Liga «Com a centralização dos direitos televisivos nenhum clube perde»
Em entrevista a A BOLA, em São Paulo, à margem do Sport Summit, Pedro Proença, presidente da Liga, abordou vários assuntos, com foco na centralização dos direitos televisivos e na internacionalização do organismo.
Quais são os desafios estratégicos da Liga Portugal para os próximos quatro anos?
- O ciclo 2023-2027 passa por quatro grandes eixos fundamentais: pela conclusão do processo da centralização dos direitos audiovisuais, pelo projeto da internacionalização da marca Liga Portugal, inevitavelmente associada ao primeiro eixo, pela redução dos custos de contexto desta própria atividade do futebol profissional, nomeadamente incidências fiscais, e, último eixo, por criar uma relação na qual o adepto é a figura central. O futebol tem de viver para o adepto e tem de criar condições no combate à violência e na garantia de segurança para fazer voltar as famílias aos espetáculos.
O seu homólogo Javier Tebas, em Espanha, conseguiu convencer Barcelona e Real Madrid das vantagens da centralização dos direitos audiovisuais. O que o presidente da Liga Portugal pode fazer para convencer Benfica, FC Porto e Sporting dessas mesmas vantagens?
- Nós neste momento já passamos a fase de querer convencer Benfica, FC Porto e Sporting. O decreto de lei de 22 de fevereiro de 2021 estipulou que a centralização dos direitos audiovisuais vai acontecer em 2028 e que a Liga Portugal, em conjunto com a FPF, vai ter de apresentar à autoridade da concorrência em 2025 um modelo de comercialização. Isto já é uma realidade com que já estamos a conviver e que já estamos a executar. Temos feito deste processo, um processo de inclusão, em que garantimos aos clubes que nenhum deles vai perder o que hoje já aufere, e um processo positivo com a conjugação e a participação de todos os clubes que participam no board da empresa que nós criamos, a Liga Centralização.
No Sport Summit vimos como a La Liga está a entrar em força no mercado, de 200 milhões de pessoas, brasileiro. Como a Liga Portugal, de um país pequeno e por isso limitado, pode competir, em matéria de internacionalização, com estas ligas de países muito maiores? Como ir ‘além de Badajoz’, como se costuma dizer?
- Eu tenho um tom mais otimista e positivo do que a sua pergunta. Nós temos grandes marcas de portugalidade na forma de embaixadores que vamos produzindo no futebol português, como José Mourinho, Jorge Mendes, Cristiano Ronaldo e outros excelentes jogadores que vamos fabricando, que são marcas únicas...
Mas Cristiano Ronaldo tornou-se marca internacional quando jogava no Manchester United, não quando ainda estava no Sporting, em Portugal...
- ...eu acho que o processo tem de passar, num futebol que é hoje transversal, pelo tema da centralidade da propriedade comercial dos clubes, que vai permitir o avanço estratégico nos mercados internacionais de forma coletiva. E é esse pensamento coletivo, que estamos a conquistar na Liga Portugal, em que os direitos televisivos serão uma primeira versão e a possibilidade de organizar uma final four em Portugal virá depois, que nos vai permitir internacionalizar a marca.
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