Espaço Universidade O olimpismo de 1908 (artigo Vítor Rosa, 190)
Grandemente maltratado pela cidade da Luz (Paris) (em 1900) e St. Louis (em 1904), o olimpismo estava quase moribundo em 1908. Organizar os Jogos Olímpicos (JO) era um desafio. Roma não quis enfrentá-lo de frente. Interpretando o espírito de Pierre de Coubertin, Londres aceitou a organização de bom grado. Estes JO foram longos, tendo sido disputados ao longo de 178 dias. A competição foi inaugurada em 24 de abril e encerrou no dia 31 de outubro de 1908. Atraiu muitos países, galvanizou atletas e fez vibrar as multidões. Os JO foram considerados um êxito.
Juntamente com este evento, organizou-se outro de caráter não desportivo. Foi a grande exposição franco-britânica, que teve lugar nas longas margens do Tamisa.
Para os JO, ergueu-se uma estrutura desportiva, em Shepherd’s Bush. Considera-se que terá sido o primeiro estádio olímpico contruído de raiz. Em Atenas (em 1896), tinha sido restaurado o Panatenaico. E no caso de Paris e de St. Louis tinham sido improvisadas umas instalações.
Os Jogos foram alvo de protestos nacionalistas: os finlandeses não quiseram desfilar debaixo do símbolo imperial russo. Os atletas norte-americanos não quiseram baixar a bandeira em saudação do rei do Reino Unido e da Irlanda, Eduardo VII (1841-1910). Os juízes britânicos foram acusados de serem demasiado bairristas. Conta-se também que o atleta norte-americano Forest Smithson terá corrido 110 metros barreiras com uma bíblia na mão, protestando por a prova se ter realizado num domingo.
O megaevento reuniu 2034 atletas (1998 homens e 36 mulheres), representando vinte e dois países. A Grã-Bretanha dominou: 56 medalhas de ouro, 50 de prata e 39 de bronze. Os EUA ficaram-se pelas 23 medalhas de ouro, 12 de prata e 12 de bronze.
Demetrius Vikelas (1835-1908), o primeiro presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), faleceu quando se celebravam os Jogos de Londres.
Vítor Rosa
Sociólogo, Doutor em Educação Física e Desporto, Ramo Didática. Investigador Integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CeiED), da Universidade Lusófona de Lisboa