Tudo o que disse Roberto Martínez antes do jogo contra a Geórgia

SELEÇÃO25.06.202418:18

Selecionador revelou dois nomes para o onze e frisou a importância de vencer o último jogo da fase de grupos

Roberto Martínez sublinhou, numa longa conferência de imprensa, a importância de vencer o encontro contra a Geórgia para respeitar a integridade do torneio e apresentar uma boa imagem de Portugal. O selecionador da formação portuguesa revelou que Diogo Costa e Cristiano Ronaldo vão ser titulares e garantiu que ainda não pensa no adversário dos oitavos.

Leia tudo o que disse Roberto Martínez:

— Já confirmou que Diogo Costa será titular, teve aqui o João Félix, o que mais pode dizer sobre o que vai mudar?

— Em primeiro lugar, respeitar o jogo. Preparámos o jogo para ganhar e a integridade do torneio é essencial, é um jogo importante porque no fim, o resultado vai definir quem se apura e quem não se apura. A Geórgia fez um torneio muito interessante, tiveram oportunidade de ganhar contra a Chéquia no último lance do jogo, foram muito competitivos contra a Turquia e nós precisamos de continuar com o mesmo foco e queremos ganhar. Quanto ao onze inicial, o que é importante é continuar a crescer. Não gosto da palavra revolução, porque todos os jogadores que estão na Seleção têm papéis importantes e amanhã o onze inicial e o que vai terminar terá jogadores importantes. O Diogo Costa vai estar na baliza porque não gosto de rotações na posição de guarda-redes, penso que os guarda-redes são uma equipa dentro da equipa e dois jogos num torneio é muito curto. Precisamos do Diogo com boas ligações e relações com os centrais, com as diferentes linhas defensivas que temos, situações de bola parada, o estilo de ataque da Geórgia… acredito no José Sá e no Rui Patrício, estão preparados para entrar e ganhámos jogos de apuramento com eles e, como tal, não preciso rodar na baliza. Depois, há jogadores que já mostraram o que conseguem fazer na Seleção. Não há revolução, há uma equipa competitiva e que se prepara para ganhar o jogo.

— Temos o caso do Francisco Conceição, que foi importante no primeiro jogo, mas no festejo viu amarelo. Tendo em conta que depois vem um jogo de mata-mata, o cartão pode influenciar a eventual titularidade do Francisco Conceição?

— Não. É uma boa observação, mas é uma situação normal. É um cartão amarelo, eu teria a mesma emoção que ele, entendo a celebração, mas não faz parte do que o Chico faz no terreno do jogo. É um jogador vertical, agressivo com bola, o cartão não é um problema. Penso que tem muitas probabilidades de jogar amanhã.

Francisco Conceição viu o cartão amarelo por ter tirado a camisola nos festejos do golo. Foto: Miguel Nunes

— Tivemos aqui há pouco o João Félix, pode confirmar a titularidade? Ainda não tem minutos, certamente existe frustração e ansiedade nos que não foram utilizados, como gere isto? Preocupa-lhe que haja fricção na equipa?

— Não há fricção. A Seleção é o momento mais importante da carreira de um jogador, com certeza todos querem jogar no onze inicial e os 90 minutos, mas os jogadores têm uma consciência, uma ideia de que são muito importantes e que se nós queremos ganhar como nação precisamos todos de ajudar a Seleção no relvado, fora do relvado e no treino. O nível no treino está a ser incrível, e os nossos desempenhos mostram isso. O João quer jogar e está preparado. É isso que avalio, atitude, trabalho, compromisso e posso dizer que os 26 jogadores têm tudo isto.

Cristiano Ronaldo vai ser titular amanhã? Como é que ele tem lidado, depois do jogo com a Turquia, com as constantes invasões?

— Posso dizer que amanhã o capitão vai estar no onze inicial. É importante que jogue, jogou apenas um jogo de preparação, teve uma época muito consistente, joga todos os jogos, teve muitos minutos e acho que para continuar com o ritmo competitivo não é bom parar e depois reativar em 6 dias. O capitão e o Diogo Costa são dois jogadores que estão no onze inicial. Quanto às invasões, é um jogador experiente, tem mais de 20 anos de Seleção, conhece bem o apoio e os adeptos não são só da Seleção, mas sim adeptos do futebol. Espero que não haja invasões porque é perigoso, não é bom para a imagem do futebol e não é uma parte do jogo que queiramos ver.

— Já percebemos pelo que disse que será Diogo Costa, Ronaldo e mais 9.

— Acho que não dá para jogar com mais… (risos)

— Sobre o Pepe, o que nos pode dizer? Vai haver algum cuidado especial? Tem 41 anos, jogou muitos minutos nos últimos dois jogos, há cuidado na gestão?

— Todos os jogadores têm uma gestão individual. Idade não interessa agora. Falamos de um torneio curto, o que interessa são as lesões, minutos, o que foi a época e temos informação boa. Estivemos 24 dias juntos, alguns jogadores tiveram mais 3 dias de treino, temos muita informação. Não faz sentido olhar para a idade num torneio curto.

— Ontem o Nuno Mendes, o Gonçalo Ramos e o Diogo Jota trabalharam à parte. O Nuno Mendes, segundo o que apurámos, só fez ginásio, Jota e Ramos fixeram corrida e outros exercícios. Qual é a condição física deles neste momento?

— Os três estão aptos para o jogo de amanhã. Talvez não possam jogar 90 minutos, só fizeram um treino com a equipa, mas medicamente estão aptos.

— Já falou do Diogo Costa e Ronaldo, que vão ser titulares. Já passaram três anos, mas com a Bélgica no Euro 2020, numa situação igual à atual, mudou quase todos os jogadores, manteve apenas o Courtois e o Lukaku.

— Coincidência!

— Correu bem, é algo que irá, portanto, manter?

— Acho que a experiência é importante. Tive essa situação no Euro 2020, também no Mundial 2018 e é importante gerir a situação em relação ao balneário. Todos os jogadores são diferentes, todos os balneários têm competitividade pelas posições de forma diferente. A estratégia que precisamos de ter no balneário de Portugal é grande, a gestão é diferente, é individual. Mas é importante, a minha experiência mostra que é importante manter o guarda-redes e crescer como equipa. O foco é ganhar, não é que todos joguem, gerir o balneário, não. É ter uma equipa competitiva que mostra que os jogadores que querem jogar estão no onze inicial no próximo jogo.

— O Félix esteve aí sentado e deixou-nos a ideia de que vai ser titular. Já confirmou Costa e Ronaldo, não pode confirmar o Félix?

— E depois querem o ala direito, o esquerdo, e podemos fazer já o onze rapidamente… (risos) não. Não posso dizer mais jogadores porque ainda não falei com eles. O que é importante com o Félix é que é um jogador de nível mundial. Tem uma qualidade no jogo por dentro que é superlativa. Gostaria que o Félix, Danilo, Matheus Nunes, jogadores que ainda não jogaram, quando entrem mostrem que acreditem e que têm o apoio do balneário para fazer um bom desempenho. Como Seleção, a parte psicológica é muito importante. Acredito em todos os jogadores, mas só podem começar 11.

— Portugal ainda não tem adversário para os oitavos, tem alguma preferência? Como vive o sentimento de incerteza sobre o adversário?

— Faz parte. O foco é o jogo de amanhã. O único foco é tentar ganhar os três jogos e crescer como equipa. O compromisso e a atitude dos jogares foram exemplares e é continuar. Adversário dos oitavos não é importante agora, vai ser importante dia 1. O foco é a Geórgia, é uma equipa que me surpreendeu. Chegar a um europeu não é fácil, e eles mostraram que têm capacidade defensiva, normalmente num bloco baixo com linha de 5, mas capacidade de contra-ataque, capacidade individual com nível fantástico. O foco é a Geórgia e dar o melhor de nós.

— Tem um plantel de grande qualidade, nível de liga dos campeões. Tenta adaptar os jogadores a um sistema ou o sistema aos jogadores?

— Todos os treinadores são diferentes, durante a minha carreira conheci muitos treinadores que tinham um sistema e os jogadores tinham de se encaixar nesse sistema. A minha preferência é ter uma equipa equilibrada e deixar o talento individual ditar como jogamos. Quando olho para a equipa que temos, a qualidade, temos de ter bola e atacar, temos uma equipa que pode criar chances, defender rapidamente. É importante haver flexibilidade tática mais do que ter um sistema rígido.

— Se fechar os olhos e sonhar, imagina-se como campeão? Quem são os favoritos para conquistar o Euro e Portugal faz parte dos favoritos? O que pensa da Itália? Como está a ser a experiência de treinar Portugal?

— Se me perguntar como selecionador da equipa de Portugal, não posso sonhar, tenho de trabalhar. O objetivo é chegar longe, permitir aos adeptos sonhar, até porque esta geração é fantástica. O objetivo é tornar o sonho dos adeptos realidade. A segunda questão, não acredito que Portugal seja um dos favoritos. Os pequenos detalhes definem quem avança até às finais. Portugal é candidato, mas não é favorito. Sinto que Itália também está no grupo dos candidatos. São seleções com experiência, habituadas a jogar estes torneios, são sempre competitivas, nunca são verdadeiramente surpresas, mas não são as principais favoritas a ganhar este Euro 2024. Itália tem um treinador fantástico, tem experiência e tudo o que precisa para chegar longe. Estou a adorar descobrir a cultura e paixão à volta da Seleção portuguesa, a alegria que traz aos emigrantes, principalmente aos que estão na Alemanha, não conseguia imaginar o que ia encontrar aqui, a forma como vivem a seleção nacional… sinto-me orgulhoso.

— Disse que Vitinha foi, nas últimas semanas, o melhor Vitinha que viu na Seleção. Gostaria de saber em que jogo fez mais progressos.

— O Vitinha é jovem, um jogador que teve uma época muito importante na sua carreira, o que ele fez na Liga dos Campeões, nos jogos importantes, mudou a sua forma de jogar e a sua personalidade. Vi os seus jogos no PSG contra o Barcelona, Dortmund, e vi um Vitinha novo, que está preparado para a responsabilidade de jogar pela Seleção. No primeiro jogo amigável, contra a Finlândia, foi o melhor Vitinha no nosso período na Seleção.

— Já viu alguma tendência, moda, no estilo das equipas? Algo que chame à atenção do mister?

— Penso que, no geral, os jogos têm sido muito competitivos. Há uma ideia de ganhar, atacar, de tentar marcar golos e gostei muito disso. Vimos golos nos últimos cinco, dez minutos das partidas, o nível físico das equipas é muito forte, mas acho que a ideia de as equipas marcarem golos e terem intenção no ataque é o que está a fazer do Euro 2024 um torneio muito forte.

— O que pensa sobre a seleção georgiana? De que forma olha para o futebol georgiano de uma forma mais global, alem da seleção?

— A seleção georgiana tem bastante qualidade. Kvaratskhelia consegue quase sozinho partir a defesa adversária. É uma grande equipa, admiro a forma como se qualificaram, foram uma das seleções com melhor prestação na Liga das Nações e ganharam o lugar nos play-offs. É uma equipa que tem vários jogadores com qualidade, jogadores jovens e que tem feito um bom percurso no futebol jovem.