Polónia-Portugal, 1-3 Martínez começa a entender o que correu mal no Europeu (crónica)

SELEÇÃO12.10.202422:00

Seleção Nacional com boa dinâmica e com mudanças nesta Liga das Nações que começam a dar resultado. Em Varsóvia, só após saídas de Ronaldo e Rafael Leão aos 63', Portugal ficou um pouco mais confuso

Há um pormenor nestes últimos tempos da Seleção Nacional que ganha  importância e peso a cada jogo que passa. Um pormenor que tem feito toda a diferença, com cada vez melhores resultados e que é, nesta Liga das Nações até agora 100 por cento vitoriosa, a principal alteração de Portugal em relação ao Euro-2024.

Um pormenor que se fez notar já nos dois duelos anteriores mas que ganhou particular expressão na primeira parte do Polónia-Portugal deste sábado: a insistência em Pedro Neto na direita do ataque e o recuo e reposicionamento de Bernardo Silva para zonas mais interiores e de maior construção e inteligência.

Naturalmente, como qualquer mudança, também esta está a levar o seu tempo, mas já denota, como mencionávamos, resultados. Há uma maior dinâmica na Seleção Nacional, notória de jogo para jogo, e os primeiros 45 minutos em Varsóvia foram disso demonstrativos: mão cheia de jogadas de perigo, dois golos, o primeiro por Bernardo Silva, aos 26’, assistido por Bruno Fernandes, o segundo por Cristiano Ronaldo, aos 37’, após jogada extraordinária do explosivo Rafael Leão que, após arrancada do meio-campo, atirou ao poste, com CR7 no sítio certo a encostar; e ainda outros dois lances que quase resultaram em cheio (Ronaldo ao poste, aos 11’, e Bruno Fernandes, à beira do intervalo, de livre, a atirar ligeiramente ao lado).

Longe de perfeito, assistiu-se, ainda assim, a um bom jogo parte de Portugal. E, depois do susto vivido na Luz, na ronda anterior, contra a Escócia, com CR7 pela enésima vez a ser decisivo para a vitória (golo aos 88’), eis, enfim, um confronto mais tranquilo, com uma Seleção Nacional mandona, controladora e sem sinais de stress, mesmo quando a Polónia, que, embora muito jovem, não é, sublinhe-se má equipa, pôs em sentido a defesa lusa e, sobretudo, quando, a 12 minutos do fim, ainda reduziu para o 1-2, por Zielinski.

Passemos a um segundo pormenor: Cristiano, obviamente com a ajuda de fieis escudeiros de categoria mundial como Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rafael Leão (que jogão!) e Rúben Dias, continua a ser, aos 39 anos (que serão 40 a 4 de fevereiro próximo) o cavaleiro andante de Portugal, o rei da festa. Onde quer que vá, o capitão de Portugal centra as atenções, sejam portugueses os adeptos, sejam polacos ou de outras nacionalidades. É a loucura em torno de CR7 e, a cada passagem da Seleção Nacional pelo estrangeiro, são centenas, milhares, dos mais jovens aos mais adultos, os que o seguem religiosamente. Depois, seja nos aplausos de quem o adora, seja nos apupos ou de adversários ou de quem não o suporta, resta uma certeza: ninguém lhe fica indiferente. Pudera…

E, aos que dizem que está acabado, que deveria dar o lugar aos mais jovens, Ronaldo responde como melhor sabe: com entrega total, comandando e… com golos. E, em três jogos na Liga das Nações, já soma três, um em cada um, o que faz dele o melhor marcador de Portugal na prova.

Por fim, um terceiro pormenor: Roberto Martínez foi menos conservador do que é habitual. Concedeu a estreia a Renato Veiga na posição de central, tal como A BOLA avançara desde a manhã do jogo, e apostou em Rúben Neves no onze inicial, partindo da excelente forma que o médio do Al Hilal vem demonstrando neste início de época.

Nas restantes posições, pouco ou nada de novo: Dalot é o cativo da direita da defesa, tal como Nuno Mendes é o dono da esquerda; Diogo Costa é incontestável na baliza, a par do que sucede com Rúben Dias, o novo comandante do eixo defensivo; na frente, em Ronaldo não se toca – até porque continua a não haver alternativa tão válida quanto o capitão – nem em Bruno Fernandes e Bernardo Silva; e Pedro Neto e Rafael Leão têm sido trunfos habituais nesta Liga das Nações.

E, a fechar a crónica de Varsóvia, uma derradeira novidade no estilo de Martínez que poderá trazer bons resultados num futuro próximo: o técnico entendeu, finalmente, que mais do que dar 90 minutos num jogo a CR7 e depois deixá-lo no banco no seguinte, a melhor opção, tendo em conta o bom momento do capitão e a apetência pelo golo que demonstra como nenhum outro na equipa (um golo em cada um dos três jogos nesta Liga das Nações), é mesmo fazê-lo jogar uma hora hoje em Varsóvia e, depois, outra, terça-feira em Glasgow.

Isto, não obstante o facto de a qualidade de jogo portuguesa ter caído bastante com as saídas de Ronaldo e Leão aos 63’. Talvez tirar ao mesmo tempo dois dos melhores em campo não seja boa ideia. Contas finais feitas, porém, nova vitória, a terceira em três na Liga das Nações.