A corrupção no desporto: a face escondida (artigo Vítor Rosa, 225)

Espaço Universidade A corrupção no desporto: a face escondida (artigo Vítor Rosa, 225)

ESPAÇO UNIVERSIDADE31.03.202312:47

Se o desporto é unificador, a sua integridade pode ser comprometida por criminosos que procuram obter enormes lucros. A truncagem e outras infrações no desporto constituem um meio para as organizações criminosas gerarem lucros elevados e lavarem o produto das suas atividades ilícitas, com pouco risco de serem detetadas. A corrupção no desporto pode ser definida como uma qualquer atividade ilegal, imoral e antiética que tente a distorcer, deliberadamente, o resultado de um evento desportivo, com o objetivo de ganho pessoal para a(s) pessoa(s) que se dedica(m) a essa atividade. O combate a estas infrações requer cooperação nacional e internacional entre organismos desportivos, autoridades públicas, reguladores de apostas, a indústria do jogo e agências de aplicação da lei. A INTERPOL - Organização Internacional de Polícia Criminal tem um grupo de trabalho que se dedica a estas questões. Com cerca de cem membros e mais de cinquenta pontos de contato, como é referido na sua página da Internet, esta organização reúne outras de todo o mundo, por forma a melhor combater a corrupção no desporto. Concentra-se na troca de experiências e de melhores práticas, e serve como plataforma para a investigação e coordenação de casos internacionais. Apoia também outros países membros em investigações criminais e operações conjuntas em todas as modalidades desportivas e é apoiada por uma rede global de investigadores que trocam informações. Nos últimos anos, foram também criadas estruturas de cooperação para prevenir a exploração criminosa de grandes eventos desportivos.

O crime organizado no mundo desportivo pode ter efeitos devastadores e a escala deste crime é, segundo os especialistas, considerável. Através das suas declarações e relatórios, a INTERPOL tem reiterado isso mesmo. As tecnologias também vieram alterar o jogo para os criminosos, permitindo-lhes aumentar as suas atividades e aumentar os montantes financeiros envolvidos. Em 2021, estimava-se 165 milhões de euros gastos em apostas ilegais. É, provavelmente, a ponta do icebergue. O combate ao crime organizado não é simples, uma vez que as redes criminosas abrangem, frequentemente, grandes áreas geográficas e primam por esconder as suas atividades.

Sociólogo, Pós-Doutorado em Sociologia e em Ciências do Desporto, Doutor em Educação Física e Desporto, Ramo Didática