- Estava a jogar no Almagro, da Argentina. Neste momento, como é que está a tua situação? Aos 37 anos, o que planeia? - O contrato terminou no final de novembro. Neste momento, estou à espera de algumas situações... Até final de janeiro, no fecho as inscrições, estou aberto a qualquer situação. Gostava de voltar a Portugal, vamos ver se aparece algum projeto interessante que me faça ficar junto da minha família. Gostava muito. - Olhando para a tua carreira, em 2013, num excelente momento de forma no Estoril, vais para a Arábia Saudita… - … é uma história meio engraçada. Surgiu o Al-Ahli e estava tudo certo e com a cabeça feita para ir. Mas ainda antes de assinar, recebi informações de pessoas próximas para que não desse esse passo já que o Benfica estava a pensar avançar por mim. Disse ao presidente do Estoril que não iria sair e voltei e reunir-me com emissários dos sauditas no Hotel Mirage, em Cascais. Reagiram mal… Que não podiam voltar sem mim… Meteram-me num espaço fechado e fui cercado de uma forma que já não podia voltar atrás e acabei por assinar…. - De facto, as notícias da altura davam conta do interesse do Benfica. Hoje olhas para trás e arrependes-te de não teres conseguido resistir ao Al Ahli? - Ao longo dos anos consegui gerir bem a situação. Tinhas boas condições para jogar num grande em Portugal. Arrependimentos? Não me arrependo, mas ainda dou por mim a pensar que poderia ter jogador no Benfica... E tinha condições para isso. - Como é que em 2016 vais parar ao Cerro Porteño, do Paraguai? - O empresário Óscar Dias era sócio do que trouxe o Cardozo para o Benfica. O Cerro Porteño estava a montar uma equipa para jogar a Libertadores, o meu nome foi sugerido e foi aceite. Fui num espírito de emigrante que está aberto a jogar em qualquer parte do Mundo, mas também com aquela dúvida ‘onde é que me vou meter? Venceu a curiosidade e foi uma experiência espectacular. - Correu bem, porque também foste para o México e, entretanto, chegas à Argentina, em 2018, ao Newell’s Old Boys, que é um grande clube… - … um dos clubes mais importantes da América do Sul. Dali saiu o Messi, ainda jovem, para o Barcelona. Maradona também jogou lá quando voltou à Argentina. Batistuta foi lá formado… E tantos outros. Fez-me também sentir importante fazer parte da história do Newell´s Old Boys. Foi uma história muito linda... - Foi o país onde gostou mais de jogar? - Foi. De jogar e de viver. É verdade que há muita pressão. Se as coisas correm bem, tudo cinco estrelas…. Mas se as coisas correm mal, praticamente quase não se pode sair de casa. Não chega a ser perseguição, mas é complicado. Em termos sociais, vivia numa cidade relativamente pequena, Rosário. Prefiro assim do que numa capital grande como Buenos Aires. Tive sorte, correu tudo sempre bem. Fiz amigos e gostei muito do país. - Aos 37 anos, que planos fazes para ti? Queres estar sempre ligado ao futebol? - Terminei o curso de treinador UEFA PRO em Portugal. E a federação de Sâo Tomé e Príncipe já me disse que conta comigo para integrar a equipa técnica da seleção quando deixar de jogar. Logo, não vivo na ânsia das dúvidas. Se puder jogar mais um ou dois anos, jogo. Caso contrário, passo já para a de treinador. Para passar assar a minha experiência e tudo aquilo que eu vivi.