Duarte Gomes analisa a arbitragem do Moreirense-Benfica
Jogo muito difícil de dirigir
André Narciso viajou até Moreira de Cónegos, para dirigir o Moreirense/Benfica.
O setubalense tem feito carreira em crescendo mas ontem teve pela frente jogo muito difícil, devido à incerteza do resultado e a excessos que a emocionalidade espoletou em alguns jogadores.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes da partida:
13' Antonisse deslizou para a bola, derrubando Prestiani com alguma dureza. A infração existiu e foi bem assinalada, ficando no limite para a advertência.
18' Excelente decisão da equipa de arbitragem: a bola tocou na relva e resvalou da coxa para o braço esquerdo de Fabiano. O defesa nada fez de errado, tinha os braços em posição aceitável e foi surpreendido por lance inesperado, ficando sem tempo de reação. Não houve motivo para que fosse assinalado pontapé de penálti.
30' Abordagem de Leandro Barreiro com alguma dureza sobre Alanzinho. O jogador encarnado jogou claramente a bola, mas pelo caminho derrubou o adversário. O árbitro entendeu não ter havido infração.
31' Amarelo bem mostrado a Otamendi por infração antidesportiva sobre Madson. O central impediu a progressão do adversário colocando a mão direita no pescoço daquele sem que a bola estivesse jogável.
41' Antonisse devia ter sido advertido quando derrubou Bah para travar a sua progressão. A infração não foi negligente mas foi antidesportiva. Além disso, era a segunda deste jogador em pouco tempo (antes derrubara Prestiani com a tal entrada no limite).
43' Florentino impediu Madson de sair em velocidade, cometendo infração que taticamente foi bem sancionada com amarelo.
45+1' De forma racional, calma e distante, não pode haver uma única pessoa que discorde da decisão do VAR chamar Narciso para anular o golo de Gabrielzinho. No início da jogada, Alanzinho pisou mesmo o pé esquerdo de Leandro Barreiro, derrubando-o. A infração foi comprovada de forma inequívoca pelas imagens.
45+5' Alanzinho, sem possibilidade de jogar a bola, derrubou António Silva em ação antidesportiva. Viu com justiça o cartão amarelo.
49' Entrada por trás de Rúben Ismael sobre António Silva devia ter sido sancionada com advertência. O momento era de grande tensão e emotividade, o que terá levado o árbitro a interpretar o lance de forma menos rigorosa.
61' Carreras agarrou Madson impedindo-o de prosseguir a jogar. A infração antidesportiva foi bem punida com advertência.
66' Frimpong mostrou a sola da bota e levantou o pé mas tocou apenas na bola, não no pé de Bah. A infração devia ter sido punida com pontapé-livre indireto. Em campo o árbitro ficou (erradamente) com a ideia que tinha havido negligência. O cartão não se justificou.
77' Amarelo bem mostrado a Leandro Barreiro na sequência de abordagem negligente às pernas de Frimpong.
85' Golo do Moreirense, da autoria de Ofori, após assistência de Bernardo. António Silva pareceu protestar, mas a jogada foi legal.
90+5' A equipa de arbitragem interpretou que a interceção de Marcos Leonardo (momentos antes do penálti) foi legal, em função da circunstância em que se encontrava. Compreendemos a análise, mas temos opinião diferente: houve "demasiado braço" do avançado brasileiro (estava bem fora do corpo, aberto, quase na horizontal, intercetando/dominando a bola em lance que se relevou profícuo para a sua equipa). Foi através dessa volumetria notória que o atleta ganhou vantagem clara na jogada. Ficou por assinalar falta atacante em momento relevante do encontro.
90+5' Um jogador que, sem tocar na bola, atravesse a perna para a frente da trajetória de corrida do adversário, é quase sempre responsável pelo seu derrube. E Asue foi. A perna direita do guinéu-equatoriano avançou para a frente da de Barreiro, causando a sua queda, porque o jogador encarnado vinha em velocidade. O contacto determinante aconteceu no joelho direito. O pontapé de penálti, em si, foi muito bem assinalado. O erro aconteceu segundos antes.
NOTA - 4