O herói do primeiro ouro olímpico
Campeonato Regional de Atletismo, Junho de 1974. Carlos Lopes (Sporting) com o treinador Moniz Pereira e Teresa Lopes, depois de ter batido o record nacional de légua, no Estádio Nacional. Foto: ASF

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA O herói do primeiro ouro olímpico

NACIONAL11.04.202410:00

Em democracia, Carlos Lopes elevou o nome de Portugal além-fronteiras e conquistou o primeiro lugar na maratona nos Jogos de Los Angeles, em 1984

Neste abril, às terças e quintas, A BOLA celebra os 50 anos de Liberdade oferecendo-lhe uma fotografia icónica. Esta é a foto e a história de hoje.

O 25 de Abril de 1974 expôs os atrasos identificados num País que permanecia na cauda da Europa durante o regime do Estado Novo. Quando se fala do Portugal ressuscitado, é necessário compreender a sua importância na modernização da sociedade, com destaque para o desporto. Ainda não existindo atletas de alta competição, destacou-se um que tornar-se-ia uma referência eterna no desporto nacional: Carlos Lopes.

O Campeonato Regional de Atletismo de 1974, mais que representar o novo recorde nacional de légua, marca o desporto nacional por ter sido o primeira da modalidade a ser disputado em democracia, servindo de prelúdio daquilo que Carlos Lopes nos ofereceria com o seu percurso. De Vildemoinhos para o mundo, superou as dificuldades sentidas na sua mudança para a capital e, a partir de 1970, construiu uma carreira, que teve o ponto alto no primeiro ouro olímpico português, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984.

Com o professor Mário Moniz Pereira formou uma dupla hegemónica. Com feitos já assinaláveis no contexto nacional, a desilusão nos jogos de Munique, em 1972, serviu de tiro de partida para uma carreira ímpar a nível internacional, iniciada com a conquista do Mundial de Corta-Mato, em 1976, no País de Gales, prova que ganharia por mais duas vezes, em 1984 e 1985, sendo a última realizada em Lisboa, despedindo-se dos portugueses com novo ouro. No seu percurso olímpico, destaque para a medalha de prata nos Jogos de Montreal, em 1976, nos 10 mil metros.

Enfrentando um longo calvário devido a uma lesão no tendão de Aquiles, o seu regresso definitivo, em 1982, estava destinado àquele momento de glória que aconteceu a 12 de agosto de 1984, quando colocou todo o país em êxtase, fixando um recorde olímpico da maratona que duraria até 2008.