Lutar pela liberdade

Lutar pela liberdade

JUDO25.04.202408:10

Começa esta quinta-feira o Europeu de Zagreb e Portugal tem já seis dos seus 15 judocas em ação. Após seis meses e uma intervenção cirúrgica depois, Telma Monteiro regressa à competição. «Não poderia ser num dia mais bonito», diz

«Foram cinco meses de muita luta, muito trabalho, extrema dedicação, lágrimas, dor e suor, para poder voltar à competição o melhor possível a tempo de concluir o meu objetivo. Desde o primeiro dia senti e sabia, sabíamos, do desafio que estava à nossa frente. Foi duro. Mas o momento chegou! Volto à competição dia 25 de Abril no Campeonato da Europa. Não poderia ser num dia mais bonito», escreveu Telma Monteiro nas redes sociais, na passada semana, a confirmar o regresso aos tatamis.

Cerca de duas semanas depois do nome ter integrado a convocatória de 16 judocas para o Europeu de Zagreb de judo — equipa que, entretanto, perdeu Bárbara Timo (-63 kg) devido à olímpica do Benfica, que foi bronze em Lisboa-2021, ter sofrido um estiramento —, Telma confirmava a ida a uma das provas que lhe é mais querida, onde já deixou a sua marca para a eternidade, e que esta época começa num dia histórico para Portugal. Jornada em que, hoje, estarão em ação outros cinco portugueses.

Ambição dos sextos Jogos

Para a hexacampeã europeia será também um dia de liberdade. A de poder voltar a fazer aquilo que sempre gostou, competir — bem, talvez aprecie mais ganhar — e manter viva a ambição de chegar aos Jogos de Paris-2026.

Meta que, a concretizar-se, acontecerá pela sexta vez na carreira. Não só se tornará na atleta feminina nacional com mais participações olímpicas, como no primeiro judoca a nível mundial a disputar meia dúzia de Jogos desde que a modalidade integrou o programa em Tóquio-1964 e fixou-se definitivamente em Munique-1972.

SELEÇÃO NACIONAL

Quinta-feira
-48 kg: Catarina Costa (8.ª)-isenta 1.ª ronda
-48 kg: Raquel Brito (45.º)-S. Rishony (Isr, 21.ª)
-52 kg: Maria Siderot (31.ª)-R. Gyertyas (Hung, 33.ª)
-57 kg: Telma Monteiro (29.ª)-L. Nairne (Gbr, 24.ª)
-60 kg: Rodrigo Lopes (33.º)-E. Amarasekara (Nor, 294.º)
-66 kg: Miguel Gago (109.º).M. Setz (Ale, 31.º)

Sexta-feira
-70 kg: Joana Crisóstomo (52.ª)-A. Samardic (Bih, 32.ª)
-70 kg: Taís Pina (34.ª)-A. Tsunoda (Esp, 8.ª)
-73 kg: Otari Kvantidze (95.º)-O. Cazorla (Fra, 59.º)
-73 kg: Thelmo Gomes (122.º)-A. Raicu (48.º)
-81 kg: Anri Egutidze (54.º)-J. Duyck (Bel, 87.º)
-81 kg: João Fernando (21.º)-J. Vrenozi (Alb, 455.º)

Sábado
-78 kg: Patrícia Sampaio (13.ª)-L. Kuka (Os, 28.ª)
+78 kg: Rochele Nunes (8.ª)-isenta 1.ª ronda
-100 kg: Jorge Fonseca (14.º)-G. Pirelli (Ita, 26.º)
Selecionadores: Marco Morais e Pedro Soares

Recorde de 18 Europeus

Será igualmente viver a liberdade de estar naquele que, aos 38 anos, deverá ser o último Europeu que realiza antes de se retirar e o 18.º da carreira. Máximo que tão cedo não será ameaçado por ninguém da Seleção. E isto sem sequer comparar com as 15 medalhas individuais consecutivas, mais uma por equipas mistas, que conquistou nas anteriores 17 participações.

Telma sempre teve o desejo de concluir os mais de 20 anos no judo de alta competição entre as melhores do mundo. Depois de, em novembro, no Europeu Montpellier-2023, ter sofrido uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo logo no primeiro combate contra a russa Daria Korbonmamadova, o que a obrigou a intervenção cirúrgica e exigente recuperação física enquanto estava limitada em andar ou correr e procurava manter a força física e resistência, não surgirá, naturalmente, no primeiro Euro na Croácia ao mais alto nível. Até porque lhe falta o ritmo competitivo, mas não será por isso que deixará de ter ambição do pódio e não será temida.

Apurada por quota alheia

É sobretudo a primeira oportunidade de tentar pontuar para o ranking de qualificação olímpica que seis meses afastada do Circuito Mundial a retiraram do top 10 dos -57 kg e a deixaram em 24.ª. Neste momento estaria qualificada para Paris-2024, mas já seria beneficiando das vagas oriundas de continentes que não têm atletas suficientes para preencherem as respetivas quotas continentais, costuma acontecer com a Oceânia e até África, e cujo lugar será atribuído a quem tem mais pontos dos cinco continentes.

Contando com o Europeu, restam quatro provas do Circuito para fechar o apuramento e todos os pontos que se consigam podem vir a fazer a diferença entre, no final de julho, estar a combater em Paris ou ficar em casa a ver pela televisão.