Este é um daqueles momentos que ajudam a marcar dois caminhos: um é jogador com carreira longa, o outro um treinador de êxito precoce. Estando em bandas de sucesso, o reencontro em palco seria uma questão de tempo. Ángel Di María reencontra Rúben Amorim, neste domingo, pela segunda vez, nas atuais funções. A primeira aconteceu na época passada, nos quartos de final da Liga Europa, representava o esquerdino a Juventus. Antes do apito inicial em Alvalade ainda houve tempo para um abraço entre dois antigos colegas separados apenas por três anos (o treinador é mais velho), mas depois cada um foi para seu lado defender as respetivas cores. «E neste domingo será novamente assim. Mas acredito que possam trocar umas palavras no início, é normal. Eles dão-se bem», garante Luís Filipe a A BOLA. O antigo lateral-direito que representou leões e águias foi colega de ambos no Benfica, na época 2009/2010, conquistando um título de campeão nacional e uma Taça da Liga. Di María não precisava de falar muito porque, fora de campo, Rúben falava por todos [risos]» Da relação entre Rúben e Di María, recorda-se da diferença de personalidades. «Rúben mais brincalhão e interventivo, como sempre, Di María mais reservado, ficando no seu canto. Di María não precisava de falar muito porque, fora de campo, Rúben falava por todos [risos]», diz. Di María e Rúben Amorim jogaram juntos durante dois anos no Benfica. Conquistaram um campeonato e duas Taças da Liga «Mas, à medida que o tempo foi passado, Di María foi-se tornando mais solto. Na verdade, Rúben Amorim permitia que houvesse sempre um grande ambiente no balneário», prossegue Luís Filipe, que sofreu nos treinos com a imprevisibilidade e irreverência do futuro craque do futebol internacional. «Às vezes tinha de lhe dar umas porradas, a ver se ele ia para o outro lado que não o meu. Tinha de ser assim. Mas para ele foi bom, é assim que se cresce», puxa a fita atrás o antigo campeão nacional pelo Benfica, identificando as diferenças entre o Di María com quem partilhou o balneário e o atual dono da camisola 11 das águias: «Deixou de ser o jogador vertical e rápido que era, mas tem uma grande inteligência e leitura de jogo. E com aquele pé esquerdo mete a bola onde quer.» Mas só isso não chega, adverte: «É preciso que a equipa também permita libertá-lo. Se ele tiver de passar o jogo a correr muito para defender, então não se torna tão produtivo. Di María é um daqueles futebolistas que gosta destes grandes jogos, gosta de ser protagonista.» Frente aos leões, o esquerdino terá ainda outro aliciante: marcar o primeiro golo frente à equipa portuguesa que mais vezes defrontou. Foram 11 jogos até agora (nove pelo Benfica, dois ao serviço da Juventus) e zero golos. «Ele tudo fará para fazer a diferença», é a garantia de quem esteve ao lado dele, de águia ao peito. Embora o antigo extremo convertido a lateral adivinhe muitas dificuldades: «Este já não é o Sporting de montanha-russa da época passada. É uma equipa muito boa, muito confiante e que vai querer defender o primeiro lugar. Será um jogo resolvido nos detalhes.» Se estiver bem, Di María é sempre um «candidato a decidir». Tal como nos dois clássicos frente ao FC Porto, rival a quem El Fideo também nunca tinha marcado.