Villas-Boas: «Vendas podiam ter pago três academias»
Zubizarreta e André Villas-Boas trabalharam juntos no Marselha

Villas-Boas: «Vendas podiam ter pago três academias»

NACIONAL18.04.202419:20

Candidato da lista B deixa críticas aos valores pagos nas comissões de transferências de muitos ativos ao longo dos anos, muito «acima dos rivais»; lamenta que juniores não sejam campeões há mais de cinco anos e os juvenis há 12

Na apresentação de Zubizarreta e Jorge Costa, André Villas-Boas fez o diagnóstico do que está mal na formação do FC Porto. Os problemas começam na equipa principal, com a saída de «muitos jogadores a custo zero» e no fraco valor líquido gerado pelas vendas.

«Há factos que são bem ilustrativos e que nos deixam preocupados, e que são um fator evidente de uma estrutura disfuncional. A falta de planeamento ao longo dos anos resultou em inúmeras saídas de jogadores profissionais da equipa principal a custo zero; em inúmeras contratações de jogadores na equipa A e na equipa B de valor dúbio e em contraponto com as necessidades dos seus treinadores; o uso permanente de determinados clubes e determinados intermediários como entreposto de negociação, significando que o FC Porto, em seis anos e meio de vendas de jogadores e com receitas no valor de 500 milhões de euros com essas vendas, tenha encaixado apenas 10 por cento desse valor, 50 milhões de euros, o que, comparando com os nossos rivais que tiveram encaixes na ordem dos 36 por cento e 46 por cento, ainda mais nos envergonha», criticou.

«A tudo isto, não só acrescem negócios simulados entre clubes com a intenção de forjar mais-valias, como também uma política de contratações desastrosa, sem rei nem roque, e onde a autoridade do clube se dissipou a favor dos interesses de determinados agentes e/ou intermediários. O contágio passou para a formação, onde os nossos juniores não são campeões há mais de cinco anos, os nossos juvenis há 12, e onde temos vindo a ser ultrapassados por clubes de menor dimensão e recursos, não só no campo desportivo como no infraestrutural», constatou.

«Virando o foco para a formação, nas últimas seis épocas e meia, o FC Porto realizou vendas de jogadores de cerca de 180 milhões de euros. Em média, pagou 24 por cento de custo de comissões e intermediação na venda desses jogadores, o que contrasta com os seus rivais que gastam em média cerca de 10 por cento. Caso o FC Porto tivesse gerado receitas e margem ao nível dos rivais, teria gerado entre cerca de 120 milhões a 180 milhões de euros a mais de resultados, ou seja, poderia ter pago três academias / centros de alto rendimento nesse período», atacou.