A importância do 1-0, o treino solitário de Arthur Cabral e o calendário: tudo o que disse Bruno Lage
Treinador do Benfica falou aos jornalistas na véspera do jogo frente ao Bolonha, para a Liga dos Campeões
Que género de jogo está à espera. O que pensa sobre o Bolonha?
Acho que vou seguir aquilo que o Bah disse, porque é aquilo que nós sentimos. Vai ser um jogo muito difícil, um adversário muito bom e muito competente. Nós analisámos praticamente todos os jogos que fizeram na Liga dos Campeões e realmente são boas exibições, independentemente dos resultados. Vamos encontrar uma equipa que gosta de pressionar muito, que gosta de ter uma pressão muito alta, que gosta de ser rápida e vertical nos seus processos ofensivos. Por isso, é um adversário muito difícil e nós temos de dar o nosso melhor para vencer. Jogos de Liga dos Campeões é isso mesmo. Nós estamos motivados e a nossa missão é vencer o jogo. Juntar mais três pontos às nossas contas e, no final do dia de amanhã, olhar para a classificação e sentir que estamos numa boa posição com 12 pontos.
Olhando para o calendário, a equipa sente-se motivada para chegar ao final do ano e estar no topo do campeonato e numa boa posição na Champions. É uma motivação extra?
A equipa sente-se motivada para responder a cada momento. Foi esse o nosso objetivo quando cá chegámos, há três meses: traçar um plano e os jogadores têm feito o trabalho exemplar. Vai ser um calendário difícil e apertado, com mais um jogo, o jogo em atraso com o Nacional. Por isso, sentimos a equipa motivada, os jogadores têm de estar todos disponíveis para poder corresponder. Um bom exemplo disso é, desde o nosso início, as boas atuações dos jogadores que vêm que o banco para ajudar a equipa. O outro bom exemplo foi a atuação do Barreiro no último jogo. Por isso, toda a gente tem de estar preparada e motivada para responder a cada momento. Não interessa estar a olhar para o futuro, se amanhã a equipa não se apresentar no máximo da sua competência para vencer o jogo.
O Benfica pensa na classificação direta ou no playoff? O Benfica teve um remate a baliza frente ao V. Guimarães, essa estatística preocupa-o?
Em termos daquilo que é a estatística, realmente, nós tivemos um remate enquadrado. Eu também tenho aqui essa aplicação, e quando abro a aplicação e vejo que fizemos um remate enquadrado. Mas quando faço a análise do vídeo, que é a que me interessa, vejo, por exemplo, a situação do Aktur, com o Bruno Varela batido, e o guarda-redes do V. Guimarães, em carrinho, tirou-lhe praticamente um golo feito, perto dos 40 minutos. Depois há o remate do Pavlidis. Na segunda parte, temos uma excelente oportunidade, uma grande jogada do Pavlidis. Por isso, olhar para aquilo que são os remates enquadrados e aquilo que são as oportunidades reais de golo, há uma grande diferença. Aproveito também para dizer que uma equipa que quer vencer… Seria engraçado perceber os últimos campeões, Sporting, Benfica e FC Porto, perceber quantas vitórias estão lá de 1-0. Porque no final, são esses 3, 4 ou 5 jogos, de 1-0 que vão fazer a diferença para o campeão. Porque todas as equipas têm capacidade e competência para vencer e é nesses dias que a equipa tem de ser muito competente para vencer 1-0. Por isso, todos os campeões fazem assim, reforço aquilo que disse na parte final do jogo, que foi uma vitória muito boa, porque a equipa soube interpretar os vários momentos do jogo, e perceber o tempo do jogo. Podíamos ter feito mais um golo, não fizemos. O V. Guimarães fez uma grande exibição, tem um plantel muito bom, está a fazer uma época muito boa, valorizou ainda mais a nossa vitória e para nós o importante são os três pontos.
O plano é olhar para nós e como é que nós podemos jogar. Agora, os objetivos do clube são muito claros, e eu disse isto no nosso primeiro jogo de Liga dos Campeões, nós queremos passar à fase seguinte. Vamos jogar ainda com Bolonha, Barcelona e Juventus. Curiosamente, quer Bolonha, quer Juventus, empataram 2-2 no último jogo, Cada jogo vai ser um jogo difícil, o que queremos ter é os pontos possíveis para seguir em frente na prova.
Muitos adeptos duvidavam de si no início, que mensagem tem para esses adeptos agora? Chamou o Diogo Prioste ao treino porquê?
A partir do momento em que cá estou, eu sou o treinador de todos os benfiquistas. Senti sempre um enorme apoio, um enorme carinho dos adeptos do Benfica. Aquilo que estou a sentir neste momento, não é nada de novo. Desde o dia em que saí, até o dia em que entrei, senti sempre um enorme apoio, um enorme carinho dos adeptos do Benfica.
O Diogo tem sido muito regular na equipa B. Acho que tem sido um dos melhores elementos da equipa B, tem feito uma época muito boa e merecia. Tem vindo a treinar regularmente connosco e merecia hoje também treinar connosco.
Algumas imagens depois do jogo com o V. Guimarães mostraram Arthur Cabral a treinar sozinho. Foi vontade dele ou da equipa técnica? O que isso significa?
O Artur tem trabalhado imenso para ajudar a equipa e tem ajudado a equipa em muitas aspetos. Esse é o primeiro ponto. No segundo, saiu essa imagem, mas essa imagem tem uma explicação. No dia seguinte, após o jogo, nós íamos dar folga e era fundamental todos os jogadores treinarem um pouco. E todos aqueles jogadores que precisavam treinar, foram treinar. Uns mais que outros, foram todos ao campo treinar e o Artur é o único que aparece no vídeo, porque eventualmente precisou continuar a trabalhar. Mas todos eles, mesmo alguns jogadores que entraram, como o Zeki, foram treinar aquilo que nós entendemos que podiam ainda fazer. Por isso não foi um ato isolado do Artur, não foi por ele, foi sim um trabalho da equipa técnica para todos os jogadores.
Na última partida, o Trubin ouviu alguns assobios durante alguns momentos na primeira fase da construção. O Bruno Lage explicou também a importância do Trubin no fim dessa partida. O Benfica também publicou um vídeo no dia a seguir ao jogo. Sente que a mensagem foi entregue aos adeptos? O jogador ficou incomodado com esse momento? Renato Sanches está perto de voltar?
O Renato ainda não sabemos ao certo. Nem o Renato nem o Tiago [Gouveia]. Sobre a questão, o mais importante foi a maturidade do jogador entender aquilo que o jogo precisava. Isso é que é fundamental. Há uma estratégia para cada jogo e temos de a interpretar da melhor maneira. Vou recordar o exemplo do Feyenoord. Nós pretendíamos também controlar o jogo com bola e fazê-lo muito bem partir do nosso guarda-redes. E há uma bola que batemos tentámos sair um longo, a bola fica curta, o Feyenoord recupera a bola, em dois passes, está dentro da nossa área e faz o golo. Nós aprendemos muito com isso. Perceber com que adversário e em que circunstâncias é que nós saímos curto ou saímos longo. E saímos longo para o ponta da lança ficar com a bola ou para a profundidade. Ou saímos curto por dentro ou saímos curto por fora. Por isso, isso é sempre em função da forma como o adversário pressiona.
O V. Guimarães esteve muito bem, instalou-se na frente e nós entendemos que, quando a bola estivesse no nosso guarda-redes, eles não iam sair na pressão. Iam sair na pressão quando o guarda-redes decidisse jogar. Ele tinha de ter calma e esperar. O V. Guimarães a perder, depois esperar 2, 3 ou 4 ou 5 segundos, iria arriscar no guarda-redes e iria sair na pressão do guarda-redes. E quando saísse na pressão do guarda-redes, nós íamos encontrar o jogador livre. E foi assim que aconteceu, por exemplo, aquela grande oportunidade que nós criámos com Di Maria, Aktur e Pavlidis. O importante é os jogadores perceberem muito bem aquilo que têm de fazer a cada momento. Temos trabalhado muito esse momento. Um trabalho fantástico também do Benfica, porque também faz parte de nós. Não é explicar o futebol, mas explicar um pouco daquilo que é o nosso trabalho, para haver um melhor entendimento. Mas aquilo também foi importante, e registo, foi o apoio à equipa nos últimos 20 minutos e a equipa respondeu. A equipa fez um grande jogo. A equipa uniu-se. Foi o jogo, desde que eu cá estou, que a equipa mais correu. Vimos jogadores como a Barreiro, que meteram o corpo à bola, vimos o Nico [Otamendi] no chão e cortar a bola de cabeça para o V. Guimarães não ter oportunidades de golo. Por isso. Foi um grande jogo de equipa. Perceberam o que cada momento pedia. Identificaram muito bem o adversário que nós tínhamos à nossa frente e o mais importante foi, num jogo difícil, ter juntado estes três pontos que vão ser muito importantes no futebol.