Liga e a centralização dos direitos televisivos: «Fazer bem e não só depressa»
Rui Caeiro é diretor-executivo da Liga (Foto: Eduardo Oliveira)

Liga e a centralização dos direitos televisivos: «Fazer bem e não só depressa»

NACIONAL07.05.202408:14

Rui Caeiro, diretor-executivo da LPFP, diz que «o futebol português vai sair valorizado»

Rui Caeiro, diretor-executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), garantiu que o plano de centralização dos direitos audiovisuais das competições profissionais está a decorrer dentro do previsto.

«Estamos exatamente no ponto em que pensávamos que íamos estar. A partir de agora, como também disse, ainda faltam dois anos até apresentar à Autoridade da Concorrência (AdC) e portanto vamos fazê-lo cumprindo os prazos com rigor, com muito rigor, para fazer bem e não só depressa», disse o responsável, em entrevista à agência Lusa.

A importância de não acelerar o processo foi justificada com a necessidade de criação de documentos «estruturantes», como o regulamento de controlo económico (finalizado), o regulamento de audiovisual e o de comercialização dos direitos (em fase de conclusão).

«Há umas pessoas que acham que estamos a ir depressa demais, outras que estamos a ir devagar. Possivelmente é porque estamos a ir à velocidade que temos de ir, cumprindo aquilo que são os objetivos a cumprir de forma rigorosa aquilo que é o cronograma que definimos. Não vamos andar nem mais depressa, nem mais devagar daquilo que é o que está planeado e acordado e que, de alguma forma, o decreto-lei, que embora, como disse há pouco, venha já com alguns anos de atraso, impôs em 2021 e no qual temos trabalhado», reforçou.

Rui Caeiro falou ainda do facto de Portugal ser dos poucos países europeus sem centralização dos direitos: «Foi traçado já há muitos anos, nomeadamente pelo presidente Pedro Proença, em 2015, quando disse que o tema da centralização era um tema fundamental para o crescimento do futebol português. Bateu-se por essa realidade. Essa realidade é materializada num decreto-lei em 2021 [que determina a comercialização centralizada dos direitos televisivos dos jogos da Liga e Liga 2 a partir de 2028/29, mediante um modelo a apresentar à AdC pela Liga e pela FPF até final de 2025/26] e agora cumpre-nos fazê-la executar. É isso que estamos a fazer e, volto a dizer, deixando também esta tranquilidade, com o empenho dos nossos associados, com a certeza que a centralização é um garante de sustentabilidade e crescimento do futebol português.»

Sobre os modelos de distribuição de receitas, atirou: «Estamos a trabalhar nessas matérias, possivelmente menos interessantes do ponto de vista público, para estar agora a discutir, mas que são fundamentais para que haja esta base e, depois, se consigam construir as outras partes. Possivelmente, aí mais visíveis da distribuição das verbas, mas com essa lacuna não seriam possíveis. É isso que estamos a fazer até agora.»

«As nossas metas são fazer um processo de centralização correto, cumprindo todos os passos necessários, fazer um bom processo de centralização, porque, acima de tudo, o que acreditamos é que o futebol profissional português vai sair valorizado, o nosso produto televisivo vai sair valorizado, cumprindo os passos que outros já deram e que nós estamos neste momento a querer dar», notou.

Acreditamos que os direitos audiovisuais têm potencial enorme de crescimento

Rui Caeiro falou também do objetivo de cerca de 300 milhões de euros dos direitos audiovisuais centralizados por cada ano. «É uma boa notícia para o futebol português. Há muitos interesses. Há muito trabalho ainda para fazer. Estamos a trabalhar de forma afincada precisamente nessa construção de valor e acreditamos que os direitos audiovisuais têm um potencial enorme de crescimento, quer internacionalmente quer também nacionalmente. E foi o próprio mercado que nos deu essa confirmação e que nos deu essa segurança. Vamos continuar a trabalhar precisamente para atingir esses objetivos», disse.

A distribuição ainda está por definir, mas pode passar por uma repartição igualitária de metade do valor, ficando o restante dependente das variáveis do desempenho desportivo, da implantação social ou das audiências televisivas: «Em primeiro lugar, um ponto prévio, tenho a certeza que a centralização será um fator de competitividade do futebol português e de crescimento do futebol português. Nesse aspeto parece-me indesmentível (...). Depois, essa repartição 50-25-25, é a repartição que, se olharmos para aquilo que são as realidades europeias, se aplica na maior parte das situações, com ligeiras idiossincrasias relacionadas com a realidade específica de cada uma das geografias. Mas esse modelo de distribuição é também aquele que garante que noutras geografias haja maior equilíbrio, maior sustentabilidade e maior equidade entre a distribuição das verbas.»

«Estão presentes [no Conselho de Administração da Liga Centralização] várias tipologias de clubes, tendo em conta quer os seus volumes de direitos audiovisuais, quer outras realidades, e todos eles, de forma empenhada, têm-se comprometido e têm trabalhado em conjunto neste projeto (...) Tenho a certeza de que o objetivo final, que é o do crescimento do futebol profissional português como um todo, o crescimento do talento português, é um objetivo e um desígnio que é comum a todos», finalizou.