CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO A sentença de Alcochete (artigo de José Manuel Delgado)
Dois anos e 13 dias depois do dia mais negro da história do Sporting, chegou ao fim o julgamento do caso de Alcochete. Condenados a prisão efetiva, uns, com pena suspensa, outros, e absolvidos, os restantes, fez-se justiça, observada a tramitação própria de um Estado de Direito, onde a todos foi dada hipótese de defesa.
Bruno de Carvalho foi absolvido da autoria moral do ataque, por que ia acusado, e por isso tem todas as razões para estar satisfeito. E já fez saber que pretende ser readmitido como sócio, passo necessário para poder, um dia, voltar a candidatar-se à presidência.
Sem me perder em questões estatutárias, creio ser importante lembrar que Bruno de Carvalho não foi expulso de sócio do Sporting por alguma coisa que tivesse a ver com Alcochete, e foi desse processo que foi absolvido. O ex-presidente dos leões perdeu a condição de associado na sequência de um processo disciplinar por violação grave dos estatutos do clube, sanção confirmada posteriormente em Assembleia Geral.
Mas, olhando para o futuro, a pergunta que resulta do dia de hoje é esta: o Sporting ficou com mais ou menos condições de paz social?
Ou seja, parecendo óbvio que a fação brunista, de grande militância, vai regressar ao «combate político» em força, depois da boa notícia da absolvição do seu líder; conhecendo-se a guerra sem quartel entre a direção dos leões e as franjas mais radicais das claques; tendo por certa a precariedade da saúde financeira do Sporting e a pouca coesão dos órgãos sociais; e sabendo-se que o estado de graça de Frederico Varandas há muito desapareceu… parece claro que – e lamento que a conclusão que tenho para apresentar de tudo isto seja tão redutora e tão pouco inovadora – mais do que nunca serão os resultados do futebol a ditar o futuro próximo do Sporting.
O que é uma pena, especialmente nestes tempos em que as discussões em torno do clube deviam ser estruturais e não conjunturais.