Seleção: Pedro Neto dois anos e meio depois para se afirmar de vez
Extremo do Wolverhampton participou em apenas três jogos pela equipa das quinas devido às lesões, apesar de já ter sido considerado uma arma de Fernando Santos
Dois anos e meio depois, Pedro Neto pode voltar a somar minutos pela Seleção principal. Lançado em novembro de 2020 por Fernando Santos, com inclusão imediata no onze inicial para o particular com Andorra (7-0), o jovem extremo mostrou desde cedo ser alguém a ter de estar por perto nos tempos mais próximos.
Colocado sobre a esquerda, juntou à estreia um golo, mais concretamente o primeiro da goleada, a passe de Sérgio Oliveira. Uma jogada de envolvimento pela direita, com vários intervenientes posteriores, deixou-lhe a bola ao jeito do pé mais apurado, o esquerdo, que fuzilou Josep Gomes. Ao intervalo da partida da Luz, ficou no balneário. Entrou no seu lugar Cristiano Ronaldo. Tornou-se o primeiro jogador nascido em 2000 a jogar pela equipa das quinas.
Estreia vai ficar para sempre marcada na minha carreira
«Foi um sonho. Estrear-me e marcar é o concretizar de um sonho de criança. Vai para sempre ficar marcado na minha carreira. Foi um momento muito especial», avaliou após o final do encontro, antes de responder à questão sobre o que o selecionador lhe tinha pedido para esses primeiros minutos: «Disse-me para fazer o que faço no meu clube, uma vez que foi isso que levou à minha chamada. Foi o que fiz, joguei o meu futebol como procuro fazer sempre.»
Dias depois, não saiu do banco diante de França e Croácia, em encontros da fase de grupos da Liga das Nações, porém em março voltou a constar nos eleitos para a jornada tripla da fase de qualificação para o Campeonato do Mundo. Participou no primeiro, de novo enquanto titular, diante do Azerbaijão (1-0), e esteve em campo 63 minutos, período durante o qual Portugal chegou ao único golo da partida, graças à infelicidade de Maksim Medvedev, que acertou na sua própria baliza. Depois, no empate no Marakana de Belgrado (2-2), assistiu a tudo desde o banco. Por fim, a 30 de março, na visita ao Luxemburgo, aproveitou a lesão de João Félix aos 41 minutos para carregar o selecionado luso para o triunfo com duas assistências: a primeira, no 0-1, já no segundo minuto de compensação da primeira parte, num cruzamento para a finalização de Diogo Jota; e a derradeira, aos 80 minutos, ao converter o canto que valeu o 1-3 a João Palhinha. Só voltou à equipa em setembro do último ano para ser suplente não utilizado frente à República Checa.
Duas lesões graves retiraram-lhe a hipótese de representar Portugal em duas fases finais. No Euro-2020, que se realizou um ano mais tarde devido à pandemia, era praticamente ponto assente que estaria presente. Aliás, a sua irreverência, com a capacidade de desequilibrar no 1x1, deixou mesmo saudades, tendo em conta a raridade de tais ações entre os outros elementos da convocatória final. Contudo, a rótula do joelho cedeu e teve de parar nove meses. Voltou em janeiro de 2022 para parar de novo em março. Agora, foi o tornozelo a levá-lo à mesa de operações, com sentença imediata e muito difícil de digerir. Estava fora do Campeonato do Mundo.
Os dois problemas afetaram a sua prestação nos últimos meses. É nesse sentido que é chamado aos sub-21, tendo em vista a fase final do Campeonato da Europa em junho passado, realizado na Bielorrússia. Esteve nas quatro partidas de Portugal e somou apenas uma assistência, o que diz bem do seu momento de forma. No entanto, recuperou, iniciou bem a nova temporada - 4 jogos, 3 assistências -, o que justificou a chamada a Roberto Martínez. Espera-se que, finalmente, se afirme de vez. Desde que as lesões o deixem em paz.