanhóis do Atl. Madrid, reconhecidos pela mentalidade never say die, que já reconquistou 286 vezes o esférico.

No que diz respeito aos desarmes concretizados, o líder do ranking é o Dínamo Zagreb, da Croácia, com 112, mais três do que os austríacos do Salzburgo e os espanhóis do Real Madrid.

Leipzig é uma obrigação

O Sporting entra amanhã em ação, na Alemanha, diante do RB Leipzig. Os números dos leões não impressionam: 23.º em ataques (226), ligeiramente acima dos alemães (217, 24.º), 24.º em dribles (79, aqui igual ao próximo adversário), 32.º em desarmes completos (63) contra o 24.º posto do rival (80), 35.º em bolas recuperadas (189), só melhor do que o Milan (177) e muito distantes do conjunto da Red Bull (232, 16.º), só para destacar alguns rankings. Seja como for, vencer é imperativo.