E depois do adeus ao Mundial … renasce nova esperança pelo Natal! (artigo de José Neto, 149)

Espaço Universidade E depois do adeus ao Mundial … renasce nova esperança pelo Natal! (artigo de José Neto, 149)

ESPAÇO UNIVERSIDADE28.12.202214:39

Saúdo a forma verdadeira e pedagogicamente assertiva como ao longo deste tempo da competição referente ao Mundial-2022, alguns analistas comentadores nos brindaram, e que encerrou com saudade um dos mais fervorosos campeonatos do mundo de Futebol de todos os tempos.

Anoto com uma exemplar participação as seleções do Canadá, Arábia Saudita (única a vencer a campeão do mundo), Japão, Coreia do Sul e Marrocos, merecendo aplauso a Tunísia que derrotou a França, os Camarões que venceram o Brasil e a habitual Croácia num lugar de destaque no pódio do tempo. Como nota de surpreendente participação pela negativa e a merecer reflexão: a Alemanha, Inglaterra, Espanha e Brasil. No que consta aos nossos irmãos brasileiros que festejaram espectativas de forma antecipada e que resultaram em lágrimas sofridas por uma vida desacreditada … e já são tantos os exemplos desta máxima a ter em conta … até aqui em Portugal!...
 

Argentina e França que final?!... a dinâmica da incerteza dum resultado com o cântico entoado por hossanas bem representado por um duelo inteligente e verdadeiramente apaixonante entre Messi e Mbappé.
 

Messi, outrora referido por Marias, J. (2007) em que “da sua relação com a bola nascia um poema feito de calções e chuteiras”, Valdano, J.;(2022) acrescentava “ um sábio que encontrou a síntese num jogo de final entre todas as fórmulas que o elevaram aos céus: a simulação, a pausa, a distração, o engano, a capacidade de colocar em acordo o tempo e o espaço, a pontualidade nopasse, o veneno no remate … a quem a cabeça até faz barulho quando se põe a pensar para encontrar a melhor fórmula para fazer golo.”
 

Da parte da França, sobressaiu Mbappé, essa energia em movimento de alta rotação onde fazia de mira as pontas das botas e com arte, genialidade e imprevisibilidade, deixou a marca do presente para o futuro autenticado pela razão. Pena não ser repartido o triunfo entre os dois finalistas no final do jogo, claramente definido nas marcações dos pontapés de grande penalidade (também questão de treino, como expressei num dos artigos publicados anteriormente).
 

Da Seleção de (quase) todos nós … SEMPRE A MINHA… creio que fica um amargo de boca pelo facto de não termos tido a capacidade de seguir o caminho das estrelas, algumas cadentes e que se refletiu numa inconstância de compromisso, incapacidade de resiliência, algum azedume a roçar a impaciência e que nada abona em favor de quem poderia ter ido mais longe. Essa capacidade que outrora e em muitas das nossas participações ficou neste mundial ausente, como fazer de algumas adversidades, oportunidades para despertar competências, capazes de gerar num arreganho coletivo suor, rebeldia, paixão e sucesso.
 

Importa sufragar o presente e enfrentar o futuro sem jamais esquecer quem ao longo do tempo conquistou para o País a brilhante classificação de Portugal Campeão Europeu e Mundial da Liga das Nações, Eng.º Fernando Santos, que sempre soube interpretar um código de valores exemplarmente reconhecido e movido duma generosa convicção para iluminar em sólida esperança outros caminhos para o êxito. Ainda uma nota de solidariedade para o presidente Dr. Fernando Gomes. Talvez o primeiro de milhões de portugueses que mais sofreu com um regresso antecipado desta competição. Não deixa de se lhe reconhecer uma imagem de serena tranquilidade, na forma inteligente como tem gerido a magnitude da sua liderança, responsavelmente partilhada.  Estou certo de que a astúcia, perseverança, influência e civilidade que tanto se lhe identificam na sua identidade, se irão converter em símbolos que lhe irão acudir no desejo de preparar o presente para novos êxitos no futuro.

Apenas neste capítulo deixar o registo duma nota para Cristiano Ronaldo. Tenho uma opinião muito própria, mas que pelo respeito à identidade do homem que está por detrás do jogador campeão dos campeões, irei publicamente omitir.
 

 Do que construiu e do que converteu em cada passada uma viagem de sonho para a nossa seleção, elevando espectativas e consolidando convicções, despertando talento e renovadora jovialidade. Numa linguagem de amor e raiva, foi capaz de transformar em sucessivos movimentos de inspiração onde a harmonia do gesto se combinava com uma eficácia emocionalmente excitante, levando em ombros toda uma nação. Isso jamais se deverá esquecer!...
 

O futuro??? … A Deus pertence!... VIVA PORTUGAL
 

Muito, mas mesmo muito se poderia incluir neste capítulo referente ao Mundial. Quero apenas deixar mais duas notas referentes a comentários ouvidos e vistos por parte de profissionais do setor. Um deles referia a certo ponto e até de forma absurda, porque repetitiva, que uma equipa é a soma das partes que a constitui …ah…ah…ah… como se a álgebra da soma tem a ver com a relação que das partes se constitui dinâmica empreendedora de sucessos a conseguir, e outro seu companheiro de painel que referia dum determinado jogador, que este não tinha nada a provar a ninguém. Como se fosse possível não ver atestados os sucessos já convertidos com a recompensa de os repetir e porventura melhorar!.... Enfim!...
 

De enaltecer em termos gerais a forma absolutamente enriquecedora com que muitos profissionais de comunicação se debruçaram no acompanhamento da competição, ajudando a melhor compreender todo este Mundial que já se torna saudade. Uma nota especial para a abordagem séria e descomprometida, eficiente e pedagogicamente assertiva do Treinador Dr. José Gomes no Jornal de Notícias. Aí sim havia uma explicação clara das condicionantes causais pelo resultado sim ou não conseguido e a previsibilidade estratégica e operativa inserida numa abordagem organizacional, anunciando linhas de orientação para o jogo a realizar. Simplesmente fantástico!

Quanto ao retorno competitivo de jogadores que estiveram envolvidos nas diversas seleções, sabe-se que depois de várias semanas de interrupção das rotinas presenciais de treino nos clubes de origem e enquadrados noutros perfis de exigência técnica, tática, competitiva e emocional, com distintas equipas técnicas e por vezes com diferentes objetivos de conquista, podem ver comprometidas ao nível de resposta em termos de resultados a conseguir.
 

Ainda a anotar as alterações por adaptação aos fusos horários, pelo jet lag existente, que conduzem a  situações de maior dificuldade de concentração, maior irritabilidade ao desgaste e demais manifestações de fadiga, maior perceção à ameaça, diminuição do estado de alerta e outras causas porventura associadas aos objetivos positivamente conseguidos ou nefastamente atribuídos, adaptações climáticas, eventuais lesões quer do foro traumático ou músculo tendinosas por excesso de fadiga, teremos sim uma situação de eventual crise de rendimento, caso não se avalie e recompense com um planeamento devidamente personalizado.
 

É claro que existem planos metodológicos ao nível do treino físico atlético e mental de referência para autenticar a dominante readaptação ao esforço para o retorno a um bom desempenho.  E o que é devido constatar, a existência de equipas técnicas de suporte, cada vez mais autenticadas de rigor e competência técnica e científica que são autênticos baluartes de suporte para a readaptação dos jogadores na obtenção da excelência.
 

Regressou a competição em termos do campeonato nacional … que todos possamos ser merecedores da festa do belo jogo e do qual sobrem notícias de generosidade e duma inatacável honestidade de processos, onde as noções do belo, do estético e do ético estabeleçam acordos para justificar o eco dos resultados a conseguir … exaltando os vencedores, aplaudindo os vencidos. É NATAL!...
 

José Neto: Metodólogo de Treino Desportivo; Mestre em Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências do Desporto; Formador de Treinadores F.P.F./U.E.F.A.; Docente Universitário – Universidade da Maia; Embaixador nacional para a Ética e Fair Play no Desporto.