O site suíço Swiss Ramble, especializado em questões financeiras associadas ao desporto, faz esta segunda-feira uma análise às contas anuais de 2022/23 divulgadas pelo FC Porto e destaca o elevado prejuízo em contraciclo com os lucros apresentados pelos principais rivais. É destacada a diferença para as contas anteriores, sublinhando-se a redução de 69 milhões de euros entre os dois exercícios, o de 2021/2022 com lucro antes de impostos de 22 milhões de euros, e o mais recente com prejuízo de 47 milhões de euros. Na análise publicada é também feita a comparação com os rivais Benfica e Sporting, concluindo-se que os dragões estão em contraciclo. «As contas de 2022-23 do FC Porto cobriram uma temporada em que terminou em segundo lugar na Primeira Liga, atrás do grande rival Benfica, mas conseguiu ganhar três troféus nacionais: Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça Candido de Oliveira. Também chegou aos oitavos de final da Liga dos Campeões, onde foi eliminado pelo finalista Inter», contextualixa o relatório. «O FC Porto passou de um lucro antes de impostos de 22 milhões de euros para um prejuízo de 47 milhões de euros, uma deterioração de 69 milhões de euros, apesar das receitas terem aumentado 22 milhões de euros (15%), de 144 milhões de euros para 166 milhões de euros, o que reflectiu um regresso à normalidade após três anos impactados pela pandemia. Por outro lado, as despesas operacionais aumentaram 20 milhões de euros (11%), para 204 milhões de euros. No entanto, a principal razão para a deterioração dos resultados foi uma redução acentuada no lucro das vendas de jogadores, que caiu 70 milhões de euros (83%), de 84 milhões de euros para 14 milhões de euros», sublinha-se. «Como explicou o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, 'é preciso sempre fazer um esforço para conciliar da melhor forma possível as necessidades financeiras e os interesses desportivos', acrescentando que o resultado teria sido muito diferente se a venda avultada de Otávio neste verão tivesse acontecido. Foi fechada alguns meses antes». O crescimento das receitas do FC Porto foi impulsionado por mais receitas na Liga dos Campeões, o que levou a um aumento de 15 milhões de euros (17%) nos direitos de transmissão, de 90 milhões de euros para 105 milhões de euros. [Receitas] Comerciais subiram €5 M (11%), dos €43 M para os €48M, enquanto as receitas de jogos subiram €2.5 M (23%), dos €11 M para os €13.5 M, devido ao levantamento de todas as restrições do Covid-19», prossegue o relatório. «No entanto, o crescimento das receitas foi compensado por custos mais elevados. A massa salarial aumentou 12 milhões de euros (15%), de 83 milhões de euros para 95 milhões de euros, enquanto outras despesas aumentaram 7 milhões de euros (13%), para os 64 milhões de euros, e as amortizações aumentaram 1 milhão de euros (14%), para 7 milhões de euros. A amortização de jogadores, incluindo imparidades, desceu ligeiramente em 1 milhão de euros, para 38 milhões de euros. A título técnico, importa referir que estes valores se baseiam nas contas consolidadas da SAD do clube, e não nas contas individuais dos clubes», lê-se ainda. «Em contraste com o prejuízo antes de impostos reportado pelo FC Porto de 47 milhões de euros, os outros principais clubes portugueses tiveram todos lucros em 2022/23, com o Sporting a liderar com 26 milhões de euros, seguido pelo Benfica com 21 milhões de euros e o SC Braga com 2 milhões de euros», compara.
