A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Eslovénia-Portugal

A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Eslovénia-Portugal

SELEÇÃO26.03.202423:08

Ficou por marcar penálti sobre João Cancelo e segundo golo foi precedido de falta sobre Ronaldo

O primeiro encontro de sempre entre Eslovénia e Portugal realizou-se no Estádio Stozice, em Liubliana. O jogo particular foi dirigido pelo internacional bósnio Irfan Peljto.

Ao contrário de outros jogos desta natureza (não todos), o de ontem não contou com a colaboração da vídeo arbitragem. A sua ausência foi muito notada, porque a este nível, as arbitragens (em campo) são quase sempre incapazes de acertar em tudo, do primeiro ao último minuto. E mesmo tratando-se de partidas "amigáveis", nunca é boa a imagem exterior de exposição ao erro que algumas decisões refletem, quando o acerto seria tão fácil perante um recurso que já existe e devia ser sempre utilizado.

Segue análise técnica aos lances mais relevantes da partida:

2' Cristiano Ronaldo foi solicitado por Pepe, partindo de posição (aparentemente) legal. Depois aconteceu o mesmo, mas no outro meio-campo, com Blazic. Em ambas as situações estiveram bem os árbitros assistentes ao nada assinalarem.

17' O pé direito de Janza foi claramente à bola, mas o esquerdo (no caso, o de trás) foi apenas às pernas de Otávio. Este é um dos tais lances em que tocar/jogar a bola não é necessariamente sinónimo de não cometer infração. A abordagem do lateral esloveno, totalmente negligente, foi bem sancionada com a primeira advertência do jogo.

19' Stojanovic acompanhou a corrida de Otávio, usando o braço direito para dificultar a sua ação, mas foi o médio português quem se colocou à frente e "por baixo" por adversário, de forma a tornar o contacto inevitável. Esteve bem o árbitro ao nada assinalar na área da Eslovénia.

20' Sporar tinha razão, foi (claramente) João Cancelo o último a tocar na bola, antes desta sair pela linha de baliza de Portugal. Era pontapé de canto para a seleção da casa, não de baliza para a turma das quinas.

38' Elsnik correu o risco e só não foi penalizado por erro de análise do árbitro bósnio: o jogador esloveno esticou a perna direita e tocou no pé esquerdo de Cancelo, derrubando-o já dentro da sua área. O defesa português levou depois a outra perna ao contacto, mas foi o primeiro momento que determinou a infração e queda. Ficou por assinalar pontapé de penálti para Portugal.

50' Stojanovic agarrou ostensivamente Vitinha, apenas para impedir a progressão com bola do português. A infração antidesportiva foi bem sancionada com advertência.

51' João Cancelo viu com justiça o cartão amarelo após derrubar Stojanovic, cometendo a chamada falta tática (considerada antidesportiva).

57' Sesko chegou tarde e atingiu a perna de Gonçalo Inácio com alguma impetuosidade. Importa sublinhar que não houve qualquer negligência ou malícia do jogador esloveno.

58' Stojanovic, ainda fora da sua área, tirou a bola a Francisco Conceição sem cometer infração passível de pontapé livre direto. Boa decisão de Peljto ao nada assinalar.

65' Francisco Conceição não concordou com decisão (correta) do árbitro da Bósnia-Herzegovina e protestou de forma algo excessiva. Foi bem advertido.

71' Francisco Conceição, em ação defensiva, tirou a bola dos pés de Verbic sem cometer infração sobre o adversário. Lance legal e bem avaliado na área de Portugal.

72' Golo legal da Eslovénia, marcado por Cerin.

80' O segundo golo da Eslovénia (cujo movimento atacante, em si, foi legal) aconteceu após decisão que, em nossa opinião, foi errada. Sem prejuízo da falta de repetições do lance, sempre importantes para o total esclarecimento da situação, ficámos com a ideia clara que, no início da jogada, Cristiano Ronaldo foi derrubado na área adversária por Blazic. O defesa esloveno, nas costas do capitão português, terá tocado com o pé na perna do adversário, derrubando-o na passada (infração imprudente). Este foi apenas outra situação que prova o que todos sabemos: há um jogo sem VAR e outro com VAR.

NOTA: 4