Benfica: vender mal ou comprar mal?
João Neves é, em absoluto, a segunda maior transferência da janela europeia e ainda poderá render mais; adeptos estão furiosos, mas a venda não é, do meu ponto de vista, a questão mais pertinente. 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa
O Benfica tem tanta necessidade de vender ativos como qualquer outro clube português, ainda que seja legítimo avaliar se o binómio despesa/rendimento de alguns reforços dos encarnados teve ou não teve peso na venda de João Neves. A maior transferência até ao momento na Europa foi protagonizada por um jovem de 18 anos, o central Leny Yoro que saltou do Lille para o Man. United por €62 milhões. Dois dias depois lesionou-se com alguma gravidade.
João Neves, de 19 anos, rende no imediato €60 milhões, num negócio que pode chegar aos € 70 milhões mediante a concretização de objetivos desportivos. Realisticamente, como é que se diz não a uma oferta destas? Por muito que os adeptos sofram com a despedida do jogador mais influente e querido do plantel, e mesmo deduzindo os encargos da operação, não sendo brutal é um bom negócio.
Agora, sim, podemos falar dos fantasmas que habitam na cabeça dos benfiquistas; compras acima dos €15 milhões na época passada: Kokçu (€25 M), Arthur Cabral (€20M) e Marcos Leonardo (€18M). Se baixarmos um milhão, aparece Jurásek (€14M). Nenhum deles rendeu. Pode ser nesta época, pode não ser, no caso do checo não será de certeza que não mora na Luz. Foram €77 milhões em quatro ‘reforços’ que não alavancaram o Benfica para o bicampeonato. Se as águias forem mais criteriosas (como foram com Pavlidis) pode ser que no futuro os adeptos aceitem com mais conforto vendas como a de Neves e, antes dele, de Gonçalo Ramos, ambas abaixo da cláusula de rescisão.