Servir com humildade e devoção... receber com orgulho e gratidão (artigo de José Neto, 151)

Espaço Universidade Servir com humildade e devoção... receber com orgulho e gratidão (artigo de José Neto, 151)

ESPAÇO UNIVERSIDADE22.02.202311:30

Entre 16 e 19 deste fevereiro, a convite do presidente da Associação de Futebol da Horta, Dr. Eduardo Pereira, em comunhão de afetos e saberes com os Professores Neca e Jorge Bráz, juntos estivemos nas ilhas do Pico e Faial, tendo Jorge Bráz desviado a rota pelas Flores numa intervenção de 15 horas em formação de Treinadores, no sentido de validar os seus créditos para a exigente função de orientação de competências.
 

Recebidos e acompanhados, quais príncipes em terras abençoadas, pelo Coordenador técnico Professor Mário Pereira, cujo desempenho de funções serve do mais significativo exemplo na difícil e muito complexa tarefa que lhe é confiada, e que é experienciada  duma envolvente devoção, cujo foco resplandecente e justificativo está na forma como o vimos tratado por essa gente com nome feito nas curvas da distância, impregnadas pela luta dum estado de sítio onde sobra dificuldade, resiliência, inquietude, rudeza, dor, desespero, mas também onde sobra em acréscimo o respeito, a concórdia, a esperança, a solidariedade e a cidadania envolta numa cultura de valores existenciais.
 

O programa de ação estava devidamente orientado para diversas sessões, quer no âmbito teórico, onde se desenvolveram as temáticas do Futebol inserido num contexto histórico e evolutivo de cultura, solidariedade, saúde e festa fazendo destaque:
 

-  Ao Treinador, capaz de classificar-se duma forma justa e descomprometida, sempre disponível para administrar os valores da honestidade e a firmeza das convicções, procurando ser um modelo de comportamento exemplar que permita, muito em especial na formação, corrigir sem ofender e orientar sem humilhar.

- Ao Dirigente, quando arrancam do seu labor ocasião e forma de protagonizar para o seu clube o tesouro dos maiores entre os grandes.

- Ao Jogador, o fiel intérprete da dinâmica que o desenvolvimento do jogo promove a todo o instante e que tantas vezes carrega uma cruz duma vida virtualmente fácil, abnegada e talvez incompreendida.

 - Ao Árbitro, apelando para o estado do seu comportamento humano, a sua personalidade, os seus critérios, invocando o rigor ao espírito de colaboração á verdade e justiça no julgamento do jogo.

- Ao Adepto, quando grita e vibra com o peso da sua bandeira, numa profunda relação de afetos no apoio participativo, acabando por assumir todo um processo de interpretação do belo jogo.
 

Ainda no processo teórico se evocou o fenómeno do Treinador como gestor de recursos humanos, capitalizando para o debate para a importância da liderança e a sua diversa tipologia adaptada para um excelente desempenho.
 

Como complemento na intervenção da parte teórica propriamente dita, foi objeto de apresentação e reflexão o tema: ” Na força do otimismo uma chama para o sucesso”, em que se comparou a diferença entre o otimista e o pessimista e em que este vê uma calamidade em cada oportunidade e aquele uma oportunidade em cada calamidade, podendo os otimistas fazer das oportunidades momentos soberanos para a concretização dos saberes, seguindo-se  a exploração de algumas fontes do sucesso, tais como: Motivação – máximo empenhamento para o máximo rendimento; Auto confiança – anotando as capacidades dum fazer sustentado para a sua obtenção; Comunicação – fundamentos, qualificação das mensagens e tipologia comunicacional; Coesão – exercício duma dinâmica de grupo, como proposta para a conquista de objetivos.
 

Em todos e em cada uma destas linhas temáticas, foram devidamente anotadas, quer por experiências vividas, quer por sistema de visualização, algumas das mais importantes estratégias para a conquista do sucesso.
 

No processo prático foi levado a efeito a ação da preparação para o treino e jogo, vulgarmente cognominado “aquecimento”, algumas referências teórico práticas de prevenção e recuperação de lesões (fraturas, roturas musculares, tendinites, etc…), aplicação da evolução dos sistemas táticos, princípios e formas de jogo e as transições.
 

Mas o que jamais poderei esquecer foi a forma como ao longo do tempo fomos envolvidos. Por vezes é preciso rasgar fronteiras, para sentir a pluralidade de afetos, entre gente revestida duma conduta civilizada, que, não obstante transportar na alma as pegadas de experiências sofridas, consegue converter num sorriso e num abraço a arte de bem receber.

BEM HAJAM!...

PARTIMOS COM VONTADE … REGRESSAMOS COM SAUDADE!...


José Neto: Metodólogo de Treino Desportivo; Mestre em Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências do Desporto; Formador de Treinadores F.P.F./U.E.F.A.; Docente Universitário – universidade da Maia; Embaixador nacional de Ética e Fair Play do Desporto.