Isaías recordou os tempos passados no Benfica, entre 1990 e 1995, e garantiu que só não venceu mais troféus devido às arbitragens. «Estive cinco épocas no Benfica e ganhei dois campeonatos. Se houvesse tecnologia, tinha ganho uns quatro. Muito disso ficou provado com o Apito Dourado. Era difícil», afirmou o brasileiro, em entrevista ao podcast Ontem já era tarde, de SIC Notícias. «Levava entradas fortes e se dissesse alguma coisa ainda via amarelo», acrescentou o antigo avançado, apontando alguns dos adversários mais duros que teve na carreira: «Oceano, do Sporting, Eusébio, do Beira-Mar, Bobó, do Boavista, e todos do FC Porto.» Ainda assim teve um oponente temível que mais tarde se tornou colega. Contou Isaías que, ainda ao serviço do Rio Ave defrontou Carlos Mozer e sofreu na pele: «Fez-me uma voadora em que tive de pular para não ir parar à vedação.» O conforto sentiu depois, quando estavam no mesmo lado: «Era a garantia que tínhamos lá atrás. Mas só faltava sair no soco. Era ele e o sueco, o Schwarz.» Conta mesmo um episódio tenso entre o antigo central e Rui Águas: «Eles até passavam férias juntos, mas naquele dia estiveram perto. Mozer dizia que tinha de bater nos treinos para bater nos jogos. E eu respondia: ‘Quero jogar com você, não quero jogar contra, não.» [Mozer] Era a garantia que tínhamos lá atrás. Mas só faltava sair no soco. Era ele e o sueco, o Schwarz Conhecido pelo forte pontapé, Isaías, hoje com 60 anos, recordou como corriam os treinos e qual era a sua prioridade, mesmo quando muitos antecipavam um tiro para as nuvens: «As pessoas diziam que o Isaías tinha de chutar dez para marcar um. Nos jogos rematava dez, mas nos treinos rematava cem para fazer um. Ficava lá a rematar com chuva e com frio porque sabia que em algum momento iria dar.» À memória vem um jogo diante do Farense, adversário desta sexta-feira dos encarnados. Pela frente tinha Peter Rufai, internacional pela Nigéria e presente nos Mundiais de 1994 e 1998. «Naquela altura, eu já tinha feito dele o guarda-redes da jornada. A bola não entrava e os 120 mil adeptos já começavam a assobiar. Lá tive uma em que o João Pinto deixou para mim e marquei de canhota. Depois fui ter com os adeptos: ‘Então, agora não assobiam?’ Tens de tentar, alguma há de entrar», disse, concluindo: «Quando enxergava a linha da grande área, não tinha para ninguém. Podia errar, mas a meta era essa.»