O treinador do Sporting, Rúben Amorim, discordou na noite deste sábado que, a determinada altura da segunda parte do encontro em que os leões receberam e venceram, em Alvalade, o Santa Clara, por 3-0, para a 26.ª jornada da Liga, a equipa se tenha ‘desligado’ do jogo na segunda parte, já com o resultado feito, e tenha baixado o ritmo quase até jogar ‘a passo’, como o questionou um jornalista na conferência de imprensa após o encontro, ainda no estádio lisboeta. «Que tivéssemos jogado a passo, não concordo: o Santa Clara estava a precisar de marcar, e juntou sempre as suas linhas. Mas é preciso alguém ficar com a bola e alguém sair aos nossos jogadores… baixámos um pouco o ritmo, mas não concordo que tenhamos jogado a passo. E não façam de um jogo a história da equipa! Com o Arsenal não fizemos substituições e estivemos mais no meio-campo ofensivo deles. Temos é de desfrutar mais do jogo e meter outra velocidade! Em Barcelos [quarta-feira, jogo em atraso da Liga] será um jogo completamente diferente», foi o aviso de Rúben Amorim de fora para dentro. E quanto a Pedro Gonçalves, autor de sensacional golo ao Arsenal, em Londres, para a Liga Europa, voltar a jogar em posição mais recuada e não no ataque, desdramatizou qualquer melindre ou porventura alegada desmotivação do internacional luso por alinhar de novo nesta posição, e não declaradamente no ataque (venceu ‘A Bola de Prata no ano do título leonino, melhor marcador da Liga, em 2020/21, a jogar mais adiantado). «Ele [Pedro Gonçalves] jogou quase como um ala, ao lado do Trincão. Tem de se motivar… é em jogar pelo Sporting! Foi para o Wolverhampton muito novo, não conseguiu afirmar-se lá, voltou ao Famalicão, e agora faz muitas posições… mas sempre foi médio-centro! Se ele não estiver motivado, estará outro. A forma como aparece na frente é positiva, mas pareceu-me sempre muito motivado para jogar ali», foi como Rúben Amorim arrumou a questão, no diálogo com os jornalistas, em Alvalade, após o duelo. E quanto à forma de motivar os seus jogadores e de ainda os ver melhorar nas oito jornadas da Liga - e nove jogos, contando com o Gil Vicente, em Barcelos, na quarta-feira, dia 5, partida em atraso -, Rúben vai criando objetivos intermédios. «Por mais que lhes diga, é difícil! São muito teimosos: vou continuar a bater nessa tecla! Olhem, agora, marcámos mais um golo do que nos Açores, atingimos alguns objetivos, poderíamos ser melhores, sim», foi o inconformismo eterno que prometeu no desempenho das funções. O técnico esclareceu ainda que o defesa-central internacional uruguaio – e habitual capitão de equipa leonino – Coates, que viu o jogo na bancada, já estará disponível para o jogo em Barcelos, na quarta-feira. «Coates vai ser convocado, mas não sei se vai jogar. Estava muito cansado quando voltou, fez os dois jogos [pela seleção]», disse Rúben Amorim, que reiterou a esperança e otimismo quanto à condição clínica de Gonçalo Inácio, que, revelou após o jogo nas curtas palavras e entrevista rápida à Sport TV, substituiu ao intervalo por ter «torcido um pé». «[Gonçalo] Inácio… parece-me que podemos recuperá-lo. E também o Hector [Bellerin, outro lesionado] está quase a treinar-se, vamos ver. Jovane… [Cabral] não: foi algo muscular na seleção», foi o ‘boletim clínico’ improvisado deixado por Rúben Amorim na sala de imprensa de Alvalade, onde falou também sobre o prémio da convocatória de Afonso Moreira, jogador da equipa B, que se sentou no banco mas acabou por não ser utilizado. «Contamos muito com o Afonso Moreira: o que Nuno Santos na equipa faz hoje, ele [Afonso Moreira] pode vir a fazer, não só pela velocidade que tem mas pela força física e qualidade técnica que tem. Poderia entrar para o lugar do Arthur. Joga com os dois pés, tem muita qualidade. Se vai ficar já esta época ou para a próxima [na equipa principal em definitivo], não sei, mas que acredito nele e ele tem muito talento, isso é óbvio», esclareceu Rúben Amorim a propósito. E após Luís Neto ter dito que «o Sporting tem os melhores defesas-centrais do campeonato», o seu treinador concordou. «Os meus jogadores são sempre os melhores, para mim. Que é difícil ver jogadores mais talentosos, pela experiência, jogar com os dois pés e o jogo aéreo, é: são jogadores muito completos. Neto é muito esperto, melhorou muito na capacidade com bola, tem muita intuição. Demorámos a ‘encontrar’ todos os meus centrais, mas são bons, sim», disse. Também a entrada de Rochinha, enquanto Afonso Moreira ficou a aguardar por próxima ocasião para a estreia, mereceram uma palavra do técnico. «Os miúdos vêm cá não só por haver um espaço para jogar. Meter um miúdo ou outro por meter? Não fazemos isso. Rochinha trabalhou muito bem estas duas semanas, mereceu a entrada, Marcus [Edwards] estava a cair. Rochinha tem muito talento. Foi algumas vezes titular no início, faz parte do processo explicar aos jogadores o porquê deles não entrarem. Talvez lhe falte um bocadinho de ‘fome’. Ao vê-lo jogar percebo porque demorou algum tempo a atingir o patamar de um grande. Só tem de trabalhar e melhorar a forma de ser, ele sabe bem porque não tem jogado, tal como os outros», disse.