Jorge Paixão deixou de forma inesperada o comando do Yarmouk, equipa da Segunda Liga do Kuwait. O treinador português ainda esteve no clube até à reta final do campeonato, que, entretanto, terminou, mas foi suspenso antes do final. - Ao que se deve a saída do Yarmouk, uma vez que estava em lugar de subida já na reta final do campeonato? - Foi uma época difícil com muitos problemas, estivemos quatro meses e meio sem salários o clube era muito desorganizado mas mesmo assim estivemos desde a primeira jornada em lugar de subida, entre o primeiro e segundo lugares. Na reta final e depois de perdermos um jogo fui suspenso das minhas funções de treinador principal e ficou o assistente local à frente da equipa. - Teve alguma conversa com algum dirigente do Yarmouk? - O manager principal da equipa queria dar a opinião sobre quem tinha de jogar e também nas substituições, coisa comum naquelas bandas mas comigo não, nunca admiti que alguém fora da minha equipa técnica se intrometesse no meu trabalho e nas minhas decisões. Fui chamado a uma reunião e nessa reunião disse que se queriam opinar sobre quem jogava ou não ficavam eles a treinar a equipa e eu vinha embora, fui suspenso com a equipa em segundo lugar. Com oito pontos de vantagem sobre o terceiro e faltando quatro jogos acabou por subir a equipa que estava em terceiro lugar. - Como foi possível perder-se esta embalagem? - Um trabalho de nove meses que foi destruído pela arrogância e a forma de estar muito comum no mundo árabe. Tenho muito anos de treinador com experiências em muitos países por este mundo e uma coisa que nunca aceitei nem vou aceitar é que se intrometam no meu trabalho isso é inegociável. - Como foi viver com esta situação? - Foi muito difícil. No mundo árabe eles têm a ideia que o treinador é para preparar a equipa durante a semana e que no jogo eles podem decidir quem joga e quem não joga, por vezes há treinadores que aceitam. Eles têm medo de perder o lugar mas esquecem-se que o lugar está perdido a partir do momento em que se colocam nessa situação. Além de treinador sou uma pessoa com valores e princípios que preservo e levo até ao fim. Ressalvar que os jogadores se revoltaram com a decisão pois tínhamos um grupo forte e unido o que não é fácil construir por aqueles lados .
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