Das comparações (escusadas) a Amorim ao bom jantar a ver o clássico: tudo o que disse Rui Borges

Treinador do Sporting fez a antevisão do jogo com o SC Braga, numa jornada importante em que os quatro primeiros se defrontam. Elogiou o empenho que tem sentido por parte dos seus jogadores e voltou a realçar que o foco está em ganhar cada jogo rumo ao bicampeonato

- Olhando para o momento do SC Braga, que vem de três vitórias consecutivas, que equipa espera amanhã em Alvalade?

- Vamos encontrar o melhor Sporting de Braga da época. Até tem sido um pouco à nossa imagem, em termos de confiança e forma. Nos últimos dez jogos tem oito vitórias, um empate e uma derrota. Tem apenas duas derrotas fora, contra FC Porto e Rio Ave. É uma equipa que tem vindo a crescer e a recuperar jogadores importantes, por isso disse que é um pouco à imagem do Sporting, e nota-se a diferença. É um Sporting de Braga forte, a querer ganhar e a sonhar com algo mais, por mais que o treinador diga que está fora desta corrida. Espera-nos um Sporting de Braga forte e motivado, contra um Sporting confiante, com atitude competitiva, que será muito importante. Será um grande jogo, entre duas grandes equipas. Temos de ser muito competentes. Estes últimos jogos serão muito competitivos. Todas as equipas vão dar a vida pelos pontos, por isso, será um jogo difícil.

- Nesta fase do campeonato até que ponto o resultado do clássico deste domingo pode colocar uma pressão acrescida? Em relação a Pedro Gonçalves mantém a previsão dos 10 dias para o regresso do jogador?

- Pote? Sim, fui sincero e honesto, é por aí que podem esperar. Quanto ao clássico, a pressão existe há muito tempo. É tentar ganhar os jogos que faltam, dependemos só de nós. É essa a nossa pressão. Pressão de ganhar e ser campeão, não poderia haver melhor. Não passámos esse discurso de estarmos preocupados com o clássico. É natural que vejamos o jogo e não fugimos a isso, mas o nosso foco total é o nosso. Será um jogo difícil contra uma grande equipa, onde temos de ter a capacidade para os ultrapassar e continuarmos a depender de nós.

Os jogos estão caros para toda a gente, não é só para o Sporting... Ninguém ganha assim tão facilmente como vocês querem que ganhemos. As outras equipas são muito competitivas e, a qualquer momento, é natural que uma equipa grande esteja mais exposta a contra-ataques

- O Sporting não sofreu golos nos últimos dois jogos, mas também falhou nos momentos em que podia ter 'matado' o jogo. Sente que a equipa precisa de evoluir nesse aspeto? É algo que preocupa nesta reta final?

- Isso não me preocupa nada. Ganhámos 3-0, 3-1, 3-1, 3-1, 2-0... Marcámos, criámos oportunidades. Estou supertranquilo nesse sentido. Claro que nem sempre vamos conseguir finalizar da melhor forma, mas fico feliz pela atitude ser cada vez melhor. Sermos mais intensos no último terço. Estaria preocupado se não criássemos ocasiões, mas temos feito isso. Os jogos estão caros para toda a gente, não é só para o Sporting... Ninguém ganha assim tão facilmente como vocês querem que ganhemos. As outras equipas são muito competitivas e, a qualquer momento, é natural que uma equipa grande esteja mais exposta a contra-ataques. Penso até que somos das equipas mais pressionantes no meio-campo ofensivo. É natural que estejamos mais expostos a isso, à profundidade. Em qualquer momento podem criar perigo se não formos rigorosos. E os jogadores vão errar. Mas sinto a equipa a crescer em todos os momentos do jogo e é isso que me satisfaz e me deixa ainda mais confiante para esta reta final.

- Pegando nas suas palavras esta jornada é especialmente cara. Para qual dos quatro clubes do topo da tabela classificativa é mais importante?

- Vou sempre dizer que o mais importante é o nosso. Para qual dos quatro? Para nós, se o ganharmos continuamos em primeiros. É uma coisa natural. Não vou estar a dizer que é para o Benfica ou para quem quer que seja. Para eles será importante o jogo deles, para nós o nosso. Ainda dependemos só de nós, importante é o nosso jogo. É um fim de semana com bons jogos e é disso que a malta gosta. Ainda ontem vi o V. Guimarães com o Santa Clara, era um bom jogo para se ver.

- O último jogo com o SC Braga para o campeonato marcou a saída de Ruben Amorim, um fecho de ciclo. Como via esse Sporting? Sente que consigo o Sporting está cada vez menos refém das ideias anteriores?

-  Não deviam fazer comparações da era Amorim ou o que quer que seja. Nesse momento o Sporting estava muito bem, só tinha vitórias, dinâmicas muito positivas. Foi um jogo difícil, estava a perder por dois, conseguiu dar a volta para um 4-2. Tinha muitos jogadores... Pote, Morita... Acho que o Nuno [Santos] era o único jogador que estava fora. Refém da ideia? Nem olho para isso. Por mais que o sistema pareça o mesmo, há comportamentos que pedimos diferentes e isso muda logo tudo. Nunca olho para a parte de ser refém do que quer que seja. Claro que, em alguns momentos, os jogadores vão buscar coisas que já têm deles. O hábito leva a fazer algumas coisas de forma automática, mas dentro daquilo que pedimos vão acrescentando coisas. Mas, nunca olho de forma comparativa para isso, não faz sentido estar a comparar, até porque, e já o tenho dito, valorizo sempre o trabalho dos jogadores. E por toda a resiliência que tiveram ao longo deste tempo, por castigos e lesões, não podia estar mais feliz com o que têm dado e demonstrado. Comparar é impossível, até porque os jogadores fazem muita diferença.

- Morita está disponível para o jogo com o SC Braga?

- O Morita está fora. 

- Já confirmou a ausência de Morita para o jogo com o SC Braga. Enquanto 'pai' do médio Debast o que é ele pode dar ao meio-campo do Sporting tendo em conta o adversário?

- O Zeno acrescenta o que tem acrescentado. É dinâmico, está a crescer naquela posição, com menos dificuldade a jogar de costas, mais intenso e agressivo. Vai dar-nos muita coisa. A equipa também reconhece essa qualidade e ele sente isso. É um jogador que tem feito bons jogos e acredito que vai crescer ainda mais, muito e bem naquela posição. Agora, claro que não me posso esquecer que é defesa-central e foi contratado para isso, jamais me esqueço disso. Neste momento, sinto-o capaz, com confiança e desejo de ajudar naquela posição. É dar continuidade, é o que lhe peço.

- Onde vai ver o clássico? Terá um bloco de notas e caneta na mão?

- Vamos estar em estágio, devo ver com toda a gente. Com a equipa técnica, staff e a jantar bem, se Deus quiser. 

- Que impacto é que esta jornada pode ter em termos anímicos na luta pelo título?

- Ainda há um Benfica-Sporting... Um duelo entre primeiro e segundo, seja ele qual for, ainda por cima na penúltima jornada. Esta é uma jornada importante, com bons jogos, e claro que toda a gente pode perder pontos. Mas estou focado no nosso jogo. Jamais vou dizer 'quero que o Benfica não ganhe', não estejam à espera disso. Quero é ganhar. Ontem vi o Vitória-Santa Clara, também um bom jogo, mas estou focado no que posso controlar, no nosso jogo. Se formos competentes, continuamos a depender só de nós.