Data de renovação, Diogo Costa, viagem de Rúben Amorim e Sporting: tudo o que disse Sérgio Conceição
Treinador fez a antevisão do jogo com o Sporting, amanhã, às 20.30 horas, no Dragão
-- É um clássico num fim-de-semana importante para o FC Porto. Espera um Dragão cheio e que tipo de jogo espera?
-- Espero um jogo dentro daquilo que são os clássicos do futebol português. Competitivo, onde vão estar presentes duas equipas com qualidade individual e coletiva, e nós esperamos ter uma equipa dentro disso, desse registo, dentro do que o Sporting tem feito. Em relação ao Dragão, claro que sim. Desejo, da mesma forma que já tivemos num outro clássico um Dragão cheio, que vibrem. Somos nós que temos de puxar por essa paixão, esse vibrar dos adeptos e essa interação. Focar na nossa equipa, nas nossas tarefas para fazermos um bom jogo e conseguir ganhar.
-- Pepê é o jogador mais utilizado esta temporada, já deu provas no ataque e na defesa. Vai jogar na lateral-direita?
-- É um jogador muito inteligente. Quando ele começou a trabalhar comigo, porque lhe via caraterísticas interessantes como lateral, vi que era muito rápida e inteligente. Foi preciso muito pouco trabalho nessa posição, assim como noutras. Feliz o treinador que tem jogadores com as caraterísticas e polivalência dele.
-- Entende que a renovação de contrato com o FC Porto tem interferência nas eleições? Por que razão foi feito agora?
-- O timing é o que menos belisca a opinião de todos os sócios que vão votar, acredito que não vão decidir alguma coisa no último ou penúltimo dia. Esse é o primeiro ponto. Depois, foi meter no papel algo que já estava apalavrado com o nosso presidente. Depois, importante também porque posso ter uma relação muito forte com o presidente, além de presidente é meu amigo, mas isso não significa nada, pode não ver competência noutros amigos. Foi dessa forma que conseguimos, nos últimos sete anos, voltar a ter a hegemonia e sermos o único clube pentacampeão em Portugal. Falo da minha estadia aqui, temos praticamente tantos títulos como os dois rivais juntos. Foi, no fundo, olhar para o que tem sido este passado recente, o presente e o futuro.
-- Há alguma possibilidade de o FC Porto aparecer menos distraído, fruto do que aconteceu na semana?
-- Acho que nada do que gravita à volta dos clubes, que não seja o trabalho de campo e preparação do jogo, pode interferir. Obviamente que acaba por criar algum ruído, e isso não é benéfico, não conseguimos bloquear 100% o que se vai passando. Mas dentro do nosso trabalho, os jogadores têm de perceber que o importante, no papel deles, é o jogo de amanhã. Tanto eu como o Rúben, como treinadores e responsáveis, sabemos isso. Nada deve interferir, mas quando o árbitro apita isso é esquecido e o público quer é uma vitória, que a bola entre na baliza do adversário e não na nossa.
-- Tendo em conta que o Sporting chega a esta altura motivado por poder garantir já amanhã o título, que adversário espera? Pode contar com Diogo Costa?
-- O Diogo está melhor e vai entrar nos convocados. Em relação ao jogo, motivação não tem a ver com essa estatística. Já fomos campeões na Luz, no Dragão contra o Sporting... Isso não motiva ou desmotiva. O que nos motiva é o nosso trabalho, a qualidade e capacidade dos jogadores dentro de uma dinâmica coletiva. É pensar que o Sporting, dentro do seu 3x4x3 ou 5x2x3, tem muitas nuances e variantes. Isso é que é importante e difícil analisar. À primeira vista, e depois de muitos jogos contra o Sporting de Rúben Amorim, temos sempre situações diferentes que tentamos fazer em relação a coisas que o adversário faz, tentando também surpreender. Acho que isso é que é o bonito do jogo, da forma como percebemos que, dependendo das caraterísticas dos jogadores, algo pode acontecer. Não é só por ser o Sporting, umas vezes temos mais sucesso, outras nem tanto.
-- Teme que o ambiente no clássico esteja um bocadinho estranho com os sócios na ressaca das eleições?
-- Se for a ressaca de uns copos, isso é que é mau (risos). Mas a ressaca de um clube que está com uma vitalidade incrível, onde já votaram cerca de 7 mil sócios... Isto é bem demonstrativo da paixão e de tudo aquilo que é a vida do clube, porque no fundo quem faz e promove essa vida são os sócios. Nós temos muitos e muito apaixonados pelo clube, a prova disso é esta grande afluência às urnas e, sinceramente, não tem de ser uma ressaca. O termo normalmente é de algo negativo, mas acho que aqui é algo muito positivo para o clube. Espero que finalize da forma que eu quero e sinto que é o melhor para o nosso futuro próximo. Se não acontecer, os sócios é que decidem. Não há ressaca nenhuma, há sim o foco no jogo de amanhã.
-- Rúben Amorim pediu desculpa aos adeptos do Sporting pela viagem a Londres. O que acha disso?
-- Acha que terá influência no jogo? Eu não tenho que achar nada. Espero que tenha corrido sem turbulência e que o tempo estivesse bom. Era o que me faltava pronunciar-me sobre o que o Rúben faz na sua vida profissional.
-- Relativamente ao jogo, Amorim já disse que iria estar muito em campo o orgulho do treinador e dos jogadores. É uma questão de honra não perder amanhã ou vencer o Sporting?
-- Não é questão de honra, é uma questão de profissionalismo, de querer ganhar os jogos que faltam. A seu tempo, falaremos da final da Taça de Portugal, que também queremos competir e ganhar.
-- Colocará o Pepê como lateral-direito? Poderá recuperar um modelo mais parecido ao 4x4x2? Além dessa alteração, poderá mudar a sua abordagem estratégica ao tipo de jogo que o Sporting faz, com um bloco mais avançado, pressão mais alta?
-- Isso são tudo questões muito boas, mas que fica difícil responder. São todas possibilidades. Taremi entrar na equipa é uma possibilidade, Pepê a lateral-direito também. Podemos jogar num bloco alto, baixo, médio-baixo, depende do que quisermos. O pressionar mais alto, mais baixo, isso entra um bocadinho na estratégia de jogo. São todas possibilidades. Tenho à disposição várias situações, mas já treinámos o que vamos fazer.