A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Rangers-Benfica
Ivan Kružliak deslocou-se a Glasgow, na Escócia, para dirigir o Rangers com o Benfica
O internacional eslovaco recebeu a colaboração do germânico Christian Dingert, que ontem exerceu a função de VAR. Kružliak, perto de completar 40 ano, fez um trabalho seguro e personalizado, num relvado muito escorregadio. O árbitro nascido em Bratislava deixou jogar no limite, mas com critério e coragem. Fez um excelente trabalho, tendo mérito acrescido na forma como tudo pareceu fácil.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
19' A bola ressaltou no peito (e não braço) de António Silva, após o defesa desarmar Fábio Silva dentro da sua área. Apesar de ténues protestos de alguns jogadores do Rangers, a intervenção do central foi legal.
20' Otamendi cabeceou a bola, atingindo depois a cabeça de Scott Wright com a mão direita (o escocês teve que ser assistido). Não houve negligência por parte do argentino, mas a infração imprudente devia ter sido sancionada tecnicamente.
36' Contra-ataque prometedor da equipa lisboeta, sem fora de jogo (apesar de alguns protestos) em dois momentos: primeiro Di Maria estava em jogo quando João Neves passou a bola para a direita; depois Rafa também estava em posição legal quando o extremo argentino lhe endossou o esférico. Esteve bem o árbitro assistente.
39' Dessers, isolado, rematou para defesa apertada de Trubin, mas partindo de posição irregular bem assinalada pelo árbitro assistente no final da jogada.
Nota - Na primeira parte foram assinaladas seis infrações, num jogo que era absolutamente decisivo para as duas equipas (e num relvado molhado, propício a contactos). É mesmo uma questão de "atitude".
51' Dessers caiu na área encarnada após disputa de bola com António Silva. O avançado nigeriano terá dito ao árbitro que foi agarrado pelo central português. A única imagem que vimos do lance foi à distância (a transmissão não mostrou repetições). É justo conceder o benefício da dúvida ao árbitro eslovaco.
55' Goldson puxou a camisola de Rafa o suficiente para, naquela circunstância (o avançado português ia em grande velocidade) o travar ilegalmente, retirando-o da jogada. A infração foi bem sancionada com pontapé-livre direto e cartão para o defesa inglês.
58' Fábio Silva ficou desagradado porque o árbitro concedeu pontapé de baliza para o Benfica, mas sem razão: o avançado do Glasgow foi mesmo o último a tocar na bola antes desta sair pela linha de baliza adversária.
63' Di María foi agarrado, mas conseguiu entregar a bola a David Neres em condições de ataque muito favoráveis. Esteve muito bem Kružliak ao aplicar a vantagem, não beneficiando o infrator.
66' Não deve haver muitas decisões tão milimétricas quanto esta: quando Di Maria cabeceou a bola na direção de Rafa (o argentino foi entretanto derrubado por entrada dura de Diomande), o avançado do Benfica estava com os pés no próprio meio-campo e, provavelmente, com o joelho esquerdo a "morder" a linha divisória. Em qualquer situação, em posição legal. A decisão em campo seria sempre difícil dada a velocidade do lance e ao facto do árbitro assistente estar um metro adiantado, mas por isso é que existe a vídeo tecnologia. Golo bem validado à equipa portuguesa.
80' Aursnes cruzou da direita (para remate de primeira de Di Maria), mas partindo de fora de jogo, entretanto bem assinalado.
84' Kokçu pegou na bola para efetuar lançamento lateral e depois deixou-a para Aursnes. O médio turco arriscou claramente a advertência por retardar o recomeço de jogo. O árbitro entendeu apenas avisar o jogador para não reincidir.
88' João Neves, em tacle, cortou a bola na direção de Trubin, que a agarrou com as duas mãos. Não houve atraso deliberado. Esteve bem o árbitro ao nada assinalar.
90+5' Cartão amarelo bem exibido a Casper Tengstedt, após entrada por trás, negligente, às pernas de Fábio Silva.
O jogo, com esta intensidade, terminou com doze infrações. Tudo dito.