A falta que João Neves faz, a felicidade por Renato Sanches e António Silva e a importância de Di María: tudo o que disse Schmidt
Treinador do Benfica está satisfeito com o plantel e sente-se sob a mesma pressão de sempre
— O que podemos esperar deste jogo com o Famalicão e como descreve este Benfica para a nova época?
— As minhas impressões, depois de uma pré-época exigente, são muito boas. Os jogadores trabalharam muito e tivemos de integrar alguns. No geral, a mentalidade e concentração nos treinos e particulares foram muito boas. Testámos algumas coisas nos jogos. Estamos preparados para começar a época e também muito felizes por começar a época, porque a pré-época foi longa e, a determinada altura, precisamos dos jogos de competição. O jogo fora com o Famalicão é uma tarefa difícil, sabemos isso das últimas duas épocas e agora cabe-nos transferir o que fizemos na pré-época nos treinos e nos particulares para o campo contra o Famalicão. No geral, os jogadores estiveram muito bem. Infelizmente dois jogadores lesionaram-se, Andreas Schjelderup e Benjamín Rollheiser, regressarão dentro de duas/três semanas. Todos os outros estão aptos e em condição muito boa e agora cabe-nos mostrar isso no jogo.
— O que perde a equipa com a saída de João Neves e o que pode acrescentar Renato Sanches à equipa?
— Infelizmente, João Neves saiu. Todos gostamos dele como jogador e como pessoa. Mas o futebol, por vezes, é assim. Já era esperado que teríamos de fazer uma grande transferência este verão, António [Silva] ou João Neves. O mercado decidiu. E, no fim, João queria sair e também foi uma transferência muito boa para o clube. Sentimos a falta dele, mas faz parte do futebol. O que é bom é o António ainda estar cá, também e um futebolista de topo, foi um jogador-chave nos últimos dois anos e continuará a sê-lo esta época. A segunda coisa boa é o regresso de Renato Sanches depois de oito anos fora. Voltou, conhecemos a história dele nos últimos anos, mas tenho que dizer que as minhas impressões são muito boas. Gosto da atitude dele, está a trabalhar muito nos treinos, claro que agora a nossa primeira tarefa é integrá-lo. Mas, em termos futebolísticos e físicos, foi top. Tirámos o melhor proveito da situação. Perdemos um jogador, mas também cuidámos do orçamento e conseguimos um jogador muito bom. É esta a situação, estou feliz com isso.
— O que acrescenta Di María com 36 anos?
— Muita qualidade, muita mentalidade vencedora. Foi o último jogador a regressar depois dos compromissos das seleções, jogou a final da Copa América, voltou a vencer. Esteve sempre em campo. Mostrou a qualidade dele na época passada. Sempre disse que queria que ficasse mais um ano, aconteceu e estou feliz com isso.. Qualidade, mentalidade e experiência fazem dele um jogador importante para nós. Vem de três semanas de férias, trabalhou individualmente, mas não pode estar na melhor forma, como outros que voltaram mais tarde. Nas próximas semanas teremos de recuperar estes jogadores, mas também ganhar os jogos e começar no domingo.
— A equipa está mais forte que há um ano? Qual é o favorito a conquistar o campeonato?
— Veremos, teremos de provar em campo. Já disse antes de época começar que falar disso não faz muito sentido, sentimo-nos preparados para época difícil, na qual há sempre candidatos para todos os troféus. Os candidatos são sempre os mesmos. No geral, vejo a nossa equipa muito equilibrada. Tivemos problemas na época passada, porque não havia tanto equilíbrio, sentimos algumas dificuldades sobretudo nas laterais, mas agora com Álvaro [Carreras] e Niklas [Jan-Niklas Beste] na esquerda, com Bah de volta à direita ficamos com a equipa mais compacta e mais clarividência em campo. Temos Aursnes de volta para as funções de médio-ofensivo, jogou ao mais alto nível nessa posição na primeira época. Temos novos jogadores, Pavlidis na frente e Barreiro no meio-campo, temos alguns jovens que integraram a equipa e estiveram muito bem na pré-época. Vejo muita energia positiva, muita qualidade nos treinos, muito compromisso com estilo jogo, queremos jogar futebol de ataque e com muita intensidade. Sinto, e vimos isso nos particulares, que os jogadores gostam de jogar assim. Mas foi a pré-época, acabou e ninguém está interessado nisso. Teremos de levar toda essa força que construímos para o jogo de domingo. Favorito? Já respondia a isso, dizer quem é o favorito é com vocês. Não sei. Queremos ganhar o título, se somos ou não favoritos não me interessa.
— Esta é a temporada em que está mais pressionado para vencer?
— [Risos]. Cada época nova é aquela com mais pressão. Na próxima época irão perguntar-me o mesmo. Estamos no Benfica, não é um clube fácil, é muito exigente, o objetivo e as expectativas são sempre conquistar títulos, muitas vitórias e há pressão em cada jogo. Mas estamos habituados a isso. Mostrámos nos últimos dois anos que sabemos lidar com a pressão e concentrar-nos em jogar futebol. Para lidar com esta situação da melhor maneira, é usar os 90 minutos para mostrar que somos melhores que o adversário, jogando um futebol intenso e ter uma ideia clara. Também é uma vantagem jogar um futebol proativo, assim não pensamos tanto na pressão. Estamos ansiosos por jogar, conhecemos a nossa qualidade, temos muita autoconfiança, respeitamos muitos os nossos adversários, concorrentes ao título mas também qualquer outro, como o Famalicão. Não será fácil jogar com o Famalicão. O equilíbrio entre respeito, autoconfiança e qualidade dá-nos muita calma para lidar com a pressão.
— Existe a possibilidade de perder David Neres. Estas situações dificultam o seu trabalho?
— Agora, é nosso jogador. Estamos a meio agosto, enquanto a janela de transferências estiver aberta teremos de gerir estas situações. Há interesse de clubes, jogadores e empresários, há sempre rumores, às vezes os negócios acontecem outras não. Não faz muito sentido pensar nisso, precisamos de uma equipa capaz de lutar por títulos. Temos essa equipa. Existe equilíbrio. Mas temos de aceitar que há desejos e interesses. Estou calmo e, agora, a minha concentração está apenas no jogo de domingo. Talvez alguns deixem o clube e outros entrem, é possível, veremos o que acontece, não está tudo nas minhas mãos, decisões são tomadas por muita gente. Mas estou calmo, a equipa está equilibrada, veremos o que acontece.
— Será possível Renato Sanches ter uma época como Di María, que chegou ao Benfica depois de uma época com lesões e teve uma época regular e com muitos jogos? Renato tem algum limite de jogos ou minutos?
— A época de Di María é um bom exemplo. Foi aquela em que jogou mais minutos na carreira. Chegou depois de uma temporada com alguns problemas, lesões pequenas e sem ritmo, mas esteve quase sempre disponível, fez muitos jogos. De resto, nunca saberemos. Tivemos outras experiências, fomos infelizes com Bernat, que não resolveu os problemas dele. Conhecemos a situação do Renato. Mas é por essa situação que está a jogar agora no Benfica. Se estivesse sempre disponível e ao mais alto nível, talvez o regresso dele não fosse possível. Há um pequeno risco, confiamos no departamento médico, nos preparadores físicos e na motivação de Renato. Cabe-nos, agora, cuidar dele, não sobrecarregá-lo, utilizá-lo no momento certo e na melhor forma, para que possa jogar com muita confiança para apresentar o melhor futebiol. Disse no início, que a primeira semana [de Renato] foi impressionante, não esperava que estivesse já a este nível. Até agora está tudo bem. Veremos semana a semana como estará a condição física dele e quando poderá fazer parte da equipa. Não será amanhã, não seria inteligente, mas tenho forte convicção de que se tornará jogar muito importante para nós.
— Havendo acordo entre Neres e o Nápoles, faz sentido ele viajar com a equipa? Nos dois últimos jogos, utilizou o mesmo onze. Podemos contar com essa equipa para amanhã?
— [Risos]. Não posso entrar em detalhes sobre as negociações dos jogadores. Espero que compreendam. Não sei se há ou não acordo. E, claro, não posso anunciar a equipa para domingo. Os jogadores que entraram de início nos últimos jogos estiveram muito bem, haverá possibilidade de mudança, mas não será uma nova equipa. Teremos de perceber os jogadores que estão em melhor forma, aqueles que estão mais habituados a jogar uns com os outros. Alguns chegaram mais tarde, não podem estar ao melhor nível com duas semanas. Mas todos estão preparados para influenciar o jogo, de início ou entrando.