O Sporting derrotou o Nacional, por 2-0, e aproveitou da melhor forma a derrota do rival, o Benfica, aumentando para seis os pontos de diferença para o segundo classificado na Liga. Rui Borges mostrou-se bastante satisfeito por isso e pelas exibições dos seus jogadores e comentou os golos de Trincão e Simões. - Que leitura faz desta partida e também dos momentos dos golos do Sporting, de Trincão e João Simões? - Acima de tudo, é um jogo bastante competente da nossa parte. pois tínhamos de ser muito competentes. O adversário com um bloco baixo, com a linha de cinco, difícil de penetrar, com muitos jogadores fortes ao nível atlético, dentro da área, principalmente. Por isso, uma primeira parte onde foi claramente difícil criar situações claras de golo, até porque falhámos uma ou outra decisão, mas controlámos o jogo. Sabíamos, antes do jogo, que podia ser decidido num momento de inspiração e foi o que aconteceu com o Trincão, fico feliz por ele, porque é um jogador que foi um bocado incompreendido nos últimos jogos. Toda a gente espera sempre que ele crie algo, mas ele tem trabalhado imenso para a equipa, tem feito grandes jogos, na minha ótica enquanto treinador. Por isso muito feliz pelo que me tem dado e feliz pelo momento de inspiração dele, que vai fazer muito mais e o jogo foi desbloqueado desta forma. Na segunda parte foi um bocado mais do mesmo, tivemos mais situações, mas não fizemos o 2-0, ficámos com um 1-0 controlado, mas sempre perigoso, até mais do que a primeira parte, mas mesmo nisso a equipa esteve séria e o 2-0 veio no final. - Simões? Feliz pelo miúdo que merece muito. Apesar de ter 18 anos, que fez há poucos dias, é muito maduro e não tenho dúvidas de que será um líder no futuro, porque é muito comunicativo ao nível diário, muito focado e não tenho dúvidas de que terá um futuro brilhante. Já disse isso também, que é um miúdo que apesar de ter 18 anos, fez agora há poucos dias, é um miúdo muito maduro, não tenho dúvidas nenhuma que não será um líder das suas equipas, porque é um miúdo, no dia a dia, muito comunicativo, um grande exemplo em termos daquilo que é compromisso diário, em termos daquilo que é leitura de jogo, em termos daquilo que é pedido, é um miúdo muito focado, não tenho dúvidas nenhumas que terá um futuro brilhante pela e merece-o, porque foi aquilo que tudo tem sido capaz de fazer até aqui. - Como geriu a derrota do Benfica? Teve impacto na equipa do Sporting? - Entrámos bem no jogo, mais do que pelo resultado, porque éramos primeiros independentemente do Benfica. A nossa missão era focarmo-nos em nós e ganharmos o jogo, foi isso que fizemos. Mais do que nos preocuparmos com os adversários, estamos preocupados em sermos competentes no nosso jogo, isso dá-nos mais vantagem e, se não formos competentes, não adianta olhar para os outros. Em termos mentais... acredito que tenha mexido um bocadinho. É normal numa equipa ambiciosa e que quer ser campeã, mas apesar de não ter sido um grande jogo, foi um jogo difícil pela capacidade do adversário. Mais do que com os outros, estamos preocupados com o que nós podemos controlar. - O Sporting está a jogar bem o suficiente para segurar esta vantagem de 6 pontos? - Claramente que quero ver melhorados muitos aspetos, mas não temos muito tempo. Tenho sorte em ter grandes jogadores, inteligentes e capazes de serem competentes e fazerem grandes jogos. Muito feliz pelo que a equipa me tem dado, a equipa vinha de alguns anos a jogar com o Ruben e tem-se adaptado a nós com algumas individualidades. Hoje notou-se que a bola tinha de chegar muito mais rápido aos corredores e prendemos demasiado a bola no zona central, é muito hábito da estrutura antiga no atrair do adversário, mas num bloco baixo eles não se mexem. Por isso, estou feliz pelo que temos sido capazes de fazer. Ganhámos em casa ao Benfica, empatámos com o Vitória de Guimarães, onde, apesar de tudo, devíamos ter ganho por termos estado a vencer por 3-1, mas viemos de um ponto num campo em que o Sporting o ano passado perdeu. Ganhámos um jogo que o Sporting empatou no ano passado. Ainda estamos longe de algumas dinâmicas que quero, mas isso leva o seu tempo e não temos tido esses treinos para ter essa repetição que nos torna melhores. É recuperar e jogar, mas por isso digo... tenho os melhores jogadores (risos). - O quão importante é ter esta vantagem de pontos relativamente aos rivais? - A equipa tem sido competente. Está minimamente como eu quero, eles demonstram isso, porque ganhámos, mas claro que demora o seu tempo. Entrámos a meio, numa mudança até radical, porque já vinha uma estrutura diferente de há muito tempo, mas o Sporting também já teve essa almofada e perdeu-a lá atrás. Temos de ser competentes, não vou ser hipócrita e dizer que é o mesmo estar a um ou a seis pontos. Não é igual, mas sei que a dificuldade vai existir cada vez mais nos jogos, não só connosco. Estou muito feliz com a competência e, se formos competentes, seremos campeões. Também sentir a energia positiva dos adeptos e esse acreditar, porque a equipa vai precisar disso em alguns momentos. É muito importante sentir isso e penso que a equipa também tem passado essa energia de dentro para fora. Com o tempo vamos lá, mas a equipa tem dado uma resposta brilhante. - O que faltou para a equipa circular a bola mais rápido na primeira parte. Foi o desgaste ou também a falta de um extremo destro? - Isso é para ver se me apanha no mercado... mas sim, neste momento não temos grandes opções para a linha nesse sentido, porque o Edwards não tem sido opção e hoje tínhamos o Geny, porque metemos o Trincão por fora. Mas acima de tudo, mais do que o destro, claro que quero e precisamos de ter mais opções, para termos mais resposta e energia nos jogos, mais do que ser direito ou esquerdo. Circular a bola é hábitos, mais do que cansaço, que pode afetar, e hoje acredito que tenha afetado o Maxi na tomada de decisão, não ao nível físico, mas o circular a bola é muito o hábito. Os dois centrais construíam já quase no meio-campo e aí parámos a bola. Era muito hábito antigo, com os três centrais fazerem as tais paredes em jogo central e não quero tirar isso, mas em alguns momentos o Nacional estava em bloco baixíssimo e, se não obrigarmos o Nacional a se mexer... vamos criar de vez em quando e criámos algumas situações, mas temos de os desgastar. Se não vão estar sempre confortáveis. Precisávamos de desgastar mais o Nacional para depois arranjar espaços, gerindo o nosso esforço com bola. - Gyokeres completou praticamente os 90 minutos... foi arriscado? Pode jogar o mesmo tempo contra o Bolonha? - O Morten já vem com 90 minutos há seis jogos seguidos e já antes de mim fazia. O Viktor para fazer hoje 80 minutos teve ser gerido nos jogos atrás. Nós sabemos o que podemos fazer e os riscos que corremos. Se esteve 80 minutos, foi porque o jogo também não estava muito vertical e ele não foi exposto a grandes distâncias na sua velocidade máxima, por isso deu para gerir algum esforço, mas se esteve é porque o gerimos antes. Quarta-feira está disponível para o jogo, espero que não aconteça nada até lá (risos). - Morita estava com queixas no banco de suplentes e Geny tinha um penso... estão aptos para o Bolonha? - O Geny é um bocado com o Viktor, se não acontecer nada... Morita? Não sei, ainda não tivemos oportunidade de falar com ele, mas vamos ver o que ele sentiu no jogo. É um jogador importante na nossa dinâmica e há coisas que não controlamos. Não vale a pena lamentar e se não jogar Morita, joga outro e vamos ser competentes. - Pode explicar a dinâmica no meio-campo a três, com a entrada de Bragança no onze? - Nós defendemos em 4-4-2 e um dos médios acaba por ir para a linha de dois, mas não são dois avançados. O Trincão não é avançado. Jogam a médios e é explícito. Eles são médios e nem sei bem o que responder a isso. Morten e Morita têm jogado sempre e agora já com três médios, mas não foge muito. O Trincão, se estiverem atentos, joga como terceiro médio, mas na verdade joga na ala. As caraterísticas deles estão lá e não vejo qualquer diferença nas adaptações. A única diferença é o Zeno, que tem jogado a médio, e que tem correspondido muito bem. - Ficou surpreendido com o sistema do Nacional? E pergunto também se a equipa sentiu o peso de ter de ganhar este jogo depois da derrota do Benfica? - Não, o peso não. Já disse que, se algo aconteceu, foi que os motivou para serem ainda mais objetivos. Seríamos primeiros independentemente do que acontecesse. Temos de estar tranquilos e focados no jogo. Não há muito tempo para treino e tem de haver capacidade para corresponder em pequenos momentos. Sobre o Nacional, não me surpreendeu jogar com linha de cinco, já o fez em casa com o FC Porto e sabíamos que o podiam fazer em alguns momentos, mas pelo discurso do míster deles na antevisão, acreditava que seriam mais audazes, não foram também por mérito nosso na reação à perda da bola, só isso.