Espaço Universidade A Grande Festa do Basquetebol Universitário: 'NCAA March Madness 2022' (artigo de Eduardo Monteiro, 73)
O Basquetebol Universitário nos Estados Unidos (USA) está de regresso à normalidade, depois de ter atravessado duas épocas desportivas com enormes dificuldades devido à pandemia. Na primeira época (2019/20) a situação pandémica foi catastrófica pelo que as competições universitárias tiveram que ser suspensas por razões de segurança sanitária. A suspensão abrangeu o tradicional torneio nacional “March Madness”, o que aconteceu pela primeira vez na história da principal competição universitária de basquetebol da National Collegiate Athletic Association (NCAA).
Na época seguinte (2020/21), face à experiência adquirida no combate à pandemia já foi possível organizar em moldes diferentes o “March Madness” 2021. Para se cumprirem as medidas de segurança em vigor, a prova teve que ser concentrada numa única cidade. A necessidade de se efectuar esta competição universitária era urgente e necessária, porque as receitas das transmissões televisivas são fundamentais para a manutenção das centenas de milhares de bolsas de estudo que, anualmente, são atribuídas pelas universidades aos estudantes atletas. Um risco controlado por uma boa causa. Este ano, para além da vacinação e do cumprimento integral das regras sanitárias decretadas a nivel estadual, a reorganização do “March Madness” foi encarada atempadamente, com determinação e máxima segurança.
SISTEMA DE APURAMENTO E SELEÇÃO DAS EQUIPAS
A 83ª edição do Torneio masculino de basquetebol da Divisão I da NCAA, conta com a participação de 68 equipas universitárias oriundas das diveras conferências regionais dos USA. Deste total, 32 estão automáticamente classificadas por terem vencido o torneio de apuramento nas 32 conferências que fazem parte da Divisão I da NCAA. As restantes 36 equipas são selecionadas pelos 10 membros do Comité da Divisão I do Basquetebol Masculino da NCAA. Esta seleção é processada com base nos resultados obtidos na época regular e rankings nacionais elaborados por especialistas da modalidade (jornalistas e treinadores). Deste grupo de 36 equipas selecionado, as primeiras 28 equipas têm acesso imediato ao torneio “March Madness,” enquanto as 8 últimas são sujeitas a uma pré-eliminatória directa cujos vencedores ocuparão as últimas 4 vagas disponíveis.
CALENDARIZAÇÃO - INSTALAÇÕES – ORGANIZAÇÃO - CIDADES
FIRST FOUR (15 e 16 Março)
- Arena da Universidade / Universidade Dayton/Dayton (Ohio).
1ª e 2ª ELIMINATÓRIA (17 e 19 Março)
- Moda Center / Universidade de Oregon State/Portland (Oregon);
- KeyBank Center / Metro Atlantic Conference/ Buffalo (N.Y.);
- Gainbridge Field House / Horizon League/ Indianapolis (Indiana);
- Dickies Arena / Texas Christian University/ Fort Worth (Texas).
1ª e 2ª ELIMINATÓRIAS (18 e 20 Março)
- Fiserv Forum / Marquete University/Milwaukee (Wisconsin);
- Bon Wellness Arena / Furman University/Greenville ( South Carolina);
- Paints Arena / Duquesne University; Pittsburgh (Pennsylvania);
- Viejas Arena / San Diego State University/San Diego (California).
SWEET SISTEEN/MEIAS FINAIS REGIONAIS
Região Oeste (24 Março) Chase Center/Pacific 12 Conference/San Francisco (California);
Região Sul (24 Março) AT&T Center/University of Texas/San Antonio (Texas);
Região Este (25 Março) Wells Fargo Center/University of Pennsylvania/ Philadelphia (Pennsylvania);
Região Midwest (25 Março) United Center/Northwestern University/Chicago (Illinois);
ELITE EIGHT (FINAIS REGIONAIS) (26 e 27 Março)
Os vencedores das 8 meias finais regionais (Oeste, Sul, Este e Midwest) disputam os títulos regionais e o acesso à Final Four nacional.
FINAL FOUR (MEIAS FINAIS NACIONAIS) (2 Abril)
Participam as 4 equipas campeãs regionais.
FINAL (Jogo decisão do Campeão Nacional) (4 Abril)
Finalíssima entre os vencedores das meias finais.
-Caesars Superdome/Tulane University/New Orleans (Louisiana)
RANKING NACIONAL (TOP 25) Associated Press-NCAA (Divisão I)
1º Gonzaga (26 vitórias-3 derrotas), 2º Arizona (28-3), 3º Baylor (26-5), 4º Auburn (27-4), 5º Kentucky (25-6), 6º Kansas (25-6), 7º Duke (26-5), 8º Villanova (23-7), 9º Purdue (25-6), 10º Tennessee (23-7), 11º Providence (24-4), 12º Wisconsin (24-6), 13º UCLA (23-6), 14º Texas Tech (23-8), 15º Arkansas (24-7), 16º Illinois (22-8), 17º Saint Mary´s (25-7), 18º Houston (26-5), 19º Murray State (30-2), 20º Connecticut (22-8), 21º S.California (25-6), 22º Texas (21-10), 23º Colorado State (24-4), 24º Iowa (22-9) e 25º North Carolina (23-8).
Considerações finais
O sonho de muitos milhares de jovens desportistas nos Estados Unidos da América é de poderem jogar no desporto universitário. Actualmente, 10 milhões de alunos do ensino secundário (High School) participam nas competições desportivas escolares de âmbito local e regional. Contudo, só cerca de 500.000 é que conseguem obter uma bolsa de estudo na qualidade de estudante-atleta numa universidade norte americana e participar nos campeonatos universitários. As vantagens de competir no desporto universitário são imediatas e são para toda a vida, porque concedem oportunidades de formação académica no ensino superior e de participação em competições desportivas de elevado nível competitivo.
O basquetebol universitário norte americano é praticado por jogadores ainda muito jovens, de ambos os sexos, sendo ensinado, aperfeiçoado e orientado por treinadores muito experientes e conhecedores do jogo. Estes treinadores, para além de possuírem formação académica de nível superior, transmitem ensinamentos técnico-tácticos, diversificados nas suas concepções tácticas e estratégicas, que enriquecem os praticantes e o jogo de basquetebol naquele nível competitivo. Uma delícia para quem gosta de basquetebol.
Entretanto, os treinadores que tiverem a oportunidade de acompanhar as transmissões televisivas dos jogos do “March Madness” vão beneficiar, certamente, de uma aprendizagem de qualidade na formação dos praticantes mais jovens.
A minha formação como treinador de basquetebol foi sempre reforçada nos ensinamentos dos treinadores das universidades norte americanas. Quando falamos de Desporto Escolar e Universitário e vemos o que se passa entre nós, temos a sensação que vivemos num mundo diferente.
Haja Saúde.
Eduardo Monteiro é ex-treinador do SL Benfica e das Seleções Nacionais