A vitória do Sporting na terça-feira, com o FC Porto (1-0), colocou os leões na final da Taça da Liga. Segundo dérbi para Rui Borges em menos de 15 dias (ganhou o do campeonato, em Alvalade, por 1-0), um calendário louco para o treinador, que além dos dérbis com o Benfica conta também com o já referido clássico nos primeiros quatro jogos pelos verdes e brancos. O outro encontro foi ‘apenas’ a visita ao terreno do V. Guimarães (4-4). Segue-se então o segundo dérbi e o treinador fez esta sexta-feira a antevisão na sala de imprensa da Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete. Eis tudo o que disse Rui Borges. – Há pouco tempo defrontou o Benfica no campeonato, é bom pelo estudo que já fez ou é diferente também pelo que os encarnados mudaram na Taça da Liga?– Estou feliz por estar na final, independentemente do adversário. As mudanças do Benfica, os princípios, não mudam. O que muda são as características individuais. Estamos muito preparados para o que o Benfica poderá implementar no seu jogo. Acredito que possa haver alguma mudança em relação ao encontro com o SC Braga, que ganharam muito bem e categoricamente, mas acredito que a equipa dará uma grande resposta. Está num bom momento. AS LESÕES – Mais uma dor de cabeça, a lesão de Morita. O que pode fazer?– Para a dor de cabeça toma-se um Ben-u-ron ou um Brufen e depois passa. Eu digo sempre que não me agarro à dificuldade: começamos sempre com 11 jogadores. – João Simões será o substituto de Morita no onze inicial?– Vamos ser competitivos, manter a ambição e a coragem que temos tido, independentemente de ser o Simões ou o Brito. Cabe-nos, enquanto equipa técnica, arranjar soluções. Sei que vamos ser competitivos. Fico triste por não contar com o Morita, sim, há alguma sobrecarga e estamos sempre sujeitos a isto. Há sempre lesões. Mas faz parte. Temos de saber adaptarmo-nos às dificuldades e a tudo o que acontece no dia a dia. – E Gonçalo Inácio é alternativa para jogar no lugar de Morita no meio-campo?– Sim, é uma das possibilidades. Já o fez com o Ruben [Amorim] em certos momentos… É um jogador que vem de lesão mas sabe jogar ali. Mas também há outros... Até o Esgaio já jogou a médio. Estamos num clube grande e os jogadores são cada vez mais inteligentes, são comprometidos e agarram-se às ideias da equipa técnica. Estaremos cá para assumir alguns erros, desde que haja compromisso e exigência dentro daquilo que queremos enquanto equipa técnica. – Nuno Santos, Daniel Bragança, Pedro Gonçalves estão lesionados há já algum tempo, conta com eles em breve?– Acredito que algum volte no curto prazo mas, para já, estão todos fora deste jogo. A cada jogo que passa temos sempre a esperança de que pelo menos um entre e é muito nesse sentido. É um bocadinho jogar com o tempo e jogar com o dia a dia. – Mas já conseguiu perceber porque tem o Sporting tantas lesões? Está mais perto de receber algum recuperado ou de perder algum jogado em risco de lesão?– Se soubéssemos o porquê não tínhamos lesões nas equipas. Quando existe uma sobrecarga há mais risco de lesão. Acho que é um pouco científico, e eu também não estudei para isso. Às vezes corremos esse risco, às vezes temos sorte, ainda que não goste de falar em sorte, porque ela dá muito trabalho, mas é algo que temos de continuar a estudar. Felizmente, temos muita gente e boa a estudar esses parâmetros. Dia após dia, temos de ser melhores. – O Sporting fica em desvantagem por ter mais lesionados e por isso jogadores mais desgastados?– Não vou estar aqui a dizer se é vantagem ou não, não me agarro a isso. Mas é notório… A equipa está mais cansada, há alguma sobrecarga sobre alguns jogadores... Corremos o risco de perder ainda mais jogadores… Mas agora não podemos agarrar-nos a isso: estamos num grande clube e temos de dar sempre o nosso máximo. Não há vantagens ou desvantagens, são onze contra onze lá dentro e se formos competitivos vamos ganhar. – Samuel Justo pode ser chamado?– Eles [jovens da formação] fazem parte do nosso dia a dia. Já veio muito miúdo treinar com a equipa principal… Dentro do que acharmos que podemos acrescentar com os miúdos, eles estarão na equipa ou na convocatória para amanhã. Independentemente de ser o Justo, o Denilson, o Ramos, o Afonso Moreira... Por isso é que existe equipa B, a formação do clube tem dado frutos. OS COMENTÁRIOS DE BRUNO LAGE – Que comentário lhe merece Bruno Lage, que disse que o Sporting ter mais um dia de descanso pode ser uma vantagem?– Um dia a mais de descanso não fará diferença no desfecho do jogo. – Que apontamentos tirou do Benfica no jogo com o SC Braga?– O Benfica pressionou sempre com três homens, o Schjelderup fazia muitas vezes uma linha de cinco. Mas também era um SC Braga diferente. Dá sempre para apanhar algumas coisas… mas acredito quase a 100 por cento que não jogará a mesma equipa. Sabemos que o Benfica vai querer entrar forte no jogo, tal como na meia-final, mas temos de estar preparados. – Espera uma equipa diferente?– Poderá ser diferente num jogador ou outro mas os princípios estão todos lá. Claro que vão querer modificar um ou outro comportamento mas isso é igual para as duas equipas. – Vai ser um jogo diferente do dérbi do campeonato?– Sim, logo por ser uma final é diferente, a concentração, a motivação... Em termos mentais é tudo diferente, seja para o treinador seja para os jogadores. Mas queremos sempre ganhar: é uma final e queremos acrescentar troféus à história do clube. – Bruno Lage disse que quer o Benfica como com o SC Braga e como na segunda parte em Alvalade…– Temos de olhar também para o que o Sporting fez e o mérito que teve na primeira parte, que não deixou o Benfica criar. Acredito e sei as dificuldades que temos, há sobrecarga com alguns jogadores… notou-se isso contra o FC Porto. Por mais que trabalhemos e queiramos alguns comportamentos, às vezes é muito dos jogadores. É a tal história de eu controlar os 15 por cento e os jogadores os 85 por cento. Numa final não pode haver cansaço, tem de haver vontade de acrescentar títulos à história do Sporting. No momento de começar o jogo, acredito que a equipa estará preparada e dará uma boa resposta. O MERCADO – Rui Silva e Alberto Costa vão ser reforços?– São jogadores que não pertencem ao Sporting neste momento e não quero estar a alimentar isso. Se algum for jogador do Sporting, estarei aqui para comentar. Até agora, um é jogador do Vitória e outro do Bétis. Por isso, independentemente de gostar ou não, não são jogadores do Sporting. ESTRATÉGIA E PROMESSA – O lado estratégico vai ainda ser mais importante neste jogo?– A maior percentagem será dentro da ideia de jogo e dos comportamentos gerais.. mais do que uma estratégia. Os jogos grandes, que ditam finais e troféus, serão sempre muito competitivos, mais do que bem jogados. São muito táticos, de compromisso nos duelos: quem estiver mais proativo nas segundas bolas… A equipa que estiver mais forte nesses sentidos, nos duelos, em algum momento vai haver um pormenor, tal como aconteceu com o Viktor [Gyokeres]. No jogo com o FC Porto aconteceu exatamente aquilo que eu disse aqui, porque são jogos muito específicos que decidem um troféu. – Com o Benfica e com o Vitória o Sporting consentiu mais remates…– Em três jogos sofri golos num, dois de bola parada e dois de bola corrida. O Benfica teve dois remates, o FC Porto teve dois remates... Ainda ontem ouvi que o FC Porto foi melhor na primeira parte do que o Sporting mas o FC Porto na primeira parte teve dois remates e o Sporting teve dois remates mais perigosos. Contra o Vitória, sim, sofremos quatro golos... O Vitória foi a equipa que mais problemas nos criou nesse sentido. Não sou mágico e o nosso processo defensivo está longe daquilo que nós queremos, mas isso é notório, nós não quase não treinamos... Mas é isso que me deixa feliz: mesmo não treinando eles vão-se agarrando às ideias. Estou muito feliz com aquilo que a equipa tem produzido em termos defensivos e ofensivos. – Fez alguma promessa no caso de vencer a Taça da Liga?– Não, nada. Estamos felizes, enquanto equipa técnica, por estarmos na final. A promessa é ter a folga e ir a casa ver os meus pais, a minha mulher e o meu filho. Não há momentos para festa: depois temos um compromisso para o campeonato, que é o nosso grande objetivo.