O Campeonato do Mundo da Suécia é antecedido, no dia 6 de fevereiro de 1958, por um desastre aéreo, que fragiliza não só um dos maiores clubes de então de Inglaterra, o Manchester United, como também a seleção dos 'três leões', uma das mais fortes do planeta. Bobby Charlton é dos sobreviventes e torna-se fundamental no renascer dos 'Red Devils'. A primeira edição da Taça dos Clubes Campeões Europeus arranca em 1955/56, só que ao campeão inglês Chelsea é negada a participação, uma vez que o secretário da Football League, Alan Hardacker, entende que a presença não irá beneficiar em nada o 'english game', que tinha de ser a grande prioridade para qualquer clube do país - um pensamento que acompanhou várias gerações posteriores até hoje, se olharmos para a forma como os britânicos organizam o calendário de cada época. O mesmo acontece na edição seguinte, agora ao Manchester United, de Matt Busby. Todavia, o clube do Nordeste inglês, apoia-se na cumplicidade do presidente da federação Stanley Rous e desafia a liga. Torna-se o primeiro emblema do país a participar na nova prova continental. Ainda com jogadores muito jovens, os 'Busby Babes', o United perde apenas com os futuros vencedores, o Real Madrid. De regresso a casa, nova vitória na então First Division, o principal escalão, significa novo apuramento e até algum favoritismo para a consagração europeia logo na segunda edição em que participa. O calendário é, contudo, apertado. Joga-se para o campeonato ao domingo e para a Taça dos Campeões a meio da semana, e as viagens são longas e muito demoradas. A única forma de estar presente em todos os compromissos e na melhor forma física possível é viajar de avião, o que acarreta riscos. Shamrock Rovers e Dukla Praga são presa fácil, e o sorteio determina para os quartos de final o Estrela Vermelha, da Jugoslávia. Depois de vencerem por 2-1 a 14 de janeiro, em Old Trafford, os 'Busby Babes' têm viagem marcada para Belgrado no dia 5 do mês seguinte. Na ronda anterior, no regresso de Praga, a equipa é impedida de viajar diretamente para Manchester devido ao nevoeiro que paira sobre Inglaterra, o que leva a mudança de planos. A comitiva voa para Amesterdão e em Hoek van Holland, uma cidade situada num cabo do sul da Holanda, apanha o ferry para Harwich e depois o comboio para casa. Só que o cansaço toma conta dos jogadores e não se escapa a um empate com o Birmingham em St. Andrews (3-3) três dias depois. Desta vez, não há alteração de planos. Infelizmente. As notícias são devastadoras. O voo 609 da European British Arways despenha-se à terceira tentativa para levantar de uma pista gelada no Aeroporto de Munique-Reim, na Alemanha Federal, onde aterrara para reabastecer. A bordo do Airspeed Ambassador 2, com seis anos de existência, está a equipa do Manchester United, adeptos e jornalistas, que regressam de um 3-3 em Belgrado, diante do Estrela Vermelha, que carimba a qualificação para a fase seguinte. Morrem 23 pessoas, sobrevivem 21. Depois do reabastecimento, os pilotos James Thain e Kenneth Rayment desistem por duas vezes da descolagem devido a um impulso anormal do motor esquerdo, mas pressionado pela tal agenda apertada, o comandante Thain recusa adiá-la para o dia seguinte. A neve que cai cria uma zona suja, de cristais de gelo e água, no fim da pista, onde o avião, na terceira tentativa, perde velocidade e não consegue levantar, o que leva os pilotos a perder o controlo. A aeronave ultrapassa a vedação que delimita o aeroporto e colide com uma casa, perdendo uma asa. Geoff Bent, Roger Byrne, Eddie Colman, Mark Jones, David Pegg, Tommy Taylor, Liam Whelan e Duncan Edwards, que aos 21 anos já era considerado o melhor jogador da sua geração, morrem no acidente ou na sequência do mesmo. Matt Busby, o treinador, é um dos sobreviventes e, em conjunto com o adjunto Jimmy Murphy e com um Bobby Charlton com 20 anos como figura central, constrói uma nova equipa de 'Babes', que finalmente conquista a Taça dos Campeões em 1968.
