«A vida dá muitas voltas». Talvez esta possa a ser a expressão mais correta para (ajudar a) explicar este caso: um guarda-redes de futebol que vai passar a ser... fixo no futsal. Falamos de André Caio, antigo guarda-redes de futebol que enveredou pelo futsal e que na próxima temporada vai vestir a camisola da Associação Recreativa do Bairro da Boa Esperança, clube que se sagrou campeão nacional da III Divisão e que, por essa razão, vai competir no segundo patamar da modalidade em 2023/2024. Natural de Castelo Branco, onde nasceu há 29 anos, quis seguir o sonho do futebol, algo comum a tantos jovens. Deu os primeiros pontapés na bola no Desportivo de Castelo Branco, até que, em 2009/2010, rumou a norte para integrar os escalões de formação do FC Porto. Depois de completado o referido processo, André Caio foi integrado na equipa B dos dragões, onde esteve durante três temporadas. Nesse período, não só teve a oportunidade de jogar na Liga 2, como também conseguiu o feito de sagrar-se campeão nacional do segundo escalão do futebol português. Estávamos na época 2015/2016 e o treinador da formação secundária dos azuis e brancos era... Luís Castro. Seguiu-se uma breve passagem pelo Mafra antes do regresso à cidade natal para seis temporadas consecutivas ao serviço do Benfica e Castelo Branco. Mas, de um momento para o outro, tudo mudou. Em bom rigor, não foi bem de um momento para o outro. Como, de resto, o próprio André Caio explica a A BOLA. «Sempre gostei muito de futsal. Claro que, quando era mais novo, tinha o sonho de singrar no mundo do futebol, foi para isso que trabalhei durante muitos anos, mas a verdade é que fui acompanhando o crescimento do futsal em Portugal e cada vez fiquei mais 'pegado' à modalidade. Naturalmente que não escondo orgulho pelo meu passado no futebol, onde cheguei a um grande clube como o FC Porto e tive a felicidade de conquistar um título da Liga 2, mas neste momento da minha carreira decidi que o melhor para mim era mesmo mudar-me para o futsal». Mas a história, que já não é, de todo, comum, tem ainda um outro traço 'fora da caixa': se, nos relvados, sempre foi guarda-redes, agora, nas quadras, vai ser... jogador de campo. «Também sempre foi algo que me fascinou. Penso que tenho bom jogo de pés e julgo que poderei continuar a desenvolver essa especificidade», nota André Caio. E ao contrário do que acontecia antigamente, quando tentava impedir os golos dos adversários, o (futuro) fixo do futsal prepara-se para tentar... fazer o gosto ao pé. Para que possa continuar a ajudar ao crescimento do Boa Esperança, clube que vai competir na II Divisão. E André Caio até tem objetivos bem definidos: «Até pode ser que o facto de ter sido guarda-redes ajude a simplificar a tarefa de marcar golos. Vou dar o meu melhor para ajudar o clube. Futuro? Não escondo que tenho o sonho de chegar ao escalão principal do futsal português e vou trabalhar nos limites para que isso venha a acontecer. Tenho 29 anos e ainda vou muito a tempo!», conclui.