A primeira dança

Supertaça A primeira dança

NACIONAL09.08.202309:17

O povo do futebol está sedento de competição a sério, daquela que não permite uma dúzia de substituições. Depois de uma série de jogos particulares, que embora suscitem curiosidade e motivem discussão, não deixam de ser a feijões, deixando sempre a sensação da comida sem sal, é chegada a altura de subir o pano e entrarem em cena os jogos a doer. E que prato gourmet melhor do que um clássico entre Benfica e FC Porto, para celebrar a chegada do futebol a sério? Na última temporada, a equipa de Roger Schmidt levou o primeiro prémio - a conquista do Campeonato -, enquanto Sérgio Conceição colecionou os prémios secundários, já que ninguém duvidará de que, se pudesse, o FC Porto trocaria a Taça de Portugal, a Taça da Liga e a Supertaça, que ganhou, pela possibilidade de fazer o bis na Liga...


Para hoje, em Aveiro, num jogo que vale pela Supertaça Cândido de Oliveira, mas que também deve ser visto pelo prisma da influência no ânimo dos adeptos e na confiança das equipas, o FC Porto apresenta-se com menos dúvidas que o Benfica. Para já, além da perda de Uribe, Sérgio Conceição, que ainda não terá Nico González nas contas iniciais (seria grande surpresa!), viu a SAD manter-lhe o plantel, embora seja previsível que, até ao fim do mês, haja saídas para equilibrar as contas. Para já, em Aveiro, ver-se-á o FC Porto a fazer uso da sua imagem de marca - pressão alta, agressividade e ataque rápido - suscitando dúvidas, apenas, se Sérgio Conceição vai, ou não, povoar um pouco mais o meio-campo, quer deixando Taremi sozinho na frente, quer puxando o iraniano para as costas de um ponta-de-lança, a escolher entre Toni Martinez, Fran Navarro ou Namaso.


Já no Benfica as dúvidas são maiores, especialmente no que respeita ao duplo pivot: na banheira de Roterdão, perante um Feyenoord que usou os mesmos princípios de jogo adotados pelo FC Porto, a parceria dos velhos conhecidos Aursnes e Kokçu esteve longe de funcionar bem, especialmente do ponto de vista defensivo. Irá Roger Schmidt insistir na fórmula, ou chamará ao onze o seis mais clássico de que dispõe, Florentino? Se assim for, abre-se a possibilidade de Aursnes voltar à esquerda, em detrimento de João Mário, o que aumentaria o poder de choque do Benfica numa zona do terreno onde os dragões, com Pepê e Otávio, são particularmente fortes.


Na frente, num contexto em que Gonçalo Ramos já saiu e Arthur Cabral ainda não chegou, usar qualquer solução que não contemple a titularidade de Musa, seria passar-lhe um atestado de irrelevância, que o croata teria dificuldade em superar.
E há Di María, uma gazua de nível Mundial, que deverá ser ás de trunfo no baralho de Schmidt, e ainda Rafa, que obrigará os portistas a uma atenção redobrada ao espaço entre linhas.


Motivos de interesse, pela rivalidade, pela competição que se perspetiva, e pelo troféu que está em disputa, não faltam. Assim não falte compostura aos intervenientes no prélio, dentro e fora das quatro linhas. Aliás, os árbitros iniciam a época com instruções rigorosas para manterem os bancos e adjacentes sob tolerância zero.