Quarta Registada: o que Amorim não disse

OPINIÃO Quarta Registada: o que Amorim não disse

OPINIÃO01.05.202410:00

Treinador do Sporting há muito que avisou que saía se não ganhasse títulos, mas nunca disse que ficava se os conquistasse. E sobre Inglaterra... nada

Os sócios e adeptos do Sporting vivem momento de euforia. O empate no Estádio do Dragão, a forma como foi conseguido – dois golos de Viktor Gyokeres num minuto e bem perto do fim –, fez o ponto saber a vitória, manteve a chama intensa e calou qualquer crítica que pudesse ser dirigida a Rúben Amorim. Fez os sportinguistas relativizarem as opções iniciais do treinador – sobretudo Gonçalo Inácio na ala esquerda, não tanto o goleador sueco ter ficado a primeira parte no banco, porque não estaria a 100 por cento devido a problema físico –, fê-los esquecer a viagem a Inglaterra. O título está praticamente conquistado, os méritos serão distribuídos e o técnico terá a sua quota parte. E que parcela! Significativa? Sem qualquer sombra de dúvida, tanto que nunca um benfiquista tinha sido tão aplaudido, ovacionado e cantado em Alvalade, sinal de reconhecimento e de que a sintonia dos adeptos com o treinador é inquestionável. Mas a continuidade não é…

Na conferência de imprensa de antevisão do clássico com o FC Porto, o jogo era secundário. O interesse estava na explicação de Rúben Amorim sobre a ida a Londres, esclarecimento prometido pelo próprio para aquele dia. Amorim reconheceu que errou – «Obviamente que foi um erro a minha viagem, o ‘timing’ foi completamente desajustado. (…). Foi uma falha minha, tenho de assumir e viver com isso. Não pareceu tão mau na altura, mas pensando depois é muito claro» –, mas explicação… nada.

Rúben Amorim não disse o que foi fazer a Inglaterra. Nem confirmou ter falado com gente do West Ham quando a pergunta foi assim, direta. O treinador é conhecido sobre não deixar nada por dizer, mas sobre este tema, além de reconhecer o erro, não disse nada. Ficámos todos na mesma. Porém com a ideia de que a vontade é mesmo sair.

Amorim há muito que avisou que saía de Alvalade se não ganhasse títulos mas nunca disse que ficava se os conquistasse… Está à beira de agarrar um, o maior de todos, até pode fazê-lo já este fim de semana, e pode ganhar outro no final do mês - e não são assim tantas as dobradinhas dos leões... Tem de dizer, afinal, o que quer da vida. E tem de explicar como podia ter tanta certeza na saída (caso não ganhasse) se tem contrato até junho de 2026, cláusula de rescisão de 20 milhões de euros e convém lembrar que o Sporting pagou 10 milhões de euros para o resgatar ao SC Braga em março de 2020. Será que agora vai querer pagar a saída com o título? Está na hora de esclarecer, pôr tudo em pratos limpos. Frederico Varandas agradeceria, porque tem uma nova época para preparar e tem de saber se tem o treinador de corpo e alma...

SELO DE GOLO

Este selo não é de golo, é de goleada. André Villas-Boas venceu as eleições do FC Porto com 80 por cento dos votos, contra os 20 por cento de Pinto da Costa. Uma vitória por 8-2 que mostra bem que tinha chegado a hora da mudança. Pinto da Costa nunca percebeu a sua hora...