O jogo entre o Al Nassr e o Al Kholood prometia não ter grande história. Ou melhor, a partida começou logo com mais um golo de Cristiano Ronaldo, mas isso já quase não é notícia. Por isso, aquilo que vai ficar escrito sobre o triunfo por 3-1 da equipa orientada por Stefano Pioli é o desagrado mostrado por Cristiano Ronaldo quando o treinador decidiu substituí-lo, ao minuto 60, minutos depois de o defesa Nawaf Al-Bousahil ter sido expulso após entrada dura sobre um adversário. O treinador italiano optou por poupar o capitão da Seleção portuguesa do que restava do encontro, também porque a equipa já ganhava por 3-0, mas o espírito competitivo de Ronaldo não se coaduna com poupanças. Nem aos 40 anos. Ou muito menos aos 40 anos. Quando começa a ver o tempo para o final da carreira fugir-lhe. A expressão facial de Ronaldo deixava claro que ele queria continuar em campo e, quem sabe, somar mais golos a uma conta que caminha vertiginosamente para os 1.000. A expressão corporal dava mais força à convicção da vontade do português em seguir em jogo. E os gestos que se seguiram dissiparam qualquer dúvida que pudesse subsistir. Ronaldo deixou o campo, cumprimentou Pioli com quem trocou breves palavras e seguiu diretamente para os balneários a gesticular, insatisfeito. Para trás, ficava o 19.º golo no campeonato, que lhe reforça o estatuto de melhor marcador da prova. Ficava também o golo 928 da carreira, que consolida a lenda de alguém que poucos duvidam que vai mesmo atingir os quatro dígitos. E, claro, ficava ainda a vontade de continuar em campo. E tudo começara tão bem! Ainda antes do quarto minuto, já o avançado português dava vantagem ao Al Nassr, que persegue o terceiro lugar, uma vez que a liderança do Al Itthiad, a dez pontos, já parece inatingível. Num jogo em que tudo pareceu fácil, sobretudo devido à fragilidade defensiva do Al Kholood, Sadio Mané aumentou a vantagem do Al Nassr aos 26’, num lance que começa num belo passe de Ronaldo a lançar Alnajdi para o senegalês encostar para o golo. E até um passe de calcanhar mal calculado de Ronaldo na área adversária serviu para lançar o caos e terminar com a bola a chegar perfeita ao pé esquerdo de Durán, que rematou rasteiro para o 3-0 ao minuto 41. Por isso, reforça-se: nada fazia prever que este jogo poderia ter grande história. Até porque o autogolo de Lajami, que permitiu ao Al Kholood reduzir, ficou manifestamente curto para colocar em causa o triunfo do Al Nassr, que encurtou para um ponto a desvantagem para o Al Qadsiah, 3.º classificado, que empatou na visita ao Damac. Agora, resta dar tempo ao tempo e esperar para perceber o efeito da insatisfação de Cristiano Ronaldo nos próximos dias.