Benfica: Di María quer ficar
Di María foi o sétimo mais utilizado por Schmidt esta época. Foto: Miguel Nunes

Benfica: Di María quer ficar

NACIONAL23.05.202406:25

Avançado interessado em permanecer apesar de ter outras propostas; continuidade terá implicações nas carreiras de Rollheiser e Schjelderup

Há dez meses e 18 dias, quando foi apresentado, numa varanda do Estádio da Luz com vista para a Praça Centenário, milhares de benfiquistas saudaram o regresso ao Benfica de Ángel Di María. O golo do campeão do Mundo argentino que abriu caminho à conquista da Supertaça e depois outro que valeu o triunfo outra vez sobre o FC Porto alimentaram o entusiasmo na turba encarnada que o tempo, os maus resultados e más exibições da equipa foram matando. Uma época depois Di María ainda não sabe se continua na Luz. Mas sabe que quer ficar mais um ano.

Roger Schmidt mantém a porta do plantel aberta ao avançado de 36 anos. No fim do jogo com o Arouca, que assinalou o adeus de Rafa aos benfiquistas na Luz, partilhou que «ainda há esperança» na continuidade de Di María. E acrescentou que o internacional argentino «ainda não tomou a decisão».

«Tem uma grande carreira, mas ainda está em grande forma. Fez uma grande época, com muitos golos e assistências e assumiu responsabilidades no nosso jogo. Queria ficar pelo menos mais uma época e depois acabar a carreira na Argentina, mas penso que neste momento está tudo em aberto e, como treinador dele, seria ótimo trabalhar mais uma época com ele, porque ainda está num nível de topo. Vamos ver o que acontece», rematou, sobre o assunto, Schmidt.

O regresso ao Rosario Central, planeado inicialmente por Di María, não acontecerá. As ameaças à família na cidade natal fizeram-no mudar de ideias. E, neste momento, sabe A BOLA, a ideia que mais seduz Di María é mesmo continuar na Luz, apesar de ter outras ofertas. E o Benfica sabe disso.

O avançado sente-se bem em Portugal — «Voltei a casa, escolhi com o coração, nada mais», afirmou aos benfiquistas quando foi apresentado às 19.04 horas de 6 de julho — e no Benfica, apesar de uma época coletiva abaixo das expectativas. E, muito importante para ele, a mulher e as filhas também gostam de viver em Lisboa.

Uma questão técnica

O efeito emocional do regresso de Di María talvez esteja esgotado, mas é impossível ignorar a influência ofensiva dele na equipa. Esteve em campo 48 vezes (sétimo com mais minutos do plantel) —, marcou 17 golos (só atrás de Rafa, que fez 22) e somou 13 assistências. Manteve a capacidade de desbloquear jogos com o pé esquerdo. Mas, na estrutura do futebol profissional, também ninguém ignora o desafio defensivo que a presença em campo de Di María implica para a equipa. O campeão do mundo já perdeu alguma disponibilidade física que a equipa precisa para pressionar os adversários.

A decisão de continuar com Di María tem, por outro lado, implicações importantes na construção do plantel. Benjamín Rollheiser foi contratado para substituir, justamente, Di María. Chegou à Luz em janeiro quando estava previsto integrar o plantel apenas no verão, mas a saída de Gonçalo Guedes precipitou a transferência. Custou €9,5 milhões. Há grande expectativa, na estrutura do futebol profissional, sobre a evolução do extremo de 24 anos, pouco utilizado por Schmidt (152 minutos em nove jogos e um golo), mas que foi titular no jogo da última jornada, com o Rio Ave.

E há ainda Andreas Schjelderup, cujo final de época em muito bom plano lhe valeu, ontem, a estreia nos convocados da seleção principal da Noruega. O extremo de 19 anos custou €14 milhões, incluindo serviços de intermediação. Está a entusiasmar, como A BOLA deu conta no início do mês, os responsáveis encarnados.

Tanto Rollheiser como Schjelderup terão mais dificuldades de afirmação se o argentino ficar mais um ano.

A continuidade de Di María é, neste momento, uma questão técnica. Rui Costa terá oportunidade, hoje, quando responder aos jornalistas sobre a época do Benfica, de esclarecer a situação.