Chegou o dia de os sócios do Boavista decidirem o futuro das panteras. O sufrágio que vai definir o presidente do clube para os próximos três anos (2025-2027) acontece hoje, com urnas abertas no Bessa das 10h00 até às 18h00. Vão a votos Filipe Miranda e Garrido Pereira, numa corrida a dois que chegou a ser a três, não fosse a desistência da lista liderada por Fary Faye em dezembro. Com ideias e projetos distintos, os dois candidatos procuram mudar o rumo do emblema axadrezado, que atravessa graves problemas do foro financeiro e não pode inscrever jogadores há quatro janelas de transferência. Filipe Miranda, o primeiro candidato conhecido, tendo apresentado a lista a 12 de outubro, é gestor e atual diretor do futsal das panteras, tendo uma enorme ligação à modalidade, onde foi guarda-redes e ganhou a alcunha ‘Buffon’. Sob o lema «Boavista, Num Xadrez de Novas Conquistas», a lista do gestor de 46 anos, natural de Matosinhos, tem como principal trunfo o acordo anunciado ontem «com alguns dos principais credores», que irá «garantir a diminuição do passivo do Clube em cinquenta milhões de euros (verba que pode ser aumentada, dependendo das negociações com outros credores que ainda não foram suspensas).» Além desta medida, que, a não ser cumprida, levará à demissão de Filipe Miranda, anunciou em comunicado, o candidato garante ainda 910 mil euros para levantar os impedimentos impostos pela FIFA. Este montante, segundo Filipe Miranda, permitirá à SAD regularizar a situação junto do organismo que tutela o futebol mundial e, assim, levantar os 17 impedimentos de inscrição de jogadores que ainda persistem. Recorde-se que o clube axadrezado chegou a enfrentar 37 impedimentos, mas vários casos foram, entretanto, resolvidos, embora ainda haja muito trabalho a realizar para garantir a plena regularização. No que diz respeito a outras medidas para o clube, destacam-se a aposta no futebol feminino. Independentemente do resultado das eleições, já foram inscritos quatro reforços que ajudarão a equipa a evitar a descida – as axadrezadas são últimas, com zero pontos, na fase de manutenção da II Divisão. Para fortalecer o eixo defensivo, foram contratadas Leonie Santejo (Football Association Marseille Féminine, França) e Lea Ducarim (Nice, França). No meio-campo e ataque, o Boavista conta já com os contributos de Filipa Pires, proveniente dos Camden Tigers (Austrália) e Line Nordgaard (Dinamarca). A inscrição de mais duas jogadoras está pendente da aprovação da FIFA: Víctoria Hernandez, médio ex-UD Bovedana e Real Betis, e a guarda-redes espanhola María Alejandra Ortiz Candela, que passou pelo CF La Nucia. Evidenciam-se ainda nas propostas da lista encabeçada por Filipe Miranda a construção de um pavilhão, de um centro de formação desportiva e algumas alterações no Estádio do Bessa. Já Garrido Pereira, cuja lista «Um Boavista, para Todos» foi apresentada a 27 de novembro, apresenta uma solução distinta na vertente financeira: conta com o apoio da firma de investimento Digital Knight Finance, sediada no Luxemburgo e detida por investidores norte-americanos e asiáticos. O advogado de 49 anos, também natural de Matosinhos, diz que é «um privilégio contar com o apoio da DK Finance, que pode representar um passo significativo para garantir a estabilidade financeira imediata do clube e lançar as bases para uma recuperação sustentável.» O candidato promete levantar já os impedimentos da FIFA, uma das «prioridades» da lista, além de ter revelado um plano de modernização do Estádio do Bessa Séc. XXI em parceria com a Gensler, uma «empresa de renome mundial especializada em arenas desportivas.» Ontem, em declarações à Sport TV, Garrido Pereira, que conta com o apoio de Litos, ex-capitão das panteras, e de Reinaldo Ferreira, atual vice-presidente, afirmou que o Boavista é «o desafio» da sua vida: «É um clube que vai ser difícil de reerguer, mas estamos cá para isso.» Sintonia com a SAD Um ponto em comum entre as duas listas que vão a votos é a vontade demonstrada em dialogar com a SAD, de modo a criar uma sintonia com o clube. «A nossa postura foi sempre de diálogo com a SAD. Vemos o Boavista como um todo. Não faz sentido na nossa maneira de pensar falar do clube sem falar da SAD, ou vice-versa. O Boavista Futebol Clube é o fundador da SAD, não é um parceiro qualquer. É o fundador, tem 10 por cento e com um poder, e dever, acrescido. Os dois administradores da SAD são nomeados pelo clube. Há muito a trabalhar também na SAD», frisou Garrido Pereira à Sport TV sobre a SAD, enquanto Filipe Miranda reiterou que clube e SAD têm de estar «em sintonia.» Numa mensagem dirigida aos associados das panteras, o advogado de 49 anos referiu-se ao dia de hoje como «um dos mais importantes da história do Boavista», apelando a uma votação «massiva.» Já o gestor pediu aos sócios «coragem» para a mudança no clube, desejando um «Boavistão ao mais alto nível.»