Passava das 16.20 horas quando Camila Rebelo saiu pela porta de chegadas do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. À sua espera estavam amigos e os pais, que viajaram diretamente de Vila Nova de Poiares para receber com entusiasmo e orgulho a filha, que é a nova campeã europeia de 200m costas. Depois de calorosos abraços à família, Camila Rebelo dirigiu-se aos jornalistas, com a medalha de ouro ao pescoço. «Acho que ainda não consigo definir numa palavra para toda esta emoção. Foi tudo tão rápido, já estou em Portugal, mas estou muito, muito feliz», expressou a atleta de 21 anos, revelando o que sentiu quando se apercebeu que terminou a prova no primeiro lugar. ««Eu quando toquei na parede, olhei para o lado e apercebi-me que não estava muita gente ainda na parede. A primeira coisa que vi foi o meu tempo, que foi recorde pessoal (2:08.95 minutos). Fiquei tipo 'uau' e só depois vi que terminei no primeiro lugar. Fiquei 'oh meu Deus' isto está mesmo a acontecer. Uma das minhas características ao longo dos anos é a minha segunda metade, que é bastante forte. Quando virei aos 150m, vi que a polaca que tinha passado à minha frente aos 100m estava ao meu lado e pensei que tudo era possível nestes momentos. Nos últimos 50m, dei o meu melhor. Não sabia em que lugar estava e foi só dar o máximo para chegar à parede», disse. Questionada sobre as expectativas em relação aos Jogos Olímpicos de Paris, entre 26 de julho e 11 de agosto, a nadadora colocou um travão na euforia: «A concorrência vai ser mais forte. Havia muitos países, que não participaram no Europeu por estarem a fazer os trails, mas fiz recorde pessoal por um segundo numa fase em que estava em carga e não fiz propriamente o pico de forma para esta prova. Portanto, agora é continuar a trabalhar porque estou num bom caminho. A medalha de ouro não coloca nenhuma pressão. Continuo a ser a mesma Camila, que levanta às 5 da manhã para trabalhar todos os dias para estar em Paris e levar as cores de Portugal o mais longe possível. O objetivo passa por fazer o melhor possível, quero levar isto com calma, passar das eliminatórias para as meias-finais. Se chegar lá, sonhar com uma final e depois tudo é possível. O sonho já ia desde sempre, independentemente se este campeonato não corresse da maneira como correu. O trabalho vai continuar e siga Jogos Olímpicos».
