É um facto que o campeonato luxemburguês - até por ser maioritariamente amador… - quase não tem eco na Europa, mas também não é menos verdade que no grão-ducado reside (e trabalha) um português que tem dado cartas: Carlos Fangueiro. Com a mesma mestria com que fintava adversários durante a carreira de jogador - era um extremo à moda antiga, sempre colado à linha, que juntava velocidade e qualidade técnica -, o agora treinador tem subido a pulso no percurso que começou a trilhar há cerca de 10 anos e sempre no Luxemburgo. Depois de Atert Bissen e Dudelange, está agora ao comando do Swift Hesperange, clube que está nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões, no caso a primeira, e que surpreendeu a Europa do futebol ao empatar (1-1) no terreno do Slovan Bratislava, da Eslováquia, no encontro da primeira mão, na semana passada. Às portas do duelo decisivo, hoje, a confiança está nos limites. Apesar de reconhecer o poderio do adversário, Fangueiro não esconde, a A BOLA, que sente a equipa com capacidade para seguir em frente na prova milionária. «O Slovan tem um orçamento 10 vezes superior ao nosso, tem jogadores que já pisaram grandes palcos e é um clube com uma dimensão completamente diferente da nossa. Mas isso é só a teoria. Na prática, acredito, sinceramente, que podemos continuar a surpreender. Tal como, de resto, fizemos no primeiro jogo, em que o empate até foi lisonjeiro para eles, uma vez que nós fomos superiores em todos os domínios», disse - a expulsão de Kucka, por morder um jogador dos luxemburgueses, em cima do intervalo, ajudou. A responsabilidade continua a ser toda da formação eslovaca, mas o sonho, esse, ninguém tira a Fangueiro: «Penso que o Slovan terá subestimado a nossa equipa, por sermos de um campeonato amador, mas agora, depois do empate na primeira mão, as possibilidades são de 50 por cento para cada lado. O resultado e a exibição que conseguimos no primeiro jogo deixam-nos sonhar. E eu sinto verdadeiramente que temos todas as capacidades para passar.» Fase de grupos chegará Não é crível que seja nesta temporada, na liderança do Swift Hesperange, mas, no futuro, Carlos Fangueiro tem o grande objetivo de comandar uma equipa em plena fase de grupos da Liga dos Campeões. E como o sonho comanda a vida… «Já na época passada, no Dudelange, estive nas pré-eliminatórias. Estar na fase de grupos é um sonho que tenho e um dia quero chegar lá. A minha carreira enquanto treinador tem sido construída a pulso e neste momento estou no maior projeto do Luxemburgo. Ambiciono sempre mais e vou continuar a trabalhar para progredir», destacou. Refira-se, a propósito, que no atual clube orienta dois compatriotas, casos de Simão Martins (lateral-esquerdo, ex-Trofense) e Jaime Simões (defesa-central, ex-Covilhã), aos quais se junta Paul Ayongo, avançado ganês que passou por Paços de Ferreira e Académico de Viseu, entre outros.
