Escócia-Portugal, 0-0 Falta de eficácia, João Félix e demasiados cruzamentos: tudo o que disse Roberto Martínez
Selecionador nacional considerou positivo a forma como Portugal lidou com blocos baixos, mas salientou que houve falhas no último terço;
— Seis alterações no onze, início não tão bom como contra a Polónia e depois uma melhoria na segunda parte. O que faltou hoje?
Faltou eficácia no último terço, frescura e eficácia, ao contrário do que aconteceu com a Polónia. Era um jogo perigoso, o segundo seguido fora de casa e em 72 horas e o importante era ter frescura. A Escócia é uma equipa que pode usar ataques muito rápidos para chegar à baliza. É que tivemos energia para defender. Precisámos de frescura para defender. Estivemos bem em manter a baliza a zeros. Tivemos boa atitude, mas faltou o último passe, uma decisão ou outra melhor, mas precisamos de dar crédito à Escócia. O guarda-redes fez uma defesa espetacular e ainda bloqueou cinco remates. Faltou precisão e o último passe para o talento individual.
— Jogo muito diferente do da Polónia. Dá impressão de que Portugal tem dificuldades em ultrapassar equipas com bloco muito baixo… e o que tem a dizer de João Félix?
É normal quando jogamos contra equipas de bloco baixo ter muitos jogadores à frente da baliza, mas o perigoso é sofrer golo. Tivemos bom equilíbrio ofensivo e defendemos rapidamente. Não deixámos que a Escócia tivesse o que estava à procura. Jogamos muitos jogos contra blocos baixos no apuramento. O difícil é penetrar no último terço. Hoje tivemos muitas oportunidades para marcar, lembro-me de pelo menos três. O primeiro golo é sempre importante, contra uma equipa de bloco baixo. Hoje não deu. A equipa manteve-se concentrada, não esteve frustrada. Faltou isso, mas não é uma preocupação para seguir em frente. Quanto a João Félix… temos muito talento no banco e é preciso dar seguimento ao que estamos a fazer em campo e o jogo pedia o Nelson Semedo. Mais, o João não costuma jogar na ala esquerda e poder entrar no meio. Tem muita qualidade para entrar entre as linhas. Um jogador como o João, nas costas da baliza pode virar e criar perigo. Teve boa atitude, mas o tempo foi curto.
— Esperava uma Escócia tão recuada?
Acho que não era o plano, acho que foi a consequência daquilo fizemos no campo da Escócia, tivemos linhas de passe, muitos jogadores com possibilidade de jogar a frente, e acho que aconteceu com a Chéquia. Somos uma equipa, agora, que estamos a mostrar uma boa ligação quando temos bola, e conseguimos utilizar os espaços, e é muito difícil para uma equipa poder ter uma pressão alta. Então acho que foi mais uma consequência do controlo de jogo que nós tivemos, e uma solução dos jogadores ou do jogo e não estratégia do jogador.
— Portugal fez 39 cruzamentos hoje. Foi demais?
Mostra que chegámos ao último terço, mas precisam de ser certeiros. Fizemos muitos no primeiro poste quando tínhamos muito espaço no segundo, porque a Escócia colocava muita gente no primeiro poste. Faltou qualidade no cruzamento. Quando chegas 53 vezes no último terço, é apenas uma estatística. Cada cruzamento é diferente. Procurámos o golo, mas faltou mais um passe, mais uma assistência. Procurar assistência ajuda quando jogas contra blocos baixos e faltou isso. É positivo ter muitos cruzamentos no último terço, mas não foram rápidos também para, caso perdêssemos a bola, não ceder contra-ataque à Escócia. Controlámos o jogo, os contra-ataques e manter a baliza a zero contra uma equipa como a Escócia mostra que tivemos uma boa ideia.
— Depois do jogo vários jogadores portugueses foram mostrar gratidão aos fãs presentes, mas Cristiano Ronaldo foi para o túnel, qual é a explicação?
Não estou a par, não consigo responder. Não vi nada.
— Como vê a nova geração que tem ao dispor de Portugal?
Estou muito entusiasmado com esta nova geração. Tenho mais de 100 jogadores, é muito difícil manter o nível, normalmente usam-se cerca de 15 jogadores. É sinal da grande qualidade que temos, com Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rúben Dias... Há compromisso. Há jogadores como Francisco Conceição a lutar pela posição. Tem de ser o nosso objetivo a renovação da seleção
— Como tem visto as recentes prestações da Escócia?
A Escócia tem jogado muito bem, não é surpresa. Tiveram dois jogos difíceis contra a Polónia e a Croácia, mas estas nações também. A Escócia é uma seleção nacional que mais parece um clube. Sabem a estrutura que têm. São corajosos quando têm de o ser, conseguem sair com ataques rápidos. Têm muita qualidade e isso faz a diferença, e ainda têm muita experiência na Premier League. Balneário muito bom. As coisas têm acontecido não por acaso, mas sim pela qualidade que têm.
— Como reage a uma nova invasão de campo, à procura de Cristiano Ronaldo?
Infelizmente aconteceu muitas vezes. Não foi a primeira vez, também no Euro 204 aconteceu. Já tinha acontecido noutros jogos. Sabemos o que [Cristiano Ronaldo] traz ao jogo, é uma figura icónica, há excitação. Mas se alguém entra em campo é muito perigoso se tiver más intenções.
— O que acha de Thomas Tuchel ser o novo selecionador de Inglaterra?
É oficial? É um ótimo treinador, que conhece muito bem a Premier League. Vai trazer um grande nível a Inglaterra e Southgate também o fez. Se for oficial, ele vai fazer um ótimo trabalho.