Do sonho de ser goleador à vontade de ver Pepe continuar: tudo o que disse Diogo Costa

SELEÇÃO24.06.202418:09

Guarda-redes afastou questões sobre o FC Porto e apontou o foco à Seleção; Lembrou defesa de Ricardo, em 2004, sem luvas, e destacou a união e a concorrência saudável na baliza

MARIENFELD – E pensar que Diogo Costa nem sequer queria ir à baliza… «Só pensava em rematar!», confessou numa conferência de imprensa em que o guarda-redes da Seleção Nacional viajou da infância à atualidade em cerca de 15 minutos, para garantir que o ainda seu companheiro no FC Porto, Pepe, «pode continuar ao mais alto nível», que o golo sofrido com a Chéquia «foi frustrante» e que «espera ter aprendido com os erros do Mundial.»

– O Mundial 2022 foi a sua primeira grande prova pela Seleção e na qual, porém, teve momentos não tão bem conseguidos. Sente-se mais seguro e melhor guarda-redes hoje?

– No Mundial, de facto, não estive no meu melhor, sim. Mas espero ter aprendido com todos os erros que cometi no Catar. O que posso garantir é que darei o meu melhor e tudo farei para ajudar a Seleção da melhor maneira.

– Teve até agora pouco trabalho no Euro: com a Turquia fez grande defesa com a ponta do pé. Vai descansar com a Geórgia e dar lugar a outro na baliza?

– Estou preparado para tudo. Trabalho sempre da mesma maneira para ajudar a equipa e representar o que sou e o nosso País.

Diogo Costa admite alguma frustação pelo último Mundial no Catar (MIGUEL NUNES)

– Faz esta segunda-feira 20 anos que Ricardo defendeu um penálti sem luvas no desempate com a Inglaterra nos quartos de final do Euro 2024. Falaram sobre isso? E está preparado para tirar as luvas?

– Não falámos muito sobre isso ainda. É um privilégio ter o Ricardo ao meu lado, estar todos os dias com ele e, em particular, treinar com ele. Gosto e desejo que me passe todos os conselhos para ajudar a equipa. Isso de defender sem luvas… Acho que vou com luvas sempre. Isso fica para o Ricardo [risos].

– Vai ter um novo treinador no FC Porto. O anterior técnico ou o atual o felicitaram?

– Já estava preparado para algo assim. Combinado é focarmo-nos no que importa e peço que não insistiam em perguntas de clube. Importante é ganhar o jogo com a Geórgia.

– Famílias estiveram por cá. Quem veio, como foi e deram motivação acrescida?

– Estar com familia é sempre muito bom. Ajuda a aliviar um pouco o contexto de cá, de trabalho e pressão dos jogos. È o suporte de nós todos. É uma felicidade poder receber familiares e dá motivação para o resto do Campeonato.

Diogo Costa falou de RIcardo, treinador de guarda-redes, lembrando defesa sem luvas em 2004 (IMAGO)

– Há muitos colegas ainda por estrear, caso de Rui Patrício, mas há outros. Como é que um jogador lida com esse tipo de frustração?

– Há amizade aqui. Cada um tem ambição de jogar e dar contributo, mas o respeito está sempre presente. O que queremos é que a Seleão ganhe sempre. A amizade é sólida e vai dar-nos muitas forças para o resto do Euro.

– Roberto Martínez anunciou, antes da Chéquia, quem era o guarda-redes, dizendo que o faz mais cedo que os restantes. Já disse quem vai jogar?

– Obviamente já admitiu que eu seria o número 1. O respeito pelo Sá e pelo Rui é enorme, estou sempre a representá-los dentro do campo. Ainda não disse mas o que mais importa é que a Seleção ganhe.

Pepe fez grande exibição, foi muito ovacionado quando saiu, acredita que ainda pode jogar além deste Europeu?

– Deu mais do que provas de que consegue continuar e ao mais alto nível.

Diogo Costa deverá ceder o seu lugar a José Sá ou Rui Patrício diante da Geórgia (MIGUEL NUNES)

– O que tem achado da equipa a defender, tendo em conta que não tem feito muitas defesas nestes primeiros jogos?

– A equipa é muito sólida defensivamente. A equipa está muito unida e isso é um dos principais motivos para a bola chegar pouco a nossa área. O mister realça a atitude e esses momentos defensivos raros são a prova de grande união para que a bola não chegue à baliza.

– Como sentiu o golo com a Chéquia, dado que esteve como espetador e no primeiro remate sofreu um golo…

– Foi um pouco frustrante. Tratou-se de um jogo todo sem uma intervenção clara para a equipa, Também é bom sinal: cabia-me tentar defender aquela bola. Mas é bom sinal que chegue poucas vezes. Atitude e união estão cá.

– Não fala sobre o FC Porto, mas talvez sobre o Pinheirinhos de Ringe, o clube onde tudo começou para si. Consta que na altura odiava ir para a baliza…

– Nos momentos antes dos jogos a nossa motivação passa muito por recordar o trajeto que nos trouxe até aqui. Tenho muito orgulho em ter começado no Pinheirinhos, perto de casa e é um privilégio representá-los hoje a este nível. Espero continuar a representar bem. Sim, admito que na altura eu não pensava muito na baliza, gostava era de rematar à baliza adversárias. Mas houve um momento em que tive de decidir uma posição. Fui para a baliza, correu bem e fui ficando.

– Foi campeão Europeu de Sub-17 e Sub-19. Já planeou como será o dia de festa? Como sonha com isso?

- Representar a Seleção é o topo dos topos. Idealizo uma grande loucura, uma grande alegria, algo inesquecível que podemos ter. Preocupa-nos ganhar à Geórgia e ajudar Portugal a vencer.

– Invasões de campo são preocupação?

– Para os adeptos é momento que ambicionam muito, mas é uma situação chata para nós e para os adversários. Preocupa-nos, já há comunicada e que melhore nos próximos jogos para que o futebol seja mais rico.

– Falou-se em várias ocasiões de ser o guardião mais valioso do Mundo. Já olham para si como posição de respeito e sente que já mete medo aos adversários?

– Não reparo nisso. Quero é deixar a baliza a zeros. Vou tentar fazer-me notar mas o foco não é esse: é ganhar pela Seleção.