Os destaques de Portugal: Bruno e Bernardo na condução de orquestra que é de todos
E o difícil que é individualizar um coletivo tão forte, unido e solidário? Enorme explosão de talento de Rafael Leão na primeira parte. Matheus e Semedo obrigam Martínez a pensar
Rui Patrício (6) – Há quase um ano que não jogava na Seleção e até na Roma perdeu o lugar para Svilar. Mas… não perdeu a qualidade. Atento aos 2’, num desvio em Ruben Dias, após ataque perigoso de Hien. Boa resposta, também, no arranque da segunda parte, a remate de Cajuste (49’), ficando, à beira do fim, a ideia de que poderia ter feito melhor no segundo golo sueco.
Nélson Semedo (8) – Mais atrevido no ataque do que Nuno Mendes, a garantir maior abertura na direita e permitindo a Bernardo poder jogar em linhas mais interiores. Está na linha da frente da lista de espera para o Europeu, caso se lesione um dos garantidos (Dalot e Cancelo). Em dois desses avanços à linha de fundo, fez duas assistências: para o 3-0 e para o 5-0. Saiu aos 82’, muito desgastado, por conta dos quilómetros percorridos.
Pepe (7) – Eficácia no controlo dos espaços e dos movimentos adversários, como seria de esperar do alto dos seus 41 anos e da sua experiência, fundamental nas horas de maior aperto, ontem escassas. Saiu ao intervalo, será um dos que segue para a Eslovénia, também.
Rúben Dias (7) – Para um guerreiro combativo e intenso como Gyokeres só mesmo guerreiro e meio. E foi isso que o central do Manchester City foi na noite de Guimarães, um conquistador do espaço que o sueco do Sporting procurava, um destruidor de toda e qualquer intenção do nórdico.
Nuno Mendes (7) – À luz do vigor que já mostra em campo, ninguém diria que regressou ao ativo há apenas 25 dias após longa paragem de 10 meses a recuperar de lesão. Um regresso à Seleção, um ano depois, que se saúda. Inultrapassável a defender, intenso e certinho a lançar companheiros para o ataque. Para não arriscar e testar outras opções, Martínez deu-lhe descanso ao intervalo.
Matheus Nunes (8) – Que disparo (o primeiro da Seleção), aos 15’, para boa defesa de Robin Olsen! À segunda, aos 33’, bateu mesmo o guarda-redes, vendo bem o espaço e atirando a contar. Está a disputar com João Neves e Vitinha um lugar no Europeu e, neste teste, acumulou pontos. Distinguiu-se, ainda, pela ligadura na mão, necessária depois do arrepiante lance pelo City em que ficou com um dedo torcido – nada que o tenha afetado…
Palhinha (8) – Ajudou os centrais na árdua missão de controlar sobretudo Gyokeres, contra o qual foi uma espécie de antídoto de belo efeito, mas também Isak, a ele se devendo muito o apagão do atacante do Newcastle. Num dos seus muitos passes longos, a bola chegou na perfeição a Semedo, que serviu Bruno Fernandes para o 3-0.
Bernardo Silva (8) – Teve de ocupar muitas vezes terrenos mais recuados para procurar espaço e para ter bola. No lance do 1-0, é dele o primeiro disparo, fortíssimo e colocado mas ao poste, seguido de recarga de Rafael Leão. E é também dele a assistência para o 2-0. Sempre influente.
Gonçalo Ramos (7) – Fundamental no desequilíbrio criado no 1-0. Concedeu muitos espaços a Bernardo e Leão por via de boas desmarcações, numa integração na dinâmica de ataque cada vez mais interessante e que contribui sobremaneira para o avolumar dos golos da equipa. E, assim que teve um espacinho, ei-lo a disparar para o 5-0 (61’), mesmo antes de ser substituído. Foi o seu 8.º golo em 11 jogos pela Seleção, num registo goleador impressionante.
Rafael Leão (8) – O mais ativo nos primeiros instantes, uma serpente venenosa num corre-corre ininterrupto entre linhas defensivas e contra-ataques, um problema constante para a defesa sueca. Natural, portanto, que o primeiro golo tenha sido dele, num belíssimo remate em arco (24’). Eis o grande desequilibrador, o melhor Rafael Leão que há muito Martínez desejava ver. E que viu, dando-lhe descanso ao intervalo. Boas notícias, mister, às portas do Euro.
António Silva (6) – Divide com Rúben Dias o desentendimento na marcação a Gyokeres no lance do único golo sueco, nada que, porém, manche a exibição competente e madura que protagonizou na segunda parte, depois de lançado ao intervalo.
Toti Gomes (4) – Já testado a central no Liechtenstein durante o apuramento (com boa nota), teve desta vez oportunidade de se mostrar na lateral esquerda, entrando em jogo após o intervalo. A nota, porém, não foi tão boa… Um erro dele, logo aos 54’, quase resultou no golo sueco, mas Svenberg atirou ao lado, para alívio do defesa português. Pior foi o espaço que deu a Holm, quando este assistiu para o golo de Gyokeres (59’).
Bruma (7) – Que melhor regresso à Seleção poderia desejar o extremo do SC Braga? Entrou ao intervalo e marcou aos 57’ o quarto golo de Portugal.
Jota Silva (6) – Estreia emocionante na Seleção e logo na sua casa, o D. Afonso Henriques em Guimarães, do qual recebeu enorme ovação. E que sonho teria sido se aquele lance pouco após entrar desse mesmo em golo: o extremo disparou na direita, mas Robin Olsen, com defesa apertada, negou-lhe a festa; num momento que se repetiria aos 86’, então pela esquerda. Entrou com tudo, entregando-se com unhas e dentes a todos os lances, procurando conduzir ataques nas duas alas, em alta velocidade e com técnica apurada.
João Neves (6) – Entrou aos 63 minutos e teve logo momento de luxo, não por algo que tenha feito, mas, antes, porque dele se aproximaram Bernardo Silva e Bruno Fernandes para lhe darem indicações, decerto valiosas. Que aproveitou para protagonizar, com personalidade, exibição com intensidade e sem erros.
João Mário (6) – Terceiro jogo pela Seleção. Entrou aos 82’, dando descanso a um muito desgastado Semedo. Belo passe para o que poderia ter sido o golo de Jota Silva (87’).