Escócia-Portugal, 0-0 Falta de eficácia, João Félix e demasiados cruzamentos: tudo o que disse Roberto Martínez

SELEÇÃO15.10.202423:12

Selecionador nacional considerou positivo a forma como Portugal lidou com blocos baixos, mas salientou que houve falhas no último terço;

Seis alterações no onze, início não tão bom como contra a Polónia e depois uma melhoria na segunda parte. O que faltou hoje?

Faltou eficácia no último terço, frescura e eficácia, ao contrário do que aconteceu com a Polónia. Era um jogo perigoso, o segundo seguido fora de casa e em 72 horas e o importante era ter frescura. A Escócia é uma equipa que pode usar ataques muito rápidos para chegar à baliza. É que tivemos energia para defender. Precisámos de frescura para defender. Estivemos bem em manter a baliza a zeros. Tivemos boa atitude, mas faltou o último passe, uma decisão ou outra melhor, mas precisamos de dar crédito à Escócia. O guarda-redes fez uma defesa espetacular e ainda bloqueou cinco remates. Faltou precisão e o último passe para o talento individual.

 

Jogo muito diferente do da Polónia. Dá impressão de que Portugal tem dificuldades em ultrapassar equipas com bloco muito baixo… e o que tem a dizer de João Félix?

É normal quando jogamos contra equipas de bloco baixo ter muitos jogadores à frente da baliza, mas o perigoso é sofrer golo. Tivemos bom equilíbrio ofensivo e defendemos rapidamente. Não deixámos que a Escócia tivesse o que estava à procura. Jogamos muitos jogos contra blocos baixos no apuramento. O difícil é penetrar no último terço. Hoje tivemos muitas oportunidades para marcar, lembro-me de pelo menos três. O primeiro golo é sempre importante, contra uma equipa de bloco baixo. Hoje não deu. A equipa manteve-se concentrada, não esteve frustrada. Faltou isso, mas não é uma preocupação para seguir em frente. Quanto a João Félix… temos muito talento no banco e é preciso dar seguimento ao que estamos a fazer em campo e o jogo pedia o Nelson Semedo. Mais, o João não costuma jogar na ala esquerda e poder entrar no meio. Tem muita qualidade para entrar entre as linhas. Um jogador como o João, nas costas da baliza pode virar e criar perigo. Teve boa atitude, mas o tempo foi curto.


— Esperava uma Escócia tão recuada?

Acho que não era o plano, acho que foi a consequência daquilo fizemos no campo da Escócia, tivemos linhas de passe, muitos jogadores com possibilidade de jogar a frente, e acho que aconteceu com a Chéquia. Somos uma equipa, agora, que estamos a mostrar uma boa ligação quando temos bola, e conseguimos utilizar os espaços, e é muito difícil para uma equipa poder ter uma pressão alta. Então acho que foi mais uma consequência do controlo de jogo que nós tivemos, e uma solução dos jogadores ou do jogo e não estratégia do jogador.

Portugal fez 39 cruzamentos hoje. Foi demais?

Mostra que chegámos ao último terço, mas precisam de ser certeiros. Fizemos muitos no primeiro poste quando tínhamos muito espaço no segundo, porque a Escócia colocava muita gente no primeiro poste. Faltou qualidade no cruzamento. Quando chegas 53 vezes no último terço, é apenas uma estatística. Cada cruzamento é diferente. Procurámos o golo, mas faltou mais um passe, mais uma assistência. Procurar assistência ajuda quando jogas contra blocos baixos e faltou isso. É positivo ter muitos cruzamentos no último terço, mas não foram rápidos também para, caso perdêssemos a bola, não ceder contra-ataque à Escócia. Controlámos o jogo, os contra-ataques e manter a baliza a zero contra uma equipa como a Escócia mostra que tivemos uma boa ideia.

Depois do jogo vários jogadores portugueses foram mostrar gratidão aos fãs presentes, mas Cristiano Ronaldo foi para o túnel, qual é a explicação?

Não estou a par, não consigo responder. Não vi nada.

 

Como vê a nova geração que tem ao dispor de Portugal?

Estou muito entusiasmado com esta nova geração. Tenho mais de 100 jogadores, é muito difícil manter o nível, normalmente usam-se cerca de 15 jogadores. É sinal da grande qualidade que temos, com Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rúben Dias... Há compromisso. Há jogadores como Francisco Conceição a lutar pela posição. Tem de ser o nosso objetivo a renovação da seleção

 

Como tem visto as recentes prestações da Escócia?

A Escócia tem jogado muito bem, não é surpresa. Tiveram dois jogos difíceis contra a Polónia e a Croácia, mas estas nações também. A Escócia é uma seleção nacional que mais parece um clube. Sabem a estrutura que têm. São corajosos quando têm de o ser, conseguem sair com ataques rápidos. Têm muita qualidade e isso faz a diferença, e ainda têm muita experiência na Premier League. Balneário muito bom. As coisas têm acontecido não por acaso, mas sim pela qualidade que têm.

 

Como reage a uma nova invasão de campo, à procura de Cristiano Ronaldo?

Infelizmente aconteceu muitas vezes. Não foi a primeira vez, também no Euro 204 aconteceu. Já tinha acontecido noutros jogos. Sabemos o que [Cristiano Ronaldo] traz ao jogo, é uma figura icónica, há excitação. Mas se alguém entra em campo é muito perigoso se tiver más intenções.

 

— O que acha de Thomas Tuchel ser o novo selecionador de Inglaterra?

É oficial? É um ótimo treinador, que conhece muito bem a Premier League. Vai trazer um grande nível a Inglaterra e Southgate também o fez. Se for oficial, ele vai fazer um ótimo trabalho.