Supertubos - Ondas e dinheiro
Fotografia Pedro Mestre/WSL

Supertubos - Ondas e dinheiro

SURF05.03.202408:43

PARTE 1 - Prova celebra a 15.ª edição. Começa quarta-feira e custa 3,5 milhões de euros. A BOLA explica o sucesso da única etapa europeia do Circuito Mundial, que deverá renovar a permanência

Na véspera de começar mais uma passagem do Circuito Mundial por Portugal, para a disputa da terceira etapa de 2024, A BOLA foi à procura do que tem a praia de Supertubos, em Peniche. O que faz dela uma das mas desejadas e única no velho continente. A resposta é: tem ondas de classe mundial e um investimento financeiro público e privado suficiente para levantar e ali fixar um evento capaz de receber uma prova do Championship Tour (CT).

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São estes os dois fatores-chave, o que a natureza oferece e o que o homem está disposto a pagar, que transformam Peniche na única paragem europeia do calendário do circuito principal da Liga Mundial de Surf (World Surf League), estatuto conquistado a partir de 2022 depois de anos a fio a partilhar palco com as praias do sudeste francês.

Fotografia Pedro Mestre/WSL

Em Supertubos, além das ondas tubulares, a possível mobilidade do evento — Molhe Leste, Lagido e Belgas — contribuiu para fixar Peniche como palco de eleição exclusivo a nível europeu de uma competição que, nas restantes nove etapas, viaja pela América do Norte (Havai e Estados Unidos), América Central (El Salvador), América do Sul (Brasil), Oceânia (Austrália e Fiji) e Polinésia Francesa (Taiti).

«Desde 2009 o surf conheceu uma evolução em números de audiência e em participação é dos poucos desportos que está a subir dois dígitos todos os anos», começou por explicar Francisco Spínola, presidente da World Surf League (WSL) para a Europa, África e Médio Oriente.

Fotografia Pedro Mestre/WSL

A profissionalização crescente e a explosão dos números «criou maior concorrência» entre os destinos que procuram estar no mapa das competições «e a França perdeu a prova exatamente porque não conseguiu acompanhar as exigências da organização a nível de investimento que são necessárias», sintetizou Spínola, empresário português e dono da Ocean Events, empresa responsável por ter estacionado há 15 anos uma etapa do circuito de elite do surf mundial na baía piscatória da zona Oeste.

‘prize-money’ ronda um milhão

«Uma prova destas custa 3,5 milhões de euros», revela, sem meias medidas. «Só o prize-money total de homens e mulheres ronda um milhão de euros», adiantou ainda. A distribuição dos dinheiros aos surfistas mereceu uma explicação extra por parte de Francisco. «Homens e mulheres recebem igual prémio, mas este não é dividido ao meio. Há mais dinheiro a ser distribuído por homens, 36 surfistas, do que mulheres, 18, por causa do número de atletas em prova», esclareceu.

Fotografia Pedro Mestre/WSL

Celebrar bodas de cristal

O pedido para etapa de Supertubos foi concretizado em 2009, à boleia de uma licença. Passado com distinção no teste da WSL para aferir da qualidade da onda e da recetividade internacional, nacional e local ao evento, no ano seguinte assegurou o estatuto de etapa permanente do Circuito Mundial ASP antecessora da WSL.

Em 2010, a prova portuguesa dispôs de um orçamento de 1,6 milhões de euros, divididos em milhão de euros de produção do evento, aos quais acresceram os prize-money da competição masculina (400 mil dólares, cerca de 300 mil euros) e feminina (100 mil dólares, cerca de 75 mil euros), segundo dados revelados na altura.

Fotografia Pedro Mestre/WSL

Hoje, passados 15 anos, os valores mais que duplicaram. «Estamos a falar de apoios públicos — Turismo de Portugal e Câmara Municipal de Peniche e organismos públicos — que não chegam a 15 por cento desses 3,5 milhões», detalhou Francisco Spínola. «O resto é privado e em que quase 30 por cento vem do investimento privado local, MEO e empresas angariadas em Portugal e o restante da angariação da nossa equipa a nível internacional», pormenorizou.

Fotografia Pedro Mestre/WSL

«Paga-se a si mesmo»

«Só o impacto direto de impostos, sem receber qualquer investimento, o que o evento gera em termos fiscais é maior do que é investido pelos organismos públicos», conta. O prize-money, cerca de 230 mil, é retido na fonte e desses 2,5 milhões de euros restantes usados na produção, 1,3 milhões são fornecedores portugueses. Logo, 23 por cento de IVA fica em Portugal», aditou.

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«É um evento que logo aí se paga a si mesmo. E isto assumindo que não trazia uma noite de hospedagem que fosse. Estamos só a falar de produção e investimento direto da etapa. Tudo o resto, os milhões que gera na economia local, todos esses negócios pagam impostos, IVA e IRC. Em termos fiscais é um bom negócio para o país», destacou.

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