Das baixas na defesa ao problema crónico na frente: tudo o que disse Roberto Martínez

SELEÇÃO08.11.202415:10

Selecionador nacional comentou as suas escolhas para o duplo compromisso frente a Polónia e Croácia, que finalizará a fase de grupos da Liga das Nações; necessita de apenas um ponto para a passagem à fase seguinte, mas estima conseguir «os seis pontos» e «crescer»

O empate garante o apuramento para a fase final. Como antevê esta dupla jornada e porquê a chamada de 26 jogadores?

Primeiro, há que continuar com o trabalho que começámos na
Liga das Nações, os estágios de setembro e outubro tiveram o objetivo de fazer um grupo maior e ter 26 jogadores ajudará agora a gerir este período que é difícil para gerir sobrecargas e esforços. É importante continuar nessa forma. Preparamos os jogos para ganhar, não só para tentar fazer o empate e apurarmo-nos. A ideia é ganhar, conquistarmos os seis pontos em disputa e crescer. Vimos que contra a Polónia tivemos um desempenho de muita maturidade e queremos continuar.

Quais os critérios para as chamadas de jogadores como Tiago Djaló ou Nuno Tavares?

O importante é que temos três regressos, quer dizer que o grupo é maior e temos mais de 26 jogadores. O
Tiago Djaló é um central muito interessante, acompanhámo-lo no Lille, teve a sua lesão, mas tem fisicalidade, pode ser muito importante. Abrem-se oportunidades. Os problemas do Inácio, a lesão de Rúben Dias, são um desafio para nós, perdemos 200 internacionalizações nos últimos meses também com a saída de Pepe. É um desafio interessante para nós. O Renato Veiga já esteve aqui, Tomás Araújo também, agora é uma boa oportunidade para jogadores novos. O Nuno Tavares é fácil perceber, tem uma fisicalidade e condições especiais, teve um começo de época espetacular, é um jogador muito interessante para a seleção.

António Silva e João Félix perderam espaço nas suas equipas, mas mantêm-se na convocatória. Que papel têm na equipa?

Os jogadores no seu caminho têm momentos bons, difíceis…o importante é o compromisso e a atitude que têm quando estão na seleção. O
António Silva teve sempre desempenhos de alto nível em todos os jogos e faz parte, poder crescer e sentir o seu papel. O João Félix é um jogador com uma qualidade incrível, temos muitos jogadores mas gosto muito da sua qualidade entrelinhas e é um jogador diferente, de que precisamos em alguns jogos.

Falou das lesões de Gonçalo Inácio e Ruben Dias. Porque convoca cinco laterais ao invés de convocar outro central, como Diogo Leite?

O motivo é claro, estamos a falar de jogadores polivalentes. Temos
Nuno Mendes e Dalot, que podem jogar a lateral mas também como centrais e com este número de jogadores, frente a equipas com linhas defensivas de cinco unidades, precisamos de jogadores que joguem por fora, mas também com valências diferentes. Jogadores como o Tiago Djaló podem ser importantes para o futuro e é importante começar agora a preparar a substituição ao que o Rúben Dias tem estado a fazer, prestações incríveis. Gostamos deste desafio.

Rúben Dias é o jogador mais utilizado por si desde a sua chegada. Ficou preocupado na altura? Ponderou fazer regressar Toti Gomes à convocatória?

Acho que uma equipa precisa de estar preparar para os adversários e isso faz parte do futebol. O Ruben é um jogador muito importante para nós, é liderança e comunicação, um treinador no relvado e um jogador-chave para nós, ajuda os jovens e controla bem a linha defensiva. Há jogadores novos e um desafio para todos, de termos capacidade de ganhar jogos sem o Rúben. Há que agradecer o seu desempenho pela seleção e vencer este desafio, todos juntos.

O Toti é um jogador que acompanhamos, gostamos muito dele, mas o começo de época do Renato Veiga ficou à frente do Toti. Gosto de ter honestidade, temos informação e é o futebol que dá oportunidade aos jogadores, que precisam de estar preparados para quando a oportunidade chegar. Esperamos que no futuro o Toti bata à porta.

Já tinha referido que dois jogadores para a posição de ponta-de-lança lhe parecia suficiente, com Diogo Jota a juntar-se a Cristiano Ronaldo. Dentro das opões que tem e sem Jota, quem pode concorrer com Cristiano?

Temos muito bons atacantes, mas precisamos de jogadores que possam chegar à área e ter oportunidades. O
Cristiano é o único ponta-de-lança, mas Pedro Neto e João Félix já o fizeram. Há muita competitividade entre os atacantes e com a qualidade de jogadores de ataque, não há muita preocupação. Há equilíbrio no último terço e jogadores na segunda linha com muita facilidade.

Refere a importância dos atacantes mais móveis, mas ponderou em algum momento trazer um jogador com perfil de referência, mais próximo das características de Cristiano Ronaldo? Existem jogadores fora destes eleitos que possam atuar nesta posição?

É uma boa questão, porque um desafio do futebol português, na nossa formação, é o ponta-de-lança. Acho que é um perfil de jogador que não é fácil de encontrar. A nossa decisão foi procurar soluções dentro dos jogadores de ataque que temos na seleção, mas com certeza.

Há jogadores como o Fábio Silva, de quem já falei e estou a gostar muito do seu percurso ou o Tiago Tomás, que é um jogador diferente mas também um atacante que está a crescer muito. Mas nós temos atacantes e esta é uma boa oportunidade para mostrar que podemos marcar golos e finalizar com a nossa chegada ao último terço.

Como vê a mudança de Rúben Amorim para o Manchester United? É uma boa noticia para Bruno Fernandes, que não tem estado na sua melhor fase?

Só tenho de desejar-lhe os maiores sucessos a nível pessoal e profissional nesta nova etapa. É um patamar diferente, conheço a liga muito bem e acho que o seu sucesso é o sucesso do futebol português. O Bruno é um jogador experiente, tem muita responsabilidade, acontecem situações em que os desempenhos são melhores ou piores, faz parte.

Na última convocatória, chamou Samu Costa e disse que Daniel Bragança estava à porta da Seleção. Nesta convocatória não viu necessidade de ter um médio esquerdino nos eleitos?

Já falei com o
Samu, gostei muito do seu perfil, de pé canhoto e é um jogador de futuro e presente. Está fora destes 26, porque temos mais. A aposta é em jogadores de ataque e a aposta será em jogadores como o Matheus Nunes, o Pedro Gonçalves ou o Otávio, é um estágio para eles, que mostre o momento de forma dos nossos jogadores, com o momento de forma do Palhinha, a polivalência do Renato Veiga, não precisamos de ter o Samu neste estágio, mas é um jogador muito interessante para o futuro da seleção.

Portugal teve nesta Liga das Nações um sorteio simpático e está perto de se qualificar para a fase final da prova. Sente a equipa preparada para a fase final? Se o apuramento já estivesse consumado a convocatória poderia ter sido diferente?

Não concordo com sorteios simpáticos, há desempenhos profissionais e jogos bem preparados. Fomos muito objetivos e tivemos muita qualidade. Queremos ganhar e apurar-nos e o foco está em crescer. Após o Europeu nós crescemos, temos mais experiência e estamos a abrir competitividade em todas as posições, continuamos a trabalhar. Queremos melhorar no último terço e estamos a jogar muito bem entre as áreas. Este estágio de novembro é essencial.