Futebol 2023/24 - A época a iniciar... Um futuro como oportuidade a conquistar!... (artigo de José Neto, 155)

Espaço Universidade Futebol 2023/24 - A época a iniciar... Um futuro como oportuidade a conquistar!... (artigo de José Neto, 155)

ESPAÇO UNIVERSIDADE07.08.202318:36

Após a referência em três artigos onde inseri algumas ideias base para a planificação duma pré-época, sem omitir alguns tópicos que fizeram “furor” no que consta à história deste processo para apuramento de competências, importa refletir numa das mais significativas teses que podem ultrapassar quaisquer outras, porventura já autenticadas, que têm a ver com o fervor energético ao nível duma consciência coletiva, como base de construção do verdadeiro caminho para o êxito.

Para além do referido neste arrancar de uma época e após um tempo propício para uma melhor inserção de novos membros nas equipas, capazes de construir um elo de proximidade mais coeso, associando a validação de várias competências, especialmente focadas numa agregação de traços de identidade perante o símbolo do clube, portador de valores éticos e deontológicas muito singulares, importa refletir numa ideia com base numa previsibilidade funcional das equipas em prova.

Após as avaliações de vária ordem, muito em especial ao nível das capacidades antropológicas, biológicas, cárdio funcionais, motoras, etc…, geralmente todas as equipas acabaram por realizar estágios, procurando associar à planificação das cargas específicas de treino a realização de alguns jogos, competindo com equipas de maior ou menor dificuldade de exigência.

Verificamos que algumas equipas nesta fase procuraram realizar competições de dificuldade crescente, na tentativa de obter resultados positivos, e com isso ser valorizado os seus índices de confiança, vendo nisso um apelo para a otimização do sucesso no futuro imediato.

Porém, outras equipas procuraram associar ao estágio, competições pela mais valia do adversário, e assim se dispuseram a correr riscos de acusar um rendimento e resultado em desconformidade com expectativas à priori criadas.

As perguntas que se podem fazer neste momento são as seguintes: qual a importância que se pode imputar a equipas cujos rendimentos e resultados foram negativos? Equipas cujos rendimentos foram negativos e resultados positivos? Equipas cujos rendimentos foram positivos e resultados negativos? E tudo isto condicionado por um conjunto de jogadores disponíveis para a competição; a inserção de novos jogadores; jogadores que advieram de possíveis estados do reaparecimento após lesões; qualificação do perfil de liderança do treinador e toda a estrutura técnica, etc…

Não tenho dúvida que qualquer derrota nesta fase, mesmo que seja desvalorizada pelo seu líder, pode ser objeto de preocupação, inquietação, dúvida e geralmente perturbadora, caso se veja repetida. Poderá, no entanto, acontecer que a adversidade perante resultados menos bons nesta fase, a equipa possa reagir para um novo estímulo renovador, pelo despertar coletivo de novas matrizes de competência, transferindo dificuldades em oportunidades, vendo imprimida uma nova cultura de exigência.

Importa ainda anotar uma referência ao nível da liderança comunicacional do líder/ treinador. Sabemos que qualquer mensagem para que atinja um objetivo assertivo, deverá estar revestida de clareza, exposta de forma otimista e positiva e sem duplo significado, cuja expressão verbal e não verbal demonstre coerência, devendo separar os factos das opiniões e bem sintonizadas com objetivos positivos de conquista.

Por vezes verificamos que a credibilidade do treinador fica afetada, quando uma resposta se vê emocionalmente traída por um desespero indesejado e por isso inoportuno.

É claro que tudo isto faz parte da identidade do treinador como comunicador e líder e como expressa o tipo de comportamento da liderança no seu desempenho, quer por via da instrução e treino, quer por via democrática, recompensadora, de apoio social, explorando a preceito com inteligência, empatia, motivação intrínseca, flexibilidade, ambição, autoconfiança e otimismo os seus atributos.

Estes sinais ambientais vividos ajudam a catapultar para o balneário o eixo mediador duma consciência coletiva onde se forja uma crença que se transforma em desejo partilhado e este em convicção, que se pode ver-se autenticada pelo resultado, que conduz ao sucesso. Estas situações devem na minha perspetiva serem objeto de apoio e treino ao e do treinador!...

Quem for capaz de conseguir ultrapassar as exigências da competição de forma emocionalmente mais equilibrada, identificadas de um estado de alma, onde a paixão em servir, o desejo de vencer, a exigência na formulação de objetivos difíceis e encorajadores, para a defesa do emblema que carrega, não apenas na camisola, mas sobretudo na alma, pode fazer a diferença de quem está mais disponível para ganhar. É evidente que tudo isto é a base do reportório de uma nova visão global do treino, associando os métodos de ordem tática, técnica, física e atlética a outros de ordem mental, psicológica e espiritual, tantas vezes evocada nas minhas reflexões publicadas.

Já que estamos na abertura oficial da época propriamente dita e em cima da competição que ditará a equipa vencedora do primeiro título, acrescento algumas referências também exposta em períodos anteriores, no referente à mobilização dum permanente e incessante compromisso entre:

Jogadores – Os fiéis interpretes da dinâmica que o desenvolvimento do jogo promove a todo o instante. Aqueles que colocados no estádio, as suas esperanças e medos são expostos em frente de milhares de espectadores e convertem a vontade de vencer numa questão de treino e a maneira de vencer numa questão de honra!... E são tantas as vezes que carregam uma cruz duma vida virtualmente fácil, abnegada e talvez incompreendida!...

Treinadores – Que estejam sempre disponíveis para medir a autocrítica de forma séria e descomprometida e também capazes de motivar para o triunfo e aceitar o fracasso, e sempre disponíveis para administrar os valores da honestidade e a firmeza das convicções. Procurar ser também bons conselheiros com um modelo de comportamento exemplar, segundo o qual permita corrigir sem ofender e orientar sem humilhar.

Árbitros – Todos sabemos que emitir juízos com a máxima brevidade de tempo e confirmar o caráter irreversível da decisão tomada, não é tarefa fácil, nem facilmente compreendida. É evidente que a crítica ao árbitro é necessária e indispensável. Mas as disponibilidades técnicas do esclarecimento deveriam salvaguardar a sua credibilidade no contexto agonístico do jogo, evitando a todo o custo que a sua figura seja praticamente anulada pelo primado exclusivo da tecnologia. O estado do comportamento humano do árbitro, a sua personalidade, os seus valores, os seus critérios, deverão prevalecer, porque antes do árbitro está a pessoa. E é por isso que o árbitro deverá ter no jogo uma capacidade de estima e não abuso do poder, que por vezes desorienta quem joga e estimula negativamente quem ao jogo assiste.

Dirigentes – Quantos são aqueles que arrancam do seu labor ocasião e forma de protagonizar para o seu clube o tesouro dos maiores entre os grandes?!... Porventura alguns percorrem de forma intempestiva os corredores do poder, vendo no Futebol um exercício compensatório de personalidades insatisfeitas no campo pessoal e profissional, desprezando as regras adjacentes ao bom senso e razão!... Reclama-se um longo caminho a percorrer no que ao empreendimento desportivo exige, no que diz respeito à competência e profissionalismo dos seus agentes.

Adeptos – Que gritam e vibram com o peso da sua bandeira, numa profunda relação de afetos no apoio participativo. Contudo verifica-se de forma frequente situações conflituosas, confirmando ou contrariando expectativas do resultado e de imediato o lugar à cólera e euforia perante as fases mais relevantes: marcação ou não dum penalty, golo falhado, falta inexistente e o estádio transforma-se por vezes numa labareda de opiniões, com efeitos por vezes dramáticos.

Orçamentos estabelecidos, objetivos formulados, rentabilização de competências e partida para uma nova época, onde se apuram comportamentos, se invocam convicções, se ajustam desejos e todos partem para mais uma viagem de sonho.

Deixemo-nos levar pela imagem dum belo jogo de Futebol. Se repararmos bem, a potencial dinâmica do jogo dispõe de facto de uma magia inigualável … durante 90 minutos é possível condensar muitas histórias e reproduzir muitas graças que a vida nos oferece. Daí um dos seus principais encantos!...  

BOA ÉPOCA!...

Para os vencedores hossanas de glória e exaltação. Para os vencidos respeito e esperança!...

As minhas venturas para que todos possam atacar o futuro como uma nova oportunidade!...

José Neto: Metodólogo de Treino Desportivo; Mestre em Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências do Desporto; Formador Treinadores F.P.F./ U.E.F.A.; Docente Universitário – Universidade da Maia; Embaixador Nacional para a Ética e Fair Play no Desporto.